Nos dias seguintes, o celular de Elizabeth ganhara vida novamente e nele havia centenas de mensagens que mandei em meus dias de solidão. Quando meu coração apertava e minhas lágrimas caíam, eu dizia a ela o quanto a amava e pedia que voltasse logo.
Sem o tubo, na sexta-feira, dia 24, Beth ainda não podia falar normalmente, mas foi às 20:11h desse mesmo dia que eu ouvi um audível "eu te amo". Nem é preciso dizer que a primeira coisa que ela conseguiu falar, entrou em meu coração com a força de seu amor.
Como chorei naquela sexta-feira... No vídeo, Beth disse:
— Não chore...
Não dava! Era muita saudade! Era um vazio que existia dentro de mim e eu clamava por ela... Fiquei muito emocionado e Susana assumiu o aparelho, mantendo Aninha ao lado. Minha pequena, dessa vez, chorou quando a mãe falou:
— Te amo princesinha...
— Mamãe... — respondeu, chorando copiosamente.
Olhando por sobre o aparelho, Susana tinha os olhos avermelhados de tanto chorar, mas buscava ver meu estado. Vendo-a assim, recuperei-me — quer dizer, tentei — e voltei ao vídeo. Com sorriso no rosto pálido e os verdes olhos inundados de emoção, o amor de minha vida disse-me:
— Quero que fique bem, viu?
— Ficarei, meu amor, ficarei.
— É isso que quero...
Ainda com dificuldade, Elizabeth disse à Susana.
— Princesa, eu te amo...
— Eu também, Beth. Minha "Queen Elizabeth"! — exclamou emocionada.
— Sua mãe, não vai gostar... — respondeu, com dificuldade, a madrasta.
Beth havia reduzido seu sorriso ao dizer, o que minha filha rapidamente tratou em tranquilizá-la.
— Beth, tudo bem. Minha mãe tem o reino dela e eu sou princesa lá também.
Susana sorriu ao observar a reação de Beth, onde podíamos ver seus dentes novamente. Então, minha rainha pediu a presença de sua pequenina.
— Lady Anne-Marie? — indagou em inglês.
Nunca Elizabeth chamou Aninha assim e eu fiquei surpreso. Então, minha pequena se aproximou da tela.
— My princess, behave yourself and take care of daddy for me.
— Yes mom, i take care...
— Love...
Ainda que em inglês, foi a conversa mais apaixonante dessa videochamada. Elizabeth e Ana Maria muitas vezes conversavam em inglês, sendo quase como uma forma de passar a tradição de sua família para a pequena.
Exausta pelo esforço, minha loira não queria encerrar aquela transmissão, mas era preciso. Estava debilitada pelo processo doloroso e traumático da respiração artificial na UTI. Ali, eu já imaginava que teria muito trabalho com ela adiante...
Depois da ligação, comentei isso com Susana.
— Minha filha, penso que terá de ficar mais tempo aqui em casa.
— Por quê?
— Eu não tinha me dado conta de que o tempo de recuperação de quem sai da UTI é longo, mas espero que não seja com Beth.
— Pai, eu já disse. Não se preocupe com isso. Ficarei aqui cuidando de Elizabeth até ela assumir o seu reino. Fabinho pode ajudar se quiser e olhe — fez uma pausa — até Amanda também...
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O que ela viu em mim? - Volume 3
RomanceJá se passaram 17 anos desde que Reginaldo e Elizabeth trocaram olhares no trólebus da Linha 20, em Santos. Punido pela traição, ele aprendeu que mesmo na dor, um amor verdadeiro pode lhe salvar a vida. Ela, que a raiva e o rancor apenas a fizeram p...