Acordei.

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Alice:
- Façam silêncio! Eu acho que ela está acordando! - Uma voz ecoou em minha cabeça.

Abri os meus olhos lentamente...

A minha minha cabeça parecia pesar.

A minha visão estava embaçada, e aos poucos tudo foi tomando forma.

Olhei em minha volta, e havia várias pessoas me olhando de um jeito estranho. Aparentemente, apreensivas! E eu estava em uma cama de hospital, me sentindo zonza com aquele tumulto todo.

E o mais esquisito de tudo:
Eu não conheço nenhuma dessas pessoas! Pensei.

- Oi filha! Você está bem,meu amor? Está me vendo? - Uma mulher jovem, e bonita me perguntou.

- Eu nem acredito que você acordou após tanto tempo! - Um homem disse emocionado.

- Pára, Eliéser! Vai assustar a menina! Foram apenas dois meses! - Uma Senhora exclamou.

- Dois meses que para mim, duraram uma eternidade,mamãe! - Retrucou.

Os dois me abraçaram com carinho.

- Fala alguma coisa, filha! - O homem disse.

- Deixa,amor! Ela deve estar um pouco confusa ainda. Tudo no seu tempo! - A mulher beijou a minha testa.

O médico entrou no quarto, pediu que todos se retirassem, me examinou,e eu continuei em silêncio.

Ele viu que a minha visão, audição, tato, olfato,estavam normais, e que minhas pernas e braços se moviam normalmente,me fez algumas perguntas,onde eu respondi apenas balançando a cabeça negativamente, ou positivamente,e depois retirou - se.

Algum tempo depois, uma moça morena aproximou - se,sentou - se na poltrona ao lado da cama em que eu estava, e sorriu.

A olhei com estranheza.

- Oi, Alice! O meu nome é Lisa ,e eu sou a fonoaudióloga do hospital. - Ela disse.

Continuei em silêncio.

- Você consegue falar? - Perguntou.

- S..S..Sim! - Respondi com dificuldade.

O que está acontecendo com a minha voz? Pensei.

Por um instante, fiquei desesperada por não conseguir falar,mas ela me ajudou bastante, á aos poucos,"soltar" a minha voz que parecia está presa em uma caixinha dentro de mim.
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E assim, Lisa me acompanhou durante uma semana inteira naquele hospital, onde durante aquela semana aquelas pessoas estranhas não apareceram mais.

Após, conheci Liara (a psicóloga do hospital) ela era jovem,simpática, e loira assim como eu.

- Oi! A Lisa já terminou os trabalhos dela com você, agora é a minha vez, ok? Espero que sejamos amigas. - Sorriu.

Baixei a cabeça.

- Vou te fazer umas perguntas, e quero que você me responda o que você sabe, ok? - Perguntou.

- Ok. - Respondi.

- Qual o seu nome? - Perguntou.

- Alice.. Todos me chamam assim, então esse deve ser o meu nome! - Dei de ombros.

- A sua idade? - Prosseguiu.

- Não recordo. - Comprimi os lábios.

E foi a partir daquela pergunta, que eu não soube responder todas as perguntas seguintes.

- Qual o nome dos seus pais? Você tem irmãos? Onde você mora? Você tem namorado? - Ela perguntava entre pausas, e faltas de respostas.

Fiquei envergonhada, e confusa.

- Ok! Ignore essas perguntas. Tente manter - se calma! - Fez uma pausa. - Nós iremos recomeçar.. - Sorriu.

- Como se sente? - Segurou em minhas mãos me passando segurança.

Baixei a cabeça.

- Pode confiar em mim! Eu sou sua amiga,e estou aqui para te ouvir. - Apertou as minhas mãos.

- Me sinto confusa! Não sei onde estou, quem sou, ou o quê eu sou! Estou com muito medo! - Chorei.

- O que você lembra? Me fale tudo o que você se recorda da sua vida até agora. - Disse Liara.

- Eu lembro apenas que abri os meus olhos, e acordei aqui! Não tenho família, casa,amigos, não tenho nada! Eu não lembro de nada! Eu não sei como é ter nada disso! A minha vida começou no momento em que eu acordei neste hospital. Eu quero morrer! Eu não sei quem sou, não sei nem quem você é! Se você não está me fazendo mal, realmente! Como vou saber? Sai daqui! Me deixa em paz! - Me desesperei.

O que eu sou? De onde eu vim? Como vim parar aqui?

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now