Cap.43 - Tragados pelas chamas

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Lyrian e o rei descreviam no chão da prisão os passos de uma dança perigosa. À luz das chamas, os dois oponentes se encaravam e lentamente circulavam procurando um no outro uma falha da defesa que pudessem usar para atacar.

A princesa estava ferida e a espada pesava em seu braço. O rei também havia tido a mão ferida, mas ainda empunhava sua espada ferozmente.

Nos olhos do monarca, havia ódio. Não um rancor remanescente de alguma contenda, mas um ódio genuíno, palpável. Era como se as centelhas das chamas formassem a própria íris de Domenicus.

–Desista, garotinha. Desista que eu te deixo sair daqui viva - o rei pronunciou solene - não quero dar ao seu pai o desgosto de ter duas filhas queimadas na fogueira.

–Ainda que eu morra pela sua espada, nunca vou deixar minha irmã aqui - a princesa avançou rapidamente contra o rei, que foi atingido de raspão no antebraço.

O som das espadas se chocando era duro e contínuo, e o calor das chamas aumentava de maneira brutal.

Quando alguns troncos rolaram em chamas em direção aos dois, Lyrian se distraiu por um momento, e o rei rapidamente a desarmou, lançando sua espada em meio às chamas.

Lyrian se viu desarmada, e rapidamente sacou seu punhal brilhante, presente de James.

–Muito engraçado você tentar me ameaçar com um simples punhal - o rei falou sarcástico - ainda mais engraçado esse ser o punhal que presenteei Irina quando éramos jovens. Essa pedra central que incrusta o cabo era do anel de casamento de minha mãe.

Lyrian olhou rapidamente o punhal, ainda que não baixasse a guarda.

–James é genial - o rei falava sorrindo, enquanto procurava uma brecha na defesa de Lyrian, ou simplesmente a provocava prazerosamente, sabendo que os ataques não poderiam ser retidos pela arma tão inofensiva - enganou a todos nós, e ainda vai roubar a noiva do irmão.

–Aposto que ele planeja um grande retorno para levar a amada para longe - o rei pareceu ponderar por um momento - ou talvez até para reinvidicar o lugar dele por direito ao trono hahahahaha. Isso seria fantástico! Imaginem: o filho bastardo retorna ao palácio e reinvidica a coroa. Eu como um pai amoroso, não posso incentivar a briga entre os herdeiros, mas se ele reinvidicar o amor da mulher que deve ser a próxima rainha da Bessarábia por direito, a briga passa a ser pelos motivos corretos, os motivos do coração...

–Muito inteligente meu filho...

Lyrian se sentia enojada cada vez que o rei se referia a James como seu filho. Era como se ele falasse de outra pessoa, não do homem que ela amava.

–James não se parece em nada com você - Lyrian cuspia as palavras - ele jamais faria algo contra o irmão, nem deseja o trono, apesar de ser herdeiro por direito. Somente uma mente suja como a sua poderia supor que James faria algo assim.

–Será mesmo, garotinha? - o rei riu amargamente - James é o meu filho mais amado, e também, o mais inteligente. Apesar de que eu odiaria que ele tomasse o poder assim, com um golpe de estado, eu seria muito feliz em deixar para ele o trono da Bessarábia.

—Não use os seus lábios nojentos para falar sobre amor e sobre James na mesma frase – Lyrian arguiu – as marcas da violência com que você tratou seu suposto filho mais amado não mentem quando provam que você é incapaz de amar mesmo alguém que seja sangue do seu sangue.

O rei recuou por um momento, quase num lapso de sanidade.

—Eu apenas o estava educando – o rei explicou, sem baixar a guarda – assim como fui educado, e antes de mim, como meu pai foi educado também.

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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