Transtorno.

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Alice:
Internada á quase uma semana, aquilo tudo já estava me desgastando.

As dores na cabeça pareciam só aumentar, os exames, e medicações eram constantes, e nada de eu receber alta do hospital.

Meus avós Helena e Estevão,tia Catarina, Martin, minha madrinha Beatriz e Oliver sempre me visitavam, mas eu queria mesmo, era sair logo daquela cama, e resolver a minha vida, antes que a Camila roubasse o meu namorado de mim, ou fizesse algo que me prejudicasse ainda mais.

Pensar mal de uma pessoa que sempre foi a minha melhor amiga desde a infância, para mim era torturante. Mas, eu não conseguia pensar positivamente, sabendo que ela estava me odiando como nunca esteve antes.

Eu sempre minava Oliver com perguntas, mas ele nunca me falava o que eu realmente queria saber.

Ele sempre tentava me alegrar de alguma forma. Inventava jogos para que eu desse risada, cantava para mim, baixava algum filme, e levava no celular para a gente assistir, ou me alegrava com flores e chocolates (escondido dos médicos,claro).

Uma semana depois...

Mais exames, mais estresse, mais angústia, mais dor...

- Eu não aguento mais, ser furada á todo instante mamãe! - Chorei feito criança.

- Calma, filha!O resultado dos exames sairão hoje. - Minha mãe disse tentando ser otimista.

- Eles só prometem, e nunca dizem! Que merda, por quê não me deixam sair dessa droga de lugar? - Gritei.

- Calma, meu anjo! Por favor, Alice! Não se desespere. Vai dá tudo certo! - Mamãe disse me dando um copo com água.

Tomei a água, senti a minha cabeça ser esmagada por uma dor descomunal, e tudo escureceu.

Quando retornei, dois médicos me examinavam como se eu fosse um boneco de laboratório.

- O que a nossa filha tem, Doutor? - Papai perguntou andando de um lado para o outro inquieto.

- Nós gostaríamos de conversar á sós com vocês, os pais, e depois conversamos com a Alice, tudo bem? - Um deles disse calmamente.

Mamãe assentiu com a cabeça.

- Hey! Eu também quero saber! Eu tenho o direito de saber o que está acontecendo comigo! - Berrei.

Me descontrolei, na verdade.

Então, aplicaram medicação em mim, e eu adormeci.

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Lily:
Segurei na mão do meu esposo, e juntos, nos dirigimos até uma sala para conversarmos em particular com os médicos de nossa filha Alice.

Engoli em seco, ao ver dois médicos com um semblante fechado, nos olhando.

- Não se preocupe! Deus cuidará de tudo, você crê? - Eliéser sussurrou ao meu ouvido.

- Sim, eu creio. - Respondi com o coração do tamanho de uma ervilha.

- Bom, Senhora Lily, e Senhor Eliéser.. Realizamos vários exames na Alice ao longo dessas semanas, e o caso dela é raro, e um pouco complicado... - Um deles disse.

Ao ouvir a palavra "delicado",eu não consegui me segurar, e comecei a chorar.

- Prosseguindo, irei lhes explicar da melhor forma possível! - Fez uma pausa. - Conforme o histórico familiar, e sabendo que o pai biológico da paciente tinha uma doença degenerativa muito delicada, nós realizamos vários exames baseados nisso, e detectamos que a causa do que está acontecendo com ela,é simplesmente, a herança genética herdada do pai dela. - Comprimiu os lábios.

- Quê? A minha filha tem a mesma doença do pai? - O meu coração gelou na mesma hora.

- Os exames apontaram que ela tem um pequeno tumor no cérebro. Mas,antes que fiquem desesperados, ou algo do tipo, lhes digo que é um tumor benigno, mas que precisa ser operado o quanto antes pois mesmo sendo benigno, pode ser traiçoeiro. - Explicou.

- Ok, então vamos marcar essa cirurgia pra ontem! Ou se puderem realizar hoje mesmo, nós autorizamos! Vamos! - Meu esposo disse em desespero.

Eu apenas concordei.

- Mas, realizar a cirurgia pode causar sequelas permanentes na paciente! Como: Perca de memória total, ou parcial, problemas na fala,perca da audição,visão, ou ela pode até deixar de andar. Não sabemos ao certo, o que pode acontecer. - O médico disse.

- E se não fizer? A minha filha vai morrer,é isso? Eu não aceito! Não aceito! - Eliéser berrava.

- Se a cirurgia não for realizada, as sessões de quimioterapia,e radioterapia podem ajudar. E o uso contínuo de medicações também. Há 50% de chances do tumor ser reduzido, ou simplesmente sumir! - Afirmou.

- E os outros 50%? E se nada der certo? Meu Deus! Por quê tu permitiu que isso acontecesse, meu Deus? Eu não suporto passar por esse sofrimento novamente!  - Eliéser caiu no chão aos prantos.

E eu? Perdi o meu chão, perdi a audição, visão, saí correndo pelos corredores daquele hospital lembrando de tudo que aconteceu entre mim e Ettore,e só conseguia lembrar de como tudo terminou.

E não era esse fim que eu desejava para a minha filha.



Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Kde žijí příběhy. Začni objevovat