Me Esperou.

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Alice:
Quando eu descobri que  fiz dezoito anos em uma cama de hospital, e em coma, me senti um pouco frustrada.
Já que antes de tudo acontecer, eu imaginava chegar na maioridade rodeada pelas pessoas que eu gostava, em uma festa bem bacana,onde tivesse muita música, comida,e diversão.

Mas, se não foi possível,paciência! Eu estava feliz mesmo assim. Pois estar viva, e com a minha memória intacta,para mim era um grande milagre que Deus havia operado em minha vida.

Prestes á completar dezenove anos, eu convenci facilmente os meus pais a darem uma festa de aniversário para mim.
Eles adoraram a idéia! Estaríamos não apenas comemorando uma data especial, mas a minha vitória após tantas tempestades.

Fiquei muito animada com os preparativos, e a Camila logo se disponibilizou a ajudar no que fosse preciso.

- Esta festa, será o rito de passagem para a minha nova vida! Eu irei correr atrás de todo o tempo perdido, e irei viver intensamente cada instante. Será divino,Mila! Você vai ver!  - Bati palmas contente.

- Nossa, amiga! Fico tão feliz que esteja contente, e animada com tudo isso! E fico mais feliz ainda,por poder participar desses momentos com você.  - Ela me disse sorridente.

- Mas me diz uma coisa: Você conversou com o Luigi? - Perguntei.

Ela revirou os olhos.

- Você,e essa sua idéia fixa de achar que eu possa ter alguma relação com o seu irmão. Meu Deus! - Arfou.

- Vocês tiveram uma filha linda, juntos! - Dei de ombros.

- Esquece isso, tá? Isso foi só um sonho bobo, e nada mais! E essa coisa de achar que eu viajei com o Oliver, também não faz sentido. - Bufou.

- Tá, mas até que eu esqueça tudo o que vivi mentalmente, vai demorar um pouco. Ainda me sinto bastante confusa, sabe? - Torci a boca.

- Tudo bem, agora vamos cuidar da sua lista de convidados. Creio que o Oliver seja o primeiro da lista, hein? - Sorriu com malícia.

Baixei a cabeça.

- Não sei se ainda vai rolar,amiga. - Comprimi os lábios.

- Pois eu acredito que vocês nasceram um para o outro! - Suspirou.

- Se ele gostasse de mim de verdade, já teria me procurado. - Falei sem encará-la fixamente.

A campainha tocou.

Olhamos uma para a outra na mesma hora.

- Deixa que eu atendo. - Falei.

Fui até a porta, a abri,e Oliver estava lá.

Paradinho.

Ele sorriu.

Eu fiquei imóvel.

Meus batimentos cardíacos aumentaram.

As minhas mãos ficaram trêmulas, e eu não consegui dizer uma única palavra,sequer.

Sem dizer nada, ele apenas me abraçou.

Eu retribuí.

Nós nos beijamos.

E ainda ficamos abraçados por alguns instantes.

- Eu quase morri de tantas saudades suas. - Oliver disse ao meu ouvido.

Eu conseguia apenas sorrir, e ficar olhando para ele,gravando cada detalhe daquele rosto lindo, que eu nunca havia esquecido nem quando estava adormecida.

- Nós temos muito o que conversar. - Ele disse.

- É,mas vão conversar em um outro dia,pois agora nós iremos para a casa dos seus avós, pois eles estão loucos para te ver. - Papai disse surgindo repentinamente.

- Ué, o Oliver irá conosco! Tem algum problema? - Perguntei.

Sem dizer nada, ele abriu a porta do carro para nós,e então lembrei que Camila havia ficado na minha casa. Fui correndo chamar ela, e ao entrar em casa, ela estava jogando videogame com o Luigi no quarto dele.

- Hã? - Ri, e voltei sem chamá-la,pois não queria de modo algum, atrapalhar.

Fomos eu,meu pai,minha mãe e Oliver para a casa da vovó Helena. Chegando lá, abracei o vovô com toda a força que pude, e chorei ao lembrar que em meu sonho disfarçado, ele havia partido.

Nós tomamos um agradável chá das cinco, e Oliver não largou a minha mão um só minuto.

Sei, que muitas coisas ainda precisavam serem resolvidas, mas eu já me sentia realizada, só pelo fato de tê-lo ali junto á mim. Pois se ele estava ali, foi porque me esperou.

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now