22. Fluorescent Adolescent

8.9K 1.1K 415
                                    

Era segunda feira de manhã, o resto do final de semana havia servido de reflexão. E naquele momento, Young Folks ecoava pelos meus fones enquanto eu pedalava até o colégio. Via os carros passando enquanto sentia os fracos raios de sol da manhã iluminando meu rosto.

Por um momento esqueci de Mark, de toda aquela confusão que ele havia feito em minha mente e coração, e apenas senti a brisa matinal revigorar meus poros e fazer um pequeno sorriso florescer em meu rosto.

Era tudo aquilo o que uma adolescente de 17 anos precisava para esquecer dos problemas que seus hormônios à flor da pele lhe causavam, uma boa música, um bom humor e uma boa brisa.

Cheguei ao colégio deixando minha bicicleta no bicicletário e fazendo meu caminho até o pátio do local. Encontrei Victoria sentada em um dos bancos e logo me juntei à ela, recebendo um sorriso e um abraço da menina.

— Como foi o final de semana? - Ela questionou e eu dei de ombros, já bem resolvida comigo mesma.

— Nada demais, meus pais me obrigaram à ir num churrasco, acredita? Tive que suportar aquelas conversas chatas de adultos. - Falei e ela revirou os olhos só de imaginar a cena.

— Nem me diga, minha mãe me obrigou à sair para comprar um vestido para o casamento do meu primo. - Ela se levantou junto de mim assim que o sinal bateu.

— Mas eu pensei que você gostasse de ir às compras. - Suspeitei e ela fez uma expressão irônica.

— Só quando eu saio com roupas estilosas nas sacolas, não um vestido semelhante ao da Madre Tereza de Calcutá! - Ela esclareceu e eu ri enquanto fazíamos nosso caminho até a sala de aula.

Sentamo-nos em nossas respectivas carteiras e aguardamos até o início da aula. O professor de filosofia entrou e todos se assentaram acomodando-se em seus lugares. No mesmo momento, três batidas foram ouvidas na porta.

Ergui meu olhar para a superfície de madeira e percebi o olhar de desgosto no rosto do professor ao vê-lo caminhando até a porta para recebe o aluno atrasado. A porta foi aberta me dando a visão de Mark com os cabelos bagunçados, a blusa social do uniforme amassada e a gravata enrolada envolta de seu colarinho.

— Sr. Tuan... - O homem o olhou com desprezo checando as horas em seu relógio de pulso. — Está oito minutos atrasado.

— Por favor sr. Thompson, eu não posso mais ter faltas registradas na aula do senhor. Eu me atrasei por culpa do trânsito! - Mark se explicou coçando a nuca deixando uma expressão preocupada escapar em seu rosto.

Eu cobri minha boca escondendo uma risadinha pela situação em que Mark se encontrava. Os olhos do moreno encontraram-me no canto da sala mutando minha risada, então me lançou um olhar de reprovação. O professor o olhou de cima à baixo em seguida soltando um suspiro, então se virou deixando o garoto entrar. Mark agradeceu e fechou a porta entrando na sala.

O professor voltou à sua explicação no quadro e Mark se sentou em sua carteira na frente da minha. Cessei minha crise de risos e me endireitei na cadeira voltando minha atenção para a aula. Entretanto, por um momento movi minha atenção para Mark e não perdi a oportunidade de tirar uma com a cara dele.

— Andou bebendo demais com os garotos de novo? - Questionei usando de acompanhante dessa frase uma risadinha debochada.

— Nos viramos a noite passada, e me orgulho de ser o único presente na escola hoje. - Ele disse se virando e me lançando um olhar sonolento.

— Como acha que vai aumentar suas notas virando noites, Mark Tuan? - Questionei e ele sorriu ladino.

— Com a ajuda da inteligentíssima Jane Lewis. - Ele piscou tocando seu indicador na ponta do meu nariz, revirei os olhos fingindo desprezo e ele fez biquinho. — Você sabe que eu me esforço.

— Então, se esforce mais. - Dei um peteleco em sua testa e ele gemeu massageando a área atingida. — De onde veio esse tem mais, então é melhor você estudar pois as provas finais estão chegando.

— Certo, mãe. - Ele grunhiu e se virou para frente voltando sua atenção para a aula.

O professor foi interrompido outra vez por culpa de um inspetor azarado que viera avisar ao sr. Thompson que a presença dele era requerida na sala da diretora. O professor bufou e deixou a classe copiando as frases no quadro enquanto saía da sala para saber o que a diretora queria com ele.

Foi o momento em que os alunos largaram as canetas e se espreguiçaram se levantando para conversar, pegar seus celulares ou fazer qualquer coisa que não fosse seguir as ordens do professor.

Mark se levantou se espreguiçando e correndo as mãos pelos cabelos interrompendo minha cópia assim por chamar meu nome.

— O que foi? - Perguntei à ele percebendo de soslaio que Victoria olhava a cena.

— Minha mãe não me ensinou a colocar uma gravata. - Ele deu ombros e estendeu a gravata na minha direção enquanto lutava contra seu sono para manter um sorriso simpático em seu rosto.

— É sério? O que faz o senhor pensar que eu sei como colocar uma gravata? - Perguntei largando a caneta e cruzando meus braços.

— Você é inteligente, sabe de mais coisas que eu, aposto que colocar uma simples gravata no idiota que faz cestas não deve ser tão difícil assim. - Ele soltou uma risada sem graça e eu sorri para meu colo me levantando.

— Argumento válido. - Ri fraco e me levantei pegando a peça vermelha carmesim e envolvendo o colarinho de Mark, comecei o processo de nós e movimentos.  Olhei para Victoria e a vi encarando a cena com a caneta entre seus dentes. — Ah, Mark, estou para te apresentar minha amiga desde semana passada. Essa é a Victoria.

Sorri para a menina que rapidamente largou caneta recebendo um sorriso e um aceno de Mark que se mantinha imóvel enquanto eu terminava de encaixar a gravata em seu colarinho.

— Eu a conheço de vista, mas é um prazer ser formalmente apresentado à você, Victoria. - Ele riu e eu ajeitei a gola de sua blusa desamassando-a e deixando acidentalmente o perfume masculino ali impregnado mexer com meus sentidos... Merda, Mark. Limpei a garganta e me afastei. — Os garotos não vieram hoje, por que vocês duas não se sentam comigo no intervalo? Não gosto de ficar sozinho.

— Claro! Seria ótimo. - Victoria não deixou nem mesmo eu falar algo. — Não é mesmo, Jane?

Assenti sem saída e suspirei trocando de carteira com ela facilitando a conversa dos dois. Victoria só precisava de um empurrãozinho para falar com Mark, fiquei feliz pois ela parecia realizada ao trocar palavras com o garoto que ela tanto tinha vergonha de dizer um simples oi.

Entretanto, eu ainda sim sentia um incômodo na barriga pois ela não parava de olhá-lo com um brilho nos olhos, e pois sua risada harmônica se encaixava perfeitamente com a dele, ou talvez pelo fato dele perceber os flertes dela e flertar de volta. Não é ciúmes, é só um incômodo, é só um verde incômodo.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanWhere stories live. Discover now