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Alice:
- Ok. Deixa eu ver,se eu entendi. - Fiz uma pausa.

Respirei fundo.

- Eu não tenho vinte e cinco anos? - Perguntei.

- Não! - Minha mãe respondeu.

- Eu não tenho um noivo chamado Daniel? - Prossegui.

- Não. - Continuou.

- Eu não tenho uma casa, um trabalho, uma formação, e uma sobrinha que é filha do Luigi com a Camila,e se chama Maria Luisa? - Perguntei ao mesmo tempo.

- Não, não, não.. - Mamãe suspirou.

Arfei.

- Que vergonha! - Pus as mãos no rosto. - Pareceu tão real, sabe? Não sei mais o que eu sou, o que vou fazer, e como a minha vida está. - Deitei - me olhando para o teto do hospital. - E a nossa casa? Vocês reformaram,né? Ficou muito bonito. - Falei.

- Não. Claro, houveram algumas mudanças, mas nada de extraordinário. - Mamãe sorriu levemente acariciando os meus cabelos.

- Quem sou eu, mamãe? - Perguntei olhando nos olhos dela.

- Você? Alice Collins, uma linda adolescente, que tem dois namorados, e que assim que sair desta cama vai ter que resolver esta situação, ou vai ficar um bom tempo de castigo! - Me olhou torcendo a cara. - Ah, e vai voltar para a escola também o quanto antes, pois você precisará recuperar o tempo perdido,já que está na hora de começar uma faculdade, hein mocinha? Ou seja, Alice terá um belo futuro pela frente! - Sorriu.

- Hum, pelo menos não vou me sentir uma inútil! - Falei.

- Jamais! Nossa, minha filha. Como eu sofri neste ano que você ficou em coma. Foram os piores dias da minha vida. O pior ano de minha vida!  Mas Deus me sustentou, e te devolveu para mim. - Mamãe beijou a minha testa com carinho.

- Me dá um abraço? - Pedi de braços abertos.

Ela me abraçou forte, e depois me ajudou a tomar banho.

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Após ficar dois dias hospitalizada em observação,eu tive alta, e finalmente voltei para casa.

Ainda com um pouco de dificuldades para andar, eu ficaria um tempo em cadeiras de rodas, e voltaria a andar aos poucos, com a ajuda de um fisioterapeuta, que no caso, não seria o Dr. Daniel, pois eu não aceitei.

A primeira visita que recebi,foi a de Camila. Que me pediu mil perdões pelo ocorrido, já que o assalto ocorreu depois que eu saí correndo desesperada da casa dela.

Ela estava com uma carga de culpa muito grande, e com um quadro depressivo, pelo que eu pude perceber.
Mas, eu a tranquilizei, a perdoei, e lhe disse que a nossa amizade seria a mesma de antes, pois quando aconteceu, eu estava desmemoriada,e acima de tudo,desnorteada.

Nós conversamos bastante, ela passou a me visitar praticamente todos os dias, e todo o sentimento de amizade que nós alimentamos uma pela outra quando crianças até a adolescência, retornou e ainda mais forte.

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E a segunda visita que recebi, foi a de Julian.

- Meu amor! - Ele disse tentando me beijar.

Virei o rosto.

Ele parou por alguns instantes.

- O que houve? A Camila já foi fazer fofoca, não foi? Aposto! - Perguntou aparentemente zangado.

- Fofoca, que fofoca? Em momento algum, ela falou de você. Mas nós precisamos conversar, simples assim! - Falei.

- Tá, mas você sabe que eu te esperei, não sabe? Nesse um ano que você ficou em coma,eu te esperei! Sempre ia te ver no hospital, e nunca te traí! - Arfou.

Olhei para ele,desconfiada.

- Pois não deveria. Pois você não sabia quando eu iria acordar, ou se acordaria! - Exclamei.

- Tá, eu fiquei sim com algumas meninas! Mas, a minha namorada é você! - Explicou com uma cara de pau tremenda.

- Impressionante, como uma pessoa pode mudar! Meu Deus! - Revirei os olhos.

- Quê? Eu mudei? Eu estou aqui abrindo o meu coração para você, querendo reatar o nosso namoro,e você age assim friamente? Pensei que você fosse voltar desse coma mais "calminha!". Quer brigar? Pois eu não quero! Quero apenas ficar com a minha namorada, depois de tanto tempo. - Ele disse se vitimizando.

- Eu só acho, que você era um cara mais bacana, sabe? Só isso! Eu não sou trouxa, Julian! Eu sei que você aproveitou-se  da minha perca de memória para aproximar - se de mim, e me conquistar, até eu aceitar namorar com você. - Joguei a real.

- É,eu fiz mesmo! E foi por amor! - Exclamou alterando o tom de voz.

- Não grita comigo! Nós estamos conversando, e se o meu pai ouvir, ele vai te colocar pra fora daqui, e pode ser bem pior, acredite! - Falei calmamente.

- Tudo bem, desculpa. Mas qual vai ser? Vai me perdoar e vamos continuar o nosso namoro? Eu te amo,Alice! Eu sempre te amei. E os dias que fiquei com você, foram os melhores para mim. Eu sofri muito com a sua ausência, e agora eu só quero te beijar, te abraçar, e ficar com você. Só isso. Tá difícil? - Perguntou um pouco mais calmo.

- Olha, Julian. No pouco tempo em que nós namoramos,você me fez extremamente feliz! Mas, não vai dar mais! Eu quero seguir novos rumos, quero resolver coisas que ficaram pendentes, enfim! Eu quero novos rumos. - Expliquei.

- Tá terminando comigo? - Ele perguntou já chorando.

- Sim. - Baixei a cabeça.

Ele enlouqueceu, quebrou vários objetos em meu quarto, e foi preciso o meu pai tirá-lo da minha casa.

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora