Devo ter Esperanças?

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Alice:
- Vai desistir assim, tão fácil? - Julian perguntou com as minhas sapatilhas em mãos.

Arfei de cabeça baixa.

- Ninguém nasce já sabendo dançar. É algo que flui naturalmente com o tempo. Você ainda tem muito o que aprender, se não desistir. - Ele disse.

Continuei em silêncio.

- Não vai falar nada? - Perguntou.

- Eu só queria fazer algo que o meu pai fez, sabe? Só queria amenizar esse vazio que vive aprisionado dentro de mim. - Olhei para o céu.

- Você não tem fotos dele? Talvez te faça bem. - Julian falou.

- Ele morreu muito jovem. Nunca falei isso para ninguém, mas olhar para fotos de um moço, e saber que aquele era o meu pai, para mim é completamente sem sentido! É como se eu estivesse apenas observando a foto de um moço qualquer. Eu não consigo sentir algo paternal por ele, ou seja lá como se chama essa coisa!     - Desabafei.

- Minha mãe me disse que ele foi um dos melhores bailarinos que a escola já teve. - Fez uma pausa. - Ela disse que quando ele dançava, os pés dele pareciam não tocar o chão de tão leve que eram os seus passos. - Sorriu levemente.

Comprimi os lábios.

- Que tal voltarmos para a aula? - Insistiu.

- Cai na real, Julian! Eu não sou uma bailarina, e provavelmente não serei! - Revirei os olhos. - Vamos combinar, que isso não é para mim! - Bufei.

- Sua mãe vai ficar bem chateada. - Falou em tom de chantagem.

- É só por isso que ainda não desisti totalmente. - Fiz bico.

- Vamos voltar? - Forçou um sorriso.

- Não. Eu não estou afim! Vou para casa pensar um pouco, e amanhã nós nos falamos ok? - Falei seca.

- Tudo bem,não irei insistir mais. - Ele respondeu.

- Tchau. - Dei um breve aceno, pus a minha mochila nas costas, e fui embora.

Olhei para trás, e Julian ainda me observava de longe.

- Garoto mais estranho! - Resmunguei.
••••••••••••••••••••••••••••••••••
Fui até o ponto de ônibus mais próximo, e entrei no primeiro ônibus que passou.
Aliás, já estava escurecendo, e eu fiquei com um pouco de medo de ficar lá sozinha.

Logo, dei de cara com Martin,e meu coração acelerou no mesmo instante.

Gostar é uma droga, mesmo! Pensei.

Ele estava sentado nas últimas cadeiras no "fundão" do ônibus.

Olhei para ele, e ele acenou para mim, me chamando.
Fui até lá com a perna um pouco bamba, e praticamente me joguei na cadeira ao seu lado.

- Hey! Tudo bem? - Perguntou sorrindo.

- Sim, tudo. E você? - Perguntei apenas por educação,pois eu já sabia da resposta.

- Mais ou menos. Venho da casa da Glorinha. - Ele respondeu desanimado.

Fiz cara feia.

- Nós terminamos. - Ele disse sério.

Senti o meu coração queimar, e as minhas mãos ficarem suadas.

- Hã? - Falei entalada, prestes a dar um pulo de alegria.

- Ela me traiu. - Baixou a cabeça.

- Sabia que aquela garota não prestava! - Falei baixinho.

- Quê? - Perguntou.

- Nada. - Engoli em seco. - Eu só disse que sinto muito, e que se ela fez isso com você, é por quê ela não lhe merece! - Concertei.

- É,ela mesma me disse isso. - Arfou.

Nossa! Ele realmente está mal! Sofrendo por aquela piriguete de segunda! Pensei.

- Quer conversar? - Perguntei,sentida por ele.

- Não. Eu quero apenas ficar um pouco sozinho. - Respondeu dando um beijo em meu rosto, e desceu do ônibus em seguida, ainda muito cabisbaixo.

Devo ter esperanças? Me perguntei.

Sem entender nada, eu fiquei tão pensativa, que acabei descendo na parada errada.
A minha sorte, foi que á apenas um quarteirão dali, ficava a casa de Camila,minha melhor amiga.

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin