Enquanto Sofia e Vera davam conta do almoço, Elizabeth se concentrava nas fotografias de nosso casamento, com a "camareira" informando à rainha quem era quem nas imagens. Sofia, que se ofereceu para ajudar na cozinha, foi docemente impedida pela filha, que lhe disse:
— No, hazle compañía a papi.
— Está bien, mi princesa...
Sofia mirou-me e sorriu, caminhando até mim.
— ¿Quieres mi compañia?
— Si quiero, pero no hablo español — respondi.
— Está bien.
Olhei para Elizabeth e falei estar indo para a sala. Ela "permitiu" que fosse sem sua presença, já que Aninha estava lhe contando sobre os demais membros da família. Então, eu e Sofia fomos para a sala grande, onde ficavam as cadeiras altas. Antes de sentarmos no "banco das damas", olhei para o telefone do local.
Ali, senti que deveria convidar alguém para o almoço. Passava pouco das 10 horas, então, me permiti fazer uma chamada.
— Sofia, com licença, preciso convidar alguém para o almoço.
— Amanda?
— Boa ideia, mas não é ela. Sinto falta de William e gostaria que ele estivesse aqui.
— Chame-o, será bom para ele.
Liguei para a casa dos avós do rapaz, onde residia naquele momento. Embora a Covid-19 tivesse arrefecido naquela época, os cuidados continuavam e a contaminação era presente em qualquer lugar. Ainda assim, ele concordou, mesmo sendo mais um risco.
Contudo, voltara aos treinos com Fabinho e seus avós conviviam com ele protegidos por máscaras. Essa situação de Will me preocupava devido à idade deles. Com apenas 15 anos, como o primo, o loirinho não podia morar sozinho. Quando os treinos retomaram, conversei com Beth sobre o assunto.
Ela aceitou que ele morasse no Castelo Inglês, mas o rapaz preferiu manter-se com os avós, que estavam enclausurados e precisavam dele. Era um risco, realmente, mas não havia como mudar seu pensamento. Após ligar para o jovem, a ideia de Sofia formou-se em mim.
Olhei-a, ainda sentada no banco das "damas". Pendurado naquele telefone dos anos 90, ainda com fio, que ficava junto à grande coluna frontal da casa, liguei para Amanda.
Ela atendeu e lhe convidei para almoçar conosco, mas sem dizer quem estaria presente. Aceitando prontamente, minha ex-mulher era mais uma à mesa grande, que mirei com suas oito cadeiras e comemorei. Sim, havia um lugar para cada um.
Ao sentar ao lado de Sofia, esta comentou, olhando para o alto da vidraça:
— Nunca estive nesse lugar da casa. Aqui é tão diferente...
— É... Essa casa tem muita história, especialmente daquela época...
— Era para cá que você vinha quando estava com ela?
— Sim, foi aqui que conheci a Kelly e onde também tomei um sermão de Ana Maria.
Curiosa, Sofia indagou:
— O que você fez?
— Não posso dizer, mas não tem a ver com você. Naquela época, a "casualidade" de nossos encontros não chegou até esta casa. Mas, foi daqui que saí para ir à Santa Casa...
— Tão cedo? Então você dormiu aqui...
Sorri, pois, foi uma noite com misto de felicidade e temor. Uma noite singular... [Nota do autor: mais informações em O eu ela viu em mim? Volume 1]
DU LIEST GERADE
O que ela viu em mim? - Volume 3
RomantikJá se passaram 17 anos desde que Reginaldo e Elizabeth trocaram olhares no trólebus da Linha 20, em Santos. Punido pela traição, ele aprendeu que mesmo na dor, um amor verdadeiro pode lhe salvar a vida. Ela, que a raiva e o rancor apenas a fizeram p...