Capítulo 23 - O retorno de Pandora

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Ao chegarmos à sala, Sofia se distanciou e Beth se aproximou, indagando:

— Conversou com ela sobre aquele assunto?

— Sim, mas não evoluiu muito. Pelo menos agora ela sabe um pouco mais da filha...

Observando Sofia ir de encontro à Susana, Elizabeth me alertou.

— Regi, e se ela resolver tirar a história a limpo aqui em casa?

— Não, ela disse que depois conversaremos melhor sobre o assunto, mas falei até do Will.

— Ela disse o quê?

— Ficou perplexa... Mas, Susana é uma menina de personalidade e tirá-lo da mente dela e, de seu coração, será difícil.

— Sei como é...

— Sabe?

— Sim. Sei o que é desejar ter quem se ama, mas não poder. Vivi assim por seis anos...

Os olhos dela brilharam e percebi um súbito aumento de minha temperatura corporal. Encarar Beth nessa situação me carregaria para as águas do coração, mas eu estava em uma festa. Teria tempo mais tarde para se emocionar com meu amor e, para nosso bem, Aninha se apresentou.

— Papai, quando vamos cantar "parabéns"?

— Oi, minha lindinha! Daqui a pouco, tá?

— Tá bom! Não vejo a hora!

Mirando na mãe, a pequena perguntou em inglês.

Mom, if the candle doesn't go out, help me, okay?

Yes my darling.

Beth afagou a pequena de sete anos, que então correu na direção dos avós. Minha loira mirou-me e disse mais:

— Escute, tem uma coisa. Amanda está incomodada com alguém e penso ser Sofia. Depois, conversa com ela, ok?

— Pode deixar amor, vou fazer isso agora.

Aproveitei que minha mãe deixara Amanda a sós e aproximei-me da morena. Sentada no canto do sofá maior e com um copo de refrigerante na mão, a mãe de Fabinho tinha um sorriso carinhoso no rosto, mas seus olhos diziam outra coisa.

— Oi, Amanda, como você está?

— Estou indo, Regi...

— Algo te incomoda, o que é?

Tentando disfarçar, a bonita dos cabelos castanhos mirou no copo, mas conjecturando algo.

— Diga — insisti.

— Não sei, mas estou sentindo um vazio... Como se eu não me encaixasse em nada, nem na vida do Fábio.

Toquei-lhe o braço e disse:

— Mandinha, não fique assim. Estamos vivendo um período difícil e as perdas que tivemos nos afetou muito, mas vamos superar.

— Sim, eu sei, mas já venho dessa forma há algum tempo.

Ela arfou e pareceu desanimada.

— Olhe, não é por você, Beth ou mesmo Fabinho. Sinto-me cansada. Queria ter um propósito na vida, mas não tenho.

Tentei animá-la, pois, vê-la daquele jeito me entristecia.

— Você terá meu bem. Olhe só a carreira que nosso filho conquistará. Nem sempre poderei estar com ele, mas você vai.

— Regi, não posso viver em função de nosso filho. Ele precisará de mim, realmente, e ficarei ao lado dele. Espero que você faça o mesmo, mas também preciso de minha vida.

O que ela viu em mim? - Volume 3Where stories live. Discover now