8. Not Only Words

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Minha conversa com Mark se estendeu por mais uma hora. Ele me contou sobre os garotos, sobre o time de basquete e até mesmo sobre sua namorada, Bettany. Eu era apenas a ouvidora, guardando todas aquelas informações na minha caixinha pessoal.

E o incrível era, quanto mais ele falava, mais eu queria ouvir. Sentados, ambos no centro daquela quadra, eu evitava deixar meu fascínio e curiosidade por ele transparecer. Eu não sentia nenhuma necessidade de falar, eu não queria atrapalha-lo.

Mark não era como os garotos esnobes dos filmes americanos, não, longe disso. Ele tinha todo o estereótipo de bad boy, mas não passava de um garoto antes tímido, que conseguiu reconhecimento pela sua incrível habilidade no basquete, e começou a subir no ranking social.

— E você, não vai me contar sobre você? - Ele perguntou com um pequeno sorriso convidativo no rosto, após terminar de contar um pouco sobre a infância dele nesse bairro.

Eu meditei um pouco sobre a pergunta e acabei por sorrir. Então me levantei do cimento limpando minhas mãos e short enquanto ele me acompanhava com os olhos.

— Talvez um outro dia, Tuan. - Estendi a mão à ele, ainda com o singelo sorriso em minha face. Mark suspirou derrotado mas aceitou a minha ajuda, pegando em minha mão e se levantando. — Vamos voltar, meu pai deve estar achando que estamos aos beijos.

Eu comentei enterrando as mãos em meus bolsos e ele riu junto de mim pousando o braço direito sobre meus ombros.

— Não duvido, você viu o olhar que ele me lançou quando eu pedi para te trazer aqui?! - Ele perguntou enquanto fazíamos nosso caminho de volta para minha casa.

— Assustador, não é? Se eu fosse você, diria que era gay, talvez ele pare com essa cisma. - Olhei para ele fingindo uma risadinha. — Bom... não seria muito difícil.

— Jane Lewis, o que você está insinuando? - Ele ergueu o cenho eu cobri minha boca com a mão direita. — Você tem sorte por eu estar comprometido, se não eu faria você engolir essas palavras. - Ele virou o rosto para a direita aproximando sua boca da minha orelha. — E não seriam apenas as palavras.

No mesmo instante, entendi as entrelinhas daquela frase e arregalei meus olhos, rapidamente levei minhas mãos até o peitoral de Mark o empurrando para longe enquanto ele ria da minha reação.

— Ah, Mark Tuan, que nojo! - Falei me afastando dele e chacoalhando minha cabeça tentando tirar aquela cena da minha cabeça, ele apenas ria. — Estou me arrependendo de ter te dado toda essa intimidade...

Nos voltamos para casa, minha mãe já havia chegado e o jantar estava na mesa. A refeição foi tranquila, Mark passou a maior parte do tempo sendo inserido nas conversas do seu pai enquanto minha mãe me questionava sobre como havia sido meu dia.

Já era tarde da noite quando o sr. Reynold teve de ir embora levando Mark consigo, me despedi do garoto e logo após subi para o meu quarto deitando em minha cama e encarando o teto.

Mark é um bom garoto. Sorri fraco e chequei o relógio ao lado da minha cama, era hora de dormir. Troquei de roupa e me deitei novamente na cama, dessa vez, pondo minha cabeça sobre o  travesseiro e deixando que meus pensamentos flutuassem sobre as palavras que Mark havia me dito hoje. Infância, namorada, basquete, uma simples conversa, e eu já havia descoberto que o garoto do basquete é bem mais fascinante do que eu achei que era.

Na manhã seguinte, fiz todo o meu processo matinal. Me despedi da minha mãe e segui meu caminho para o colégio, com a minha velha amiga, estava com tempo apertado, por isso tinha que chegar mais rápido. Deixei minha bicicleta no bicicletário e me apressei até o armário a fim de pegar meus cadernos para as matérias do dia.

Abri a superfície de metal e peguei meus cadernos de história e geografia. Terminei de arruma-los dentro da minha mochila e a coloquei em minhas costas novamente. No momento em que fechei a porta de metal, eu vi o rosto de um garoto por trás e me assustei dando um passo para trás.

— Ah, Deus, que susto! - Pus a mão em meu peito expressando surpresa enquanto rodeava meu corações voltar ao normal, o garoto riu, ergui meu olhar e vi um rosto familiar. — Você é o Bambam, certo?

— Eu mesmo, Bambam Kupimook Bhuwakul, prazer te rever, Jane. - Ele sorriu ladino e eu arregalei os olhos tentando entender todas as sílabas daquele nome.

— Idem, Bambam Kupimook Bhuwakul. - Falei pausadamente lembrando-me de todas as sílabas e ele riu.

— Bom, sei que está atrasada para aula, só vim te entregar isso. - Ele falou estendendo na minha frente um pacote de Oreo de morango, oscilei meu olhar entre o biscoito e seu rosto, então Bambam riu. — Pegue logo, é seu.

— Por que está me dando isso? - Questionei desconfiada, pegando no pacote do mesmo jeito.

— Agradecimento pelo pacote de ontem, menina do Oreo. - Ele disse e eu olhei para seu rosto que mantinha um sorriso sincero. — Por que não passa na mesa dos garotos na hora do intervalo e divide esse pacote comigo? Será muito bem vinda.

Bambam terminou sua sentença e acenou desejando-me uma boa aula, então se virou e saiu caminhando pelo corredor. Ok, isso é estranho, digo estranho de verdade. Eu tinha todos os motivos do mundo para ficar desconfiada, tinha mesmo. Bambam nunca havia trocado uma palavra comigo, então de repente me presenteia com um pacote de biscoito.

Eu acho que o Oscar de Leonardo DiCaprio alterou a ordem os acontecimentos terrestres na minha vida, primeiro aulas particulares com Mark Tuan, depois biscoito do suposto Bambam. Que droga, DiCaprio!

Balancei minha cabeça afastando todos aqueles pensamentos, olhei para meu relógio e vi que estava atrasadíssima para a aula. Merda! Disparei o mais rápido que lido até a minha sala de aula, ajeitei meu uniforme e cabelo antes de respirar fundo recuperando o fôlego da corrida e bater na porta.

A porta foi aberta segundos depois e eu vi os olhos do professor de sociologia me fuzilarem com apenas uma lançada de olhar. Me desculpei pelo atraso, mesmo recebendo uma pequena bronca por culpa dele. Me apressei em sentar em meu lugar, pus minha mochila sobre a mesa enquanto o professor pigarreava e voltava sua atenção à explicação no quadro.

Enquanto retirava meus materiais da mochila, reparei na ausência de uma pessoa. Olhei para os lados e cerrei o cenho. Onde está Victoria? Pisquei rápido e desci meus olhos para o celular no bolso frontal a minha mochila. Sorrateiramente, tirei o aparelho dali e vi no mesmo instante um trio de mensagens no ecrã.

Tori: Não vou poder ir à aula hoje.
Tori: Acordei bastante febril.
Tori: Me conte tudo sobre sua aula com Mark, na quinta! :)

Ri fraco e guardei o aparelho desejando melhoras automaticamente para Victoria. Ajeitei meus materiais e fixei minha atenção na explicação do professor. Desviei meus olhos do quadro achando tudo aquilo muito chato, então encontrei Mark, vendo-o, rapidamente espantei um sorriso que escapou dos meus lábios. É, observar Mark Tuan era mais interessante...

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanWhere stories live. Discover now