Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)

Detalhe por Detalhe.

Alice:
Certo dia, saindo do banho, eu parei em frente a um espelho enorme que havia no "meu" quarto, e fiquei observando o meu corpo detalhe por detalhe.

- Os meus cabelos são loiros, curtos,meus olhos são claros, minha pele é branca, meu nariz afinado, minha boca..  Bom, esta não me agrada muito, mas que seja! - Dei de ombros falando sozinha.

Com um pouco de constrangimento observei o meu corpo nu pelo reflexo do espelho.

- Eu sou magra.. Meus seios e bumbum são pequenos, não tenho cicatrizes.. Será um sinal de que eu não soube aproveitar a minha infância? - Me perguntei.

Continuei a me observar, até que vi uma coisa aparentemente diferente em meu tornozelo.

Cobri o meu corpo com a toalha, sentei - me na cama, e só naquele instante me dei conta que eu tinha uma bailarina tatuada em meu tornozelo.

Rapidamente, vesti uma roupa, e saí feito louca á procura de alguém que pudesse me explicar.

Eliéser era o único que estava em casa naquele momento, e ele me contou que eu fiz a tatuagem quando morava nos Estados Unidos com meus avós, com a influência de um "namorado".

- Ué! Mas que namorado? - Perguntei.

- Eu disse namorado? Acho que me confundi! - Ele disse tentando desviar - se do assunto.

Então, ele me disse que tatuei uma bailarina em homenagem ao seu irmão Ettore (meu pai biológico), e por gostar muito e praticar o ballet clássico.

Fiquei feliz por saber que a antiga Alice não era apenas uma garota mimada que não fazia nada de interessante.

Ela levava gosto pela arte,e isso é muito bom!

Após a conversa com Eliéser eu o agradeci, e saí correndo para trocar de roupas, tomei café da manhã correndo,e fui para o colégio.

Chegando lá,Julian já me esperava, e eu lhe mostrei a minha tatuagem contente. Ele se mostrou bastante feliz pela minha descoberta,e me chamou para assistir ás aulas da escola de dança de sua mãe novamente.

Eu claro, aceitei!

Depois voltamos para a sala de aula,e eu vi Camila que não foi falar comigo (acho que cansou de ser ignorada).

No intervalo, Julian me pagou um lanche, nós conversamos bastante, e ele segurou em minha mão em público.

Nossa! O meu coração acelerou horrores!

Não sei explicar, mas no meio daquela confusão toda, ele me passava segurança. Até mais que a minha "família",talvez.

Ele era compreensivo, pacato, não ficava me pressionando a lembrar de nada,muito carinhoso,motivador, cativante, e leve!

Tudo o que eu estava precisando era de alguém que me acolhesse dessa forma.