A felicidade em meu rosto era tal, que Elizabeth curvou-se e beijou minha boca, derramando mais lágrimas. Sua emoção vinha do fato de estar se recordando do passado e isso era algo estranhamente intrigante, afinal, ela sabia que havia se esquecido.
Após um abraço apertado, olhei para a porta e vi Susana em pé, com cabeça colada ao batente da porta. Seu olhar carinhoso não escondia que a emoção tomara conta dela também, naqueles instantes em que eu e Beth mergulhávamos no passado.
Ela sorriu e fez sinal com a mão, indicando para sairmos daquele escritório. Assim o fizemos, comigo a empurrar a cadeira de Elizabeth. Não dissemos mais nada mutualmente, apenas nos entreolhamos antes de deixar aquele lugar especial.
Quando chegamos à sala da lareira, vimos Amanda sentada no sofá, com Aninha ao lado. Na poltrona favorita de Joseph, Sofia me encarava com expectativa.
Era estranho ver minha ex-mulher ao lado, não dando conta da gravidade de Beth, enquanto a mãe de Susana parecia tão mais ligada a nós naquele momento. Amanda olhou-nos com certa preocupação e cumprimentou:
— Olá, como vocês estão?
— Estou bem melhor agora, não é Elizabeth?
Num sorriso de cumplicidade que incomodou Amanda, minha amada respondeu:
— Por certo, sim, meu amor. Eu mesma tive que voltar no tempo para poder estar bem, agora.
— Você consegue lembrar de algo? — questionou Sofia.
A morena de olhos castanhos mirou nela com surpresa. Enquanto Beth confirmava, olhei para Susana, que parecia animada diante da "vantagem" da mãe sobre o assunto. Isso me incomodou, pois, apesar de meus esforços, a adolescente ainda era ciumenta como antes.
Contudo, Amanda se tornou minha preocupação ali e rapidamente intervi.
— Amanda, não consegui falar contigo de manhã. Quando a convidei para o almoço, resolvi não preocupá-la com o problema de Beth. Você já sabe né?
Visivelmente aborrecida, Amanda protestou delicadamente...
— Faz cinco minutos que cheguei e só fiquei sabendo por que Aninha me falou. Bem que podia ter me contado ao telefone, né?
Aproximei-me dela, já virada no sofá e encarando Beth. Ela me olhou e então falei:
— Desculpe...
Com semblante sério, mirou em Beth e perguntou:
— Elizabeth, logo você se recordará de tudo, confie.
— Obrigada Amanda — respondeu e sorriu.
Voltando-me, falou:
— Está desculpado Reginaldo. Ah! Onde está meu filho?
— No quarto dele com William.
— Ok, vou lá dar um abraço nele.
Rapidamente Amanda levantou-se do sofá e foi em direção ao piso superior. Seu rosto ainda refletia a decepção de ser a última, a saber. Para piorar, na breve conversa de Beth com Sofia, vira que a morena visou ajudar a loira antes de sua chegada. Isso a fez perceber imediatamente que quem incentivara fora eu...
Pedir ajuda de Sofia e não de minha ex-mulher, seria considerado traição por parte de Amanda. Quando a vi se retirar da sala, sabia que ela pensara dessa forma. Olhei para Beth que confirmou também sua preocupação com a mãe de Fábio.
Mais uma vez, era necessária uma intervenção e, naturalmente, isso partiria de mim. Ao ver Susana sentar no colo de Sofia e Aninha se acomodar precariamente ao lado da mãe, busquei rapidamente a escada, mas sem antes ser fuzilado pelo olhar de minha filha.
YOU ARE READING
O que ela viu em mim? - Volume 3
RomanceJá se passaram 17 anos desde que Reginaldo e Elizabeth trocaram olhares no trólebus da Linha 20, em Santos. Punido pela traição, ele aprendeu que mesmo na dor, um amor verdadeiro pode lhe salvar a vida. Ela, que a raiva e o rancor apenas a fizeram p...