Daniel.

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Daniel:
Nascido em berço cristão,eu sempre fui uma pessoa muito pacata, e compromissada com o dever de servir a Deus.

Vindo de uma família humilde, eu batalhei muito para conseguir pagar os meus estudos. Vendi bala no sinal, catei recicláveis para vender, trabalhei no campo, vendi sanduíches na praia, fiz trabalhos de faxina á domicílio, e nunca necessitei me envolver com coisas erradas, ou vender o meu corpo para conseguir realizar os meus objetivos, e ajudar os meus pais financeiramente,mesmo que com muito pouco.

Para mim,o meu pai sempre foi um exemplo de homem, e minha mãe uma grande mulher. Pois mesmo vivendo na mais extrema miséria, eles nunca desacreditaram de mim. Nunca me disseram que seria impossível! Sempre me falaram que Deus tinha grandes planos para nós.

Um dos momentos mais difíceis de nossas vidas, foi quando perdemos a nossa casa,e eu, meus pais, e meus quatro irmãos tivemos que ir morar na rua.

Nós vivíamos debaixo de uma tenda feita de plástico,e nos alimentávamos do que encontrávamos no lixo,quando uma boa Senhora dona de um restaurante perto dali não nos dava alguns restos de comida.

Mas,certamente o momento mais doloroso de todos,foi quando atiraram fogo em meu irmão enquanto ele dormia,e infelizmente ele não resistiu aos ferimentos. Eu tinha por volta dos meus quinze anos quando aconteceu,e cheguei a pensar que minha mãe não fosse resistir a tanta dor.

Todos presenciaram a morte dele,nós tentamos salvá-lo,mas foi em vão! E eu não vou esquecer nunca daquela cena horrível... Nunca.

Ele era o meu irmão mais velho. Era uma espécie de líder da família, depois do meu pai. Fez muita falta. E até hoje ainda faz.
Tudo o que consegui, todas as minhas vitórias eu ofereço em memória dele. 

Foi cruel! Foi desumano! E alguns meses depois, o responsável por tal crime foi preso. Ele era um rapaz de boa família, e com boas condições financeiras. Mas tirou uma vida. A vida de um inocente.

Os pais dele ficaram extremamente decepcionados, e completamente solidários com a nossa situação. E foi aí, que eles nos deram uma casa.

Bem no fundo, eles estavam tentando compensar uma falta que bem material nenhum poderia preencher.

Mas, pensando em todo o nosso sofrimento, e por medo de perder outro filho, os meus pais aceitaram a casa,mas como um EMPRÉSTIMO,e não um "presente".
Então, nós recomeçamos! Eu, papai, mamãe e meus três irmãos.

A Dona Cláudia (mãe do assassino) queria nos sustentar de tudo. Mas meus pais nunca aceitaram dela e do marido dela, nada além da casa.

E foi aí, que eu,meu pai e meus irmãos começamos a batalhar para pôr comida na mesa,e mobiliar a nossa casa.

Depois que consegui concluir a minha faculdade, o esposo da Dona Cláudia conseguiu um trabalho para mim em um grande hospital da cidade,onde eu consegui me estabilizar e comprar uma casa para os meus pais.

Formado em fisioterapia,eu fiz uma especialização fora do Brasil,e quando retornei, fui promovido a sub gerente do hospital. E foi ao retornar para o Brasil, que eu conheci uma paciente muito especial : ALICE!

Em toda a minha vida eu tive apenas três namoradas. E cada uma delas me marcou de maneiras diferentes.

Mas com Alice, foi diferente! A conheci depois que ela despertou de um coma longo e profundo, e a acompanhei como seu fisioterapeuta.

E neste processo, nós acabamos nos aproximando, e nos apaixonamos.

Alice é a doçura em pessoa! Ela acolheu a mim e a minha família com muito amor.

Eu a amei desde a primeira vez que os nossos lábios se tocaram.
E é ao lado dela, que eu quero envelhecer.

Os dilemas de Alice (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now