Capítulo 12 - Eu não lembro

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Quando adormeci nos braços de Beth, imaginei que as coisas seguiriam um novo curso, mas bom para nós. Seria duro, eu imaginei, mas isso faz parte da vida e atravessar momentos delicados ao lado dela seria mais uma prova de amor.

Contudo, eu não estava preparado para o que viria. Livre da Covid-19, Elizabeth só teria uma longa e dura recuperação pela frente, de modo a logo voltar à normalidade e reassumir a presidência da construtora. Mas, as coisas ficaram estranhas inicialmente...

Já havia escurecido quando abri os olhos e vi as luzes da rua entrarem pela janela. Com a mão direita, virei e busquei por Beth, sentindo inicialmente seu peito e então, ao virar a cabeça, peguei-a olhando fixamente para mim.

Confesso, senti um arrepio diante de seu semblante sem expressão. Frisando o olhar, perguntei:

— Beth, tudo bem?

Mantendo seu olhar em mim, ela não respondeu. Isso me alarmou e imediatamente me ergui, acompanhado por seus olhos verdes.

— Amor, algum problema?

— Não sei...

— Como não sabe?

O silêncio de Elizabeth começou a criar em mim uma tensão, que só aumentava ao passo que ela parecia anormal.

— Elizabeth, o que sente?

Minha esposa virou o rosto na direção oposta, não querendo me encarar. Apreensivo, levantei e dei a volta na cama, ajoelhando-se do outro lado. O olhar perdido de Beth me preocupou ainda mais.

— O que foi? — insisti.

— Eu não lembro...

— De quê?

— De nada...

— Não entendi amor.

Buscando lembrar-se de algo, Elizabeth disse:

— Como cheguei aqui?

— Eu te trouxe no colo, lembra?

— Por quê?

— Amor, você ainda está fraca, né?

— Fraca?

Beth tentou erguer-se, mas não conseguiu, então, ajudei-a a ficar sentada. Puxei seu corpo para junto de dois travesseiros, que coloquei em posição vertical.

— Obrigada.

— Como se sente?

— Como você me disse, fraca...

— Do que tu lembras meu amor?

Contraindo a boca e erguendo as sobrancelhas, Beth balançou a cabeça em negação.

— Nada? Nem do hospital?

Surpresa, perguntou:

— Estive em um?

— Sim, querida, você teve Covid-19.

— Meu Deus...

— Calma, meu amor. Vou ajudá-la no que precisar, viu?

— Tá bom.

Levantei e peguei uma garrafa de água ao lado da cama, enchendo o copo e lhe ofereci. Beth tomou lentamente, ainda sentindo as lesões causadas pelo tubo.

— Obrigada novamente.

— Quer um chá?

— Aceito.

O que ela viu em mim? - Volume 3Where stories live. Discover now