Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)

Decisão.

Alice:
- Então eu vou morrer? - Perguntei aos médicos, e aos meus pais após saber sobre o estado deplorável da minha saúde.

Pelo menos para mim, aquela notícia fez com que o meu mundo caísse sobre a minha cabeça.

Claro, que eu chorei, chorei, chorei...
Tive a fase da não aceitação, fiquei mal sem querer receber visitas, e isso só piorou o meu quadro.

Cheguei até a dizer algo sobre o meu pai, e me arrependi amargamente por tal, já que magoei os meus pais.
Em um momento de desespero, falei que além de me deixar, o meu pai deixou para mim, apenas uma doença e nada mais.

Aquilo caiu sobre a minha mãe como uma flechada no coração. Ela ficou muito mal, pois pus a culpa em alguém que não estava mais entre nós, e que marcou a vida dela para sempre.
Mas no final, me desculpei,e ficou tudo bem.

Sobre o método do meu tratamento,papai e mamãe deixaram a decisão em minhas mãos.
Aliás, era não só o meu corpo, mas a minha vida que estava ali esperando por uma decisão,e o mais rápido possível.

Após muito pensar, muito perguntar aos médicos,e refletir,eu optei por a cirurgia mesmo sabendo que os efeitos colaterais poderiam me afetar pro resto da vida.

- Você tem certeza? - Perguntou o médico.

- Sim! Estou ciente da minha decisão. Sou conhecedora dos prós e contras desta cirurgia, e estou disposta a realizá-la! - Afirmei com segurança.

- Tudo bem. Sendo assim, os seus pais irão assinar um termo,e a equipe do hospital providenciará o procedimento o quanto antes. Afinal, este tumor está crescendo, e quanto mais ele cresce, menos eficaz se torna a cirurgia. - Explicou.

Baixei a cabeça em silêncio.

Meus pais me abraçaram forte.

- Não se preocupem. Eu sou forte! Vou ficar bem! Eu prometo. - Falei tentando demostrar fortaleza para eles.

Naquele mesmo dia, algumas horas depois, Oliver foi até o hospital me ver.

Muito ciumenta, não conseguia parar de perguntar coisas sobre ele e Camila.
Para a minha maior tranquilidade, minha madrinha Beatriz cedeu um quarto para ele em sua casa, e eu me senti extremamente aliviada.

Segundo Oliver, Camila estava esperando o momento certo para conversarmos. No caso, ela estava esperando que eu saísse do hospital (sem previsão, e ela nem imaginava).

Deixando um pouco de lado as conversas paralelas,eu falei para Oliver a minha situação.

Foi muito complicado, mas eu não poderia enganá-lo.

De imediato, ele teve uma crise de choro, se descontrolou completamente, querendo me levar para os melhores hospitais dos EUA, teve uma crise asmática (eu nem imaginava que ele tivesse tal coisa) e foi contido por uma enfermeira, que lhe deu um calmante.

Algum tempo depois, já um pouco mais calmo, pude lhe contar sobre a minha decisão, e repassei para o meu amor, o que poderia acontecer comigo.

- Eu não admito! Eles estão mentindo! Vamos comigo para os Estados Unidos? Eu pago tudo, meu amor! - Disse ofegante.

Já abalada com tais cenas de desespero, comecei a chorar.

- Sai daqui,Oliver! Não existe mais nós dois! Na verdade nunca existiu! Eu não posso mais.. - Falei com a minha cabeça quase explodindo.

- Não, não faz assim! - Insistiu. - Eu nunca te disse isso, mas eu te amo Alice! E não vou desistir de você! - Chorou.

- E se eu te esquecer? Eu posso perder a memória, ou ficar impossibilitada fisicamente! Você não entende! Eu não quero isso para você! Você não merece isso! Eu te amo muito, mas te deixo livre. Te deixo ir... Esqueça de mim, Oliver. - Falei olhando em seus olhos.

Ele tentou de todas as formas fazer com que eu mudasse a minha opinião, mas eu sabia o que estava fazendo, e seria pior para mim alimentar algo que o final era incerto.

As minhas dores de cabeça aumentaram agressivamente, e gritando de dor, eu chorava.

Logo, o colocaram para fora do quarto, e com muita resistência, ele queria ficar ali. Mas os médicos não permitiram.

Eu também não permiti...

Recebi morfina na veia até as dores diminuírem, e no dia seguinte recebi a data da minha cirurgia, que seria bem antes do que eu imaginei.

E antes que acontecesse, pedi a minha mãe que chamasse algumas pessoas  para eu me despedir.

Afinal, a morte estava entre uma das possibilidades da decisão que tomei.

E assim, ela fez...