Capítulo 17 - O "retorno" de Elizabeth

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Enquanto Sofia e Vera davam conta do almoço, Elizabeth se concentrava nas fotografias de nosso casamento, com a "camareira" informando à rainha quem era quem nas imagens. Sofia, que se ofereceu para ajudar na cozinha, foi docemente impedida pela filha, que lhe disse:

No, hazle compañía a papi.

— Está bien, mi princesa...

Sofia mirou-me e sorriu, caminhando até mim.

¿Quieres mi compañia?

Si quiero, pero no hablo español — respondi.

Está bien.

Olhei para Elizabeth e falei estar indo para a sala. Ela "permitiu" que fosse sem sua presença, já que Aninha estava lhe contando sobre os demais membros da família. Então, eu e Sofia fomos para a sala grande, onde ficavam as cadeiras altas. Antes de sentarmos no "banco das damas", olhei para o telefone do local.

Ali, senti que deveria convidar alguém para o almoço. Passava pouco das 10 horas, então, me permiti fazer uma chamada.

— Sofia, com licença, preciso convidar alguém para o almoço.

— Amanda?

— Boa ideia, mas não é ela. Sinto falta de William e gostaria que ele estivesse aqui.

— Chame-o, será bom para ele.

Liguei para a casa dos avós do rapaz, onde residia naquele momento. Embora a Covid-19 tivesse arrefecido naquela época, os cuidados continuavam e a contaminação era presente em qualquer lugar. Ainda assim, ele concordou, mesmo sendo mais um risco.

Contudo, voltara aos treinos com Fabinho e seus avós conviviam com ele protegidos por máscaras. Essa situação de Will me preocupava devido à idade deles. Com apenas 15 anos, como o primo, o loirinho não podia morar sozinho. Quando os treinos retomaram, conversei com Beth sobre o assunto.

Ela aceitou que ele morasse no Castelo Inglês, mas o rapaz preferiu manter-se com os avós, que estavam enclausurados e precisavam dele. Era um risco, realmente, mas não havia como mudar seu pensamento. Após ligar para o jovem, a ideia de Sofia formou-se em mim.

Olhei-a, ainda sentada no banco das "damas". Pendurado naquele telefone dos anos 90, ainda com fio, que ficava junto à grande coluna frontal da casa, liguei para Amanda.

Ela atendeu e lhe convidei para almoçar conosco, mas sem dizer quem estaria presente. Aceitando prontamente, minha ex-mulher era mais uma à mesa grande, que mirei com suas oito cadeiras e comemorei. Sim, havia um lugar para cada um.

Ao sentar ao lado de Sofia, esta comentou, olhando para o alto da vidraça:

— Nunca estive nesse lugar da casa. Aqui é tão diferente...

— É... Essa casa tem muita história, especialmente daquela época...

— Era para cá que você vinha quando estava com ela?

— Sim, foi aqui que conheci a Kelly e onde também tomei um sermão de Ana Maria.

Curiosa, Sofia indagou:

— O que você fez?

— Não posso dizer, mas não tem a ver com você. Naquela época, a "casualidade" de nossos encontros não chegou até esta casa. Mas, foi daqui que saí para ir à Santa Casa...

— Tão cedo? Então você dormiu aqui...

Sorri, pois, foi uma noite com misto de felicidade e temor. Uma noite singular... [Nota do autor: mais informações em O eu ela viu em mim? Volume 1]

O que ela viu em mim? - Volume 3Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt