64. Without You

5.2K 652 408
                                    

Um tormento. O final de semana foi um tormento, lágrimas intermináveis brotavam em meus olhos, minha cabeça pesava assim como meu coração, que ardia em meu peito, queimando em arrependimento e decepção. Aquele tapa ecoava pela minha mente, fazendo-me soluçar a cada minuto, memórias de uma noite que eu dava de tudo par esquecer, me atormentaram durante da noite de sábado para domingo.

Traidor, traidor, traidor. Aquela palavra assombrava-me, e como eu desejava não te-la dito, como eu desejava não ter visto aqueles olhos decepcionados de Mark encarando-me, como eu desejava poder voltar naquela noite e não ter me envolvido com bambam, abraçado Mark, entrelaçado meus dedos nos dele e gelo dito que o amo, porque essa é a única coisa que eu tenho certeza.

Entretanto, eu não podia continuar engolindo aquilo, sofrendo calada, sentindo o ácido daquela situação respingar em minha pele. Eu não suportava ser mais a outra, por mais que eu soubesse que Mark me amava, e que não sentia nada por Bettany, eu não suportava vê-lo com ela, eu não suportava mais suprir em meus pulmões aquela vontade de gritar ao mundo que eu o amava.

E estando ciente de tudo isso, do nosso segredo, da nossa promessa, como ele conseguiu ter forças para me trair? Como ele pôde simplesmente queimar nossa história em uma noite de sexo com Bettany? Eu pensei que ele me amava, eu pensei que nós seríamos um eterno segredo.

— Jane, meu amor, você tá bem? - A voz suave e calma da minha mãe soou do outro lado da porta e eu sequei as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas, antes que ela abrisse a porta.

— Sim, mãe, está tudo bem. - Cruxei minhas pernas e forcei um pequeno sorriso, que saiu mais como um dolorido. Minha mãe cerrou o cenho e sentou na borda da cama analisando minha elxressao e enxergando no fundo da minha alma que não havia nada bem comigo.

— Você tem certeza? - Ela perguntou e eu prendi um soluço em minha garganta sentindo meus olhos marejarem novamente ao ver o olhar zeloso e preocupado da minha mãe cair sobre mim. Sua mão pôs uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e continuou. — Lembre-se, a dor compartilhada é menos sentida.

Foi quando eu abaixei minha cabeça e desfaleci em lágrimas nas palmas das minhas mãos. Os braços da minha mãe rapidamente envolveram meu corpo enquanto eu soluçava dolorosamente contra minhas mãos. Minha mãe ajeitava meus cabelos e acariciava minhas costas dizendo que tudo ficaria bem.

— É sobre ele? - Ela perguntou e eu assenti secando as lágrimas grossas que deixavam um rastro brilhante em minhas bochechas. — Oh, amor, vai ficar tudo bem...

— Está na hora de você juntar meus cacos, mamãe...

M A R K

— Mark, saia do quarto, você não comeu desde de manhã. - A voz grossa do meu pai ecoou pelos quatro cantos do meu quarto, se misturando dos meus soluços e me tirando dos mar escuro e profundo que era meus pensamentos.

— Não, eu não tenho fome. - Respondei encarando minha janela aberta, que dava-me a visão para um céu estrelado.

— Susan fez lasanha, sua favorita. - Ele disse e eu sequei os rastros de lágrimas deixados pelas lágrimas pesadas por onde ali passaram.

— Diga àquela vadia que eu não quero nada que venha dela, aproveite e avise-a para não dirigir a palavra à mim dentro dessa casa, eu não quero ser preso por agressão. - Limpei minha garganta e ouvi uma forte batida do punho do meu pai contra a porta do meu quarto.

— Garoto, você tem noção do que está falando? Saia desse quarto e peça desculpas à Susan! - Ele ordenou e eu ri nasalado deixando minhas costas cair sobre o colchão e meus olhos paralisarem encarando o teto.

É tudo culpa dela. Sempre foi. Suspirei sentindo o nó se voltar a formar-se em minha garganta enquanto meu pai continuava a bater contra a porta, mas sua voz havia se tornado apenas um eco pois o que meus ouvidos ouviam eram as risadas de Jane, sua voz chamando meu nome e cantando seus sentimentos para mim.

Então, era aquilo que a literatura clamava como amor? Esse sentimento tão angustiante de não ter a pessoa amada ao seu lado, e a terrível insegurança de talvez nunca mais recupera-la? Não gosto desse amor, quero o amor que sinto quando Jane sorri, ou cora suas bochechas, abraça-ma forte e me faz cafuné até que eu pegue no sono, eu quero esse amor.

Só que errei. Errei como homem, errei como pessoa, errei com Jane. Eu não devia ter ouvido aquela mulher, não deveria ter me preocupado com as consequências, devia ter posto Jane em primeiro lugar. Estou tão farto dessa chantagem, de ser usado como moeda de troca. Mark, saia com Bettany. Ela quer sua atenção. Mark, beije Bettany. Ela quer seu beijo. Mark, dê carinho à Bettany. Ela quer seu toque. Mark, faça amor com Bettany. Ela quer seu corpo.

Corri as mãos pelo meu rosto recostando minha cabeça sobre o batente da cama e deixando meus olhos, de visão turva, encarar as longas cortinas em meu quarto. O tecido branco bagunçava enquanto meus olhos baixos e frustrados o encaravam. Milhões de coisas cruzavam minha mente e eu tinha a impressão de que se eu ficasse mais tempo trancafiado em meu quarto, eu morreria sufocado por eles.

Me levantei da cama e vesti um casaco de moletom, calcei um par de tênis e saí do quarto. Meu pai não estava mais na porta, suspirei e baguncei meus cabelos cobrindo-os com o capuz. Desci as escadas e a figura de Susan cozinhando na cozinha apareceu em meu campo de visão, ela notou minha presença e se virou largando o pano de prato e olhando minha figura cruzar a sala, ignorando sua presença.

— Aonde pensa que-

— Cala a sua boca. - Cuspi as palavras enquanto abria a porta e passava pelo batente, batendo-a na madeira, com força suficiente para fazer a fundação estremecer.

Eu só queria pensar, eu só queria poder respirar o ar de algum lugar puro, algum lugar onde eu pudesse organizar meus pensamentos, eu terminar de me afogar neles. Eu tinha duas opções e uma escolha. O parque, onde eu podia sentar e ficar observando as estrelas enquanto deixo as lágrimas pesadas ainda restantes em meu canal lacrimal escorreram pela minha bochecha. O bar, onde eu podia fazer tudo isso, e ainda beber.

Bom, àquela altura eu já havia feito minha escolha. Adentrei no estabelecimento, que tinha aroma de cigarro e álcool, o ambiente era escuro, haviam poucas luzes iluminando a prateleira com as bebidas e as banquetas perto do balcão. Sentei em uma delas e apoiei meus cotovelos sobre o balcão, então chamei pelo barman.

Uma rodada de whisky para os corações quebrados dessa noite.

O líquido contaminava minhas veias, alterando meu estado emocional, embaçando minha visão e restringindo meus movimentos. E eu chorava, chorava como um bebê desamparado, engolindo mais uma dose e tentando fazer aquilo parar, mas só piorava. Eu sabia que tudo o que eu precisava não estava dentro daqueles copos, mas eu era tão idiota, eu continuava insistindo em achar que álcool era o elixir do esquecimento. E continuava a tentar esquecê-la, quando o que eu mais queria, era ser perdoado por ela.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanWhere stories live. Discover now