Verdade, ou Desafio?

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Alice:
A diferença de idade de mim para Luigi era de apenas um ano, e alguns meses.
Mas,isso não fazia de mim ser uma irmã mais velha e respeitada por ele.

Conforme fomos crescendo, ele foi ficando competitivo, e queria me desafiar a fazer coisas sem noção a todo instante,e caso eu não aceitasse, ele ficaria me importunando até eu ficar de saco cheio, dar uns tabefes nele, e levar bronca do papai por bater no meu irmão mais novo.

Ou seja, de qualquer forma, aceitando ou não os desafios idiotas dele, eu sairia na desvantagem.
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Certo dia, quando eu tinha 13 anos, e ele 12 ...

- Te desafio, á brincar de verdade ou desafio! - Luigi disse rindo,sentado no carpete, com uma garrafa de refrigerante vazia.

Revirei os olhos.

- Pára de ser infantil garoto! - Bufei.

- Eu sei que você morre de medo de mim,mesmo! Garota medrosa - Ele disse sarcástico.

- Ai! Que raiva que eu tenho de você, garoto! - Bufei, sentando no carpete de frente para ele.

Ele girou a garrafa,e foi direto em mim.

- Verdade, ou desafio? - Perguntou com um sorriso cínico no rosto. - Lembrando que, os meus desafios são bem pesados para uma garota da sua idade. - Torceu a cara.

- Verdade, imbecil! - Falei sem emoção.

- De quem você gosta? - Perguntou rindo.

- Quê? Tá louco, menino? Eu não vou falar para você quem eu gosto! - Virei a cara.

- Se não falar, vai ter que se declarar para ele na frente de todo mundo na escola! - Gargalhou.

- Ai como eu queria te esganar, Luigi! - Falei entre dentes. - Eu gosto.. - Tentei dizer, mas estava entalada demais para falar.

- Diz,logo! - Gritou. - Estou curioso,garota! - Meu irmão parecia estar se divertindo com aquilo tudo.

- Tá! Eu gosto do.. - Fiz uma pausa.

Ele arregalou os olhos atento.

- ... Do Martin! Eu gosto do Martin! - Falei escondendo o rosto com as mãos.

Como era de se esperar, Luigi caiu na gargalhada.

- Que ridícula! Você gosta do filho da tia Catarina! - Gargalhou. - Ele é nosso primo, oh sem noção! E ele não gosta de você! Ele é doido pela Glorinha! Haha! - Berrou.

- Cala a boca, garoto! - Falei tapando a boca dele, com as minhas mãos.

- Tudo bem, eu quero paz maninha! Vamos continuar com o jogo!  - Disse limpando algumas lágrimas de tanto rir, e eu girei a garrafa.

- Haha! Se ferrou! - Comemorei. - Verdade, ou desafio? Lembrando que os meus desafios não são propícios para frangos de 12 anos! - Ri.

- Verdade! - Ele respondeu sem esboçar nenhum tipo de reação.

- Me diz alguma coisa sobre a nossa família, que eu ainda não sei! - Sorri levemente.

- Quê? - Me olhou de soslaio.

- Algum segredo, alguma coisa que eu não sei! - Expliquei curiosa.

- Hum... Que você não é filha do papai? - Coçou a cabeça.

Senti como se alguém tivesse atirado uma flecha em meu peito.

- Quê? - Arregalei os olhos, ofegante.

- Ops... - Meu irmão ficou pálido no mesmo instante.

- Que história é essa,garoto?! - Perguntei com um mix de raiva, e revolta.

- Eu não sei! Só estava brincando, desculpa! Desculpa mesmo! Não é verdade, relaxa! - Ele disse desconcertado, levantando - se do chão rapidamente, e em seguida correu para o quarto dele.

- Volta aqui! - Corri atrás dele. - Abre essa porta, Luigi! - Eu berrava, batendo com força na porta do quarto.

- O que está acontecendo aqui, Alice? - Mamãe perguntou assustada.

- Eu não sou filha do papai? Isso é verdade? Hein, mamãe? Fala para mim, mamãe! Por quê a Senhora fez isso comigo? - Perguntei aos prantos.

E foi aí, que mamãe me levou para o quarto dela, e lá eu, ela, e o papai tivemos uma conversa que a partir daquele dia, mudaria a minha vida completamente.

Eles me explicaram, que na verdade meu pai era irmão de Eliéser,e que ele morreu por conta de uma  doença degenerativa gravíssima.
Mamãe me contou sobre o romance deles, sobre como foi lidar com a morte dele, me mostrou fotos, me contou como ele era, o que ele fazia, enfim, tudo o que eu precisava saber! Até a parte que teve um romance com o irmão do meu pai biológico,e ele me acolheu como filha.

Mas, aquilo tudo deu um verdadeiro nó em minha cabeça, e eu me revoltei.
Eu simplesmente não aceitei nada daquilo,e quebrei tudo o que vi pela frente.

Era muita informação para uma cabecinha tão jovem absorver.

Eu achava que tinha um pai, e de repente o meu pai era apenas um tio? Isso era de enlouquecer.

Fiquei trancada em meu quarto por uma semana, sem ter contato com ninguém, e sem querer me alimentar.
Só saí de lá, pois arrebentaram a porta, e me resgataram de casa para o hospital, com um nível um pouco elevado de desnutrição.

Após esse dia, ficou terminantemente proibido
desafios,e meu irmão Luigi perdeu a bicicleta, o videogame, e o computador por ter me contado a verdade, que segundo eles (os meus pais) me contariam na hora certa.

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now