Ousadia.

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Alice:
O despertador tocou.

Tomei um susto, levantei a cabeça com um olho aberto e outro fechado, e olhei para o danado.

07:00 horas. Minha aula começa ás oito, então posso dormir um pouco mais. Pensei.

Programei para meia hora depois, e voltei a dormir normalmente.

Mas.. Como nem tudo nesta vida são flores, pouco tempo depois mamãe mandou Luigi ir me acordar da forma mais singela possível, já que eu detesto estar dormindo, e ser acordada.

- Acorda, loira aguada! - Ele berrou, puxando as minhas cobertas,e dando gargalhadas.

Tomei um susto, e acabei caindo de cara no chão.

- Imbecil! - Falei ainda deitada no chão,sem a mínima coragem para me levantar.

Meu irmão ria sem parar.

- Loira aguada é aquela tal de Glorinha! - Resmunguei.

- Levanta logo daí! Mamãe está chamando para tomar café. Ah, e bom dia! - Sorriu.

- O dia já começou péssimo só em ter sido acordada por você! - Bufei, me levantando no chão, esfregando a minha testa.

- Machucou? - Perguntou mudando um pouco o semblante.

- Não. Mas eu vou falar para a mamãe que você me acordou desse jeito, e ela vai tirar a sua internet, o skate, e seja lá mais o que for importante para você! - Fiz chantagem.

- Não, maninha! Por favor, eu só estava brincando! Qual é? - Falou preocupado.

- Perdeu! - Falei enquanto escovava os dentes.

- Pô.. - Gemeu.

- Eu sou a sua irmã mais velha, e mereço respeito! - Gritei de dentro do banheiro,com a boca encharcada com creme dental.

- Um ano de diferença,apenas! - Bufou. - Eu já tenho 15 anos, e você 16. Chantagens á esta altura não cola mais, Lice! Estamos de igual para igual praticamente!  - Reclamou.

- Ah, bem que cola! - Falei ainda dentro do banheiro, entrando no chuveiro enquanto ele resmungava sentado em minha cama.

- Tá, eu faço alguma coisa por você, e você não fala nada para a mamãe que te acordei com um susto, e blá blá blá.. Sei que você é a preferida mesmo! Mamãe faz tudo que você quer. Aposto que se fosse ao contrário, ela nem iria se importar! - Torceu a cara. - Posso fazer os seus deveres de casa, ou limpar esse chiqueiro aqui. - Falou se referindo ao meu quarto.

Saí do banheiro de roupão, e dei um beijo em sua bochecha.

- O que vai ser, hein? Pede logo enquanto eu estou "bonzinho". - Arfou.

- Você vai chegar para o Martin, e falar sobre o término dele com a Glorinha. Se eles têm planos de reatar, como ele está se sentindo, e ao final você irá perguntar o que ele acha de mim. Simples assim! - Falei sorridente.

Ele me olhou com um olhar de reprovação.

- Já que minha irmã nunca vai deixar de ser trouxa, tudo bem! - Deu de ombros.

- Ah, sai daqui! - O empurrei.

- Eu te amo! - Riu.

- Também te amo, coisa insuportável! - Respondi fazendo bico.

Luigi retirou - se, troquei de roupas, e fui para a cozinha tomar café da manhã.

Mamãe e papai estavam sentados á mesa conversando, e eu sentei - me em silêncio.

- Bom dia. - Falei de cabeça baixa.

Depois de todos os acontecimentos, eu fiquei um pouco estranha em relação ao meu pai Eliéser.
Me afastei um pouco.

Ele nunca mudou em relação á mim. Sempre me tratou como a sua princesinha. Mas eu, minha indiferença,e o meu orgulho estragamos tudo.

Eu sinto muitas saudades dos carinhos dele, dos conselhos de pai, de tudo! Mas já não tenho coragem de chegar, e dizer que o amo!

- Bom dia amor. - Papai sorriu docemente.

Retribuí com outro sorriso.

- Bom dia filha. - Mamãe disse. - Demorou, hein? Já está quase atrasada para o colégio! - Falou olhando para o seu relógio de pulso.

- Vou te esperar no carro. - Papai beijou a minha cabeça, e saiu.

Comi uma fatia de bolo, algumas rodelas de abacaxi,tomei um pouco de suco,peguei a minha mochila, me despedi de mamãe, e fui correndo para o carro.

Papai deixou eu e Luigi na escola, e foi trabalhar. Mamãe ficou em casa organizando tudo, já que estava de folga do seu trabalho.

Apesar de trabalharem muito,meus pais sempre foram muito presentes na minha vida e na vida de meu irmão.

Papai é professor universitário (assim como o meu avô Olavo),e mamãe formada em administração e ciências contábeis, trabalha para um grandioso ramo de empresas,e nas horas vagas, é professora de artes cênicas.
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Chegando no colégio, o professor nos levou para o laboratório, e em seguida passou um trabalho individual.

Eu estava concentrada terminando o meu trabalho, quando ouvi alguém sentar - se ao meu lado.

- Oi? - A pessoa falou.

Olhei de soslaio, e fiquei um tanto surpresa.

- Julian? - Franzi o cenho.

- Minha mãe me matriculou aqui. Quem sabe eu não termino os meus estudos? - Sorriu. - Ainda estou um pouco perdido, mas vou procurar me enturmar o mais rápido possível. - Deu uma piscadela.

- Ué, mas você não terminou? Aqui é segundo ano! - Falei confusa.

- Eu não tive oportunidade por conta dos longos ensaios, concursos,campeonatos de dança.. Mas agora mamãe pôs na cabeça que eu preciso estudar,e aqui estou! - Riu.

- Sendo assim, seja bem vindo! - Tentei ser simpática.

Sem dizer mais nada, ele deu um beijo em minha bochecha,agradeceu, e retirou - se.

Arregalei os olhos, e fiquei "passada" como diria a minha amiga Camila.





Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora