O Selinho.

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Alice:
- Martin.. Ah Martin! - Suspirei com o coração apertado ao imaginar que não o veria mais no colégio.

Martin filho adotivo da tia Catarina, dois anos mais velho que eu, e desde que a família o acolheu como membro,eu  meio que desenvolvi uma paixão platônica por ele.
Para mim, ele era o garoto mais fofo da cidade. E o mais lindo, claro!

Mesmo não sendo filho biológico da tia Catarina e seu esposo, ele era feliz com a família que havia ganhado quando a sua mãe usuária de drogas, o abandonou em uma lata de lixo no meio da cidade.

Depois que em uma noite fria minha tia e seu na época namorado encontraram o Martin, eles disseram que foi Deus que o mandou para fazer a vida deles mais feliz.
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Com apenas treze anos de idade, eu já vivia suspirando pelos cantos por causa de um garoto, e ás vezes me sentia um pouco patética.

Como uma menina magricela, e sem peitos poderia atrair um garoto? Eu me perguntava.

Sim! Sem peitos!  No colégio as meninas que já tinham peitos  eram consideradas "mocinhas",e praticamente todas, já haviam dado um selinho em um garoto.

Eu tremia só de me imaginar no lugar delas!
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Perdida em meus devaneios, deitada no enorme carpete felpudo que ficava no chão do meu quarto,olhando para o teto,ouvi algo bater na janela do quarto.

Arregalei os olhos, e sentei - me rapidamente.

Bateu novamente, e eu percebi que eram pequenas pedrinhas.

Levantei,corri e fui olhar quem estava jogando pedras em minha janela.

- Martin! - Falei quase inaudível, sentindo o meu rosto queimar.

Ele estava lá embaixo sorrindo, acenando, e me chamando.

Como eu não poderia sair pela porta da frente por causa do castigo, pulei a janela, andei um pouco em cima do teclado, procurei o lado mais baixo para que eu pudesse pular, e quando fui finalmente pular, por erro de cálculo caí em cima do garoto, o levando ao chão junto comigo.

- Ops! - Levantei - me rapidamente. - Você tá bem? Bateu com a cabeça? - Perguntei envergonhada.

- Estou bem. Só um pouco zonzo. - Ele respondeu com um olho aberto, e o outro fechado.

O ajudei a levantar estendendo a minha mão, e depois que ele limpou a poeira, finalmente me olhou.

- O que você veio fazer aqui? - Perguntei.

- Vim te entregar o seu ursinho que ficou no colégio. - Respondeu corado.

- Dean! - Exclamei abraçando o meu ursinho.

Ele sorriu.

- Obrigada. - Comprimi os lábios.

- De nada. - Ele respondeu. - Então, você foi suspensa? - Coçou a cabeça.

- Na verdade, eu fui expulsa. Mas mamãe pensa que fui apenas suspensa. É um pouco complicado. - Dei um sorriso sem graça.

- Você causou o terror nos grandões! - Ele riu.

- Ué,você nem viu! Aliás, você já tem 15 anos, está no ensino médio, e com certeza não sabe o que acontece nas redondezas do ensino fundamental! - Brinquei.

- Não vi, mais tive notícias! - Riu. - Você bateu nos garotos da sua sala? - Gargalhou.

- Não! Eu bati nos garotos do sétimo ano. E eu estou no oitavo. Só para constar! - Fiz charminho.

Nós rimos.

- E como está o clima aí? - Perguntou apontando para a minha casa.

- Mamãe decepcionada, e pa.. - Fiz uma pausa, e baixei a cabeça. - E "ele" está mudo! Não se pronunciou a respeito da minha expulsão. - Falei me referindo á Eliéser.

- Deixa de bobagem, Lice! Ele é seu pai sim! Ele te criou com todo o amor, e deve está sofrendo muito com essa sua rejeição agora! - Exclamou.

- Não, ele não é. Meu pai morreu. Meu pai se chamava Ettore. - Baixei a cabeça e deixei as lágrimas caírem.

- Não fica assim, Lice! Até eu que fui encontrado em uma lata de lixo abandonado, eu tenho uma mãe, e tenho um pai! Eles são os meus pais! - Afirmou desconcertado.

Continuei olhando para o chão fixamente.

- Dá aqui um abraço, loirinha! - Sorriu, e nós nos abraçamos carinhosamente.

Ficamos abraçados por alguns instantes, e em um impulso imbecil, eu tasquei um selinho nos lábios de Martin.

Ele pareceu assustado com a minha atitude.

Arregalou os olhos, e disse que eu era nova demais para ele, e que gostava da Glorinha (Como Luigi havia me dito no dia da revelação).

Mas, para não dar uma de chato, plantou uma ilusão idiota em meu coração, dizendo:
"Quem sabe quando você completar 16 anos, a gente namora? Vou te esperar, hein loirinha? Mas que isso não se repita até lá".

Morrendo de vergonha, eu saí correndo, entrei em casa pela porta da frente chorando, e meus pais não entenderam nada (além, de aumentarem o meu castigo no mesmo instante).

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt