10. Tears And Feelings

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Uma palavra resumiu minha tarde: chata. Não que fosse diferente das outras, porque eu não faço nada à tarde inteira e me sinto super bem quando chega a noite, mas naquela tarde, algo estava me faltando, eu sentia um sentimento de vazio.

Meus pais ainda estavam no trabalho, ambos enviaram-me uma mensagem avisando que chegariam um pouco mais tarde. Suspirei e me levantei da cama indo na direção da janela em meu quarto, apoiei meus cotovelos nela e ergui meu olhar. O sol já havia sumido por trás das casas daquela vizinhança e as estrelas exibiam seu brilho destacando-se no céu noturno.

Já agradeceu por elas hoje? Me lembrei das palavras do garoto do basquete e ri fraco. Fechei os olhos levemente e fiz um breve agradecimento por aqueles belos pontos brilhantes no céu. Abri meus olhos novamente, mas dessa vez eles estavam baixos e eu enxerguei a quadra de basquete ao lado da minha casa.

Um dos postes estava apagado, deixando parte da quadra mal iluminada. Semicerrei os olhos e percebi que ali, naquela porção de cimento que mal recebia luz, havia uma pessoa sentada. A cabeça baixa com as mãos cobrindo o rosto, era um garoto. Seu corpo tremia, ele parecia estar... chorando.

Me inclinei e o garoto correu as mãos pelos cabelos expondo seu rosto me dando a chance de reconhecê-lo. O que?! Era Mark. Ele estava chorando?! A luz do poste em funcionamento refletiu nas no rastro de lágrimas em seu rosto e pisquei rápido. Mark Tuan... chorando.

Eu não hesitei. Não hesitei em pegar o primeiro casaco que vi e descer as escadas correndo enquanto vestia a peça. Abri a porta com força batendo-a mais forte ainda, apertei meu passo até a quadra, então parei há alguns metros do garoto sentado escondendo as próprias lágrimas. O que aconteceu?

— Mark? - Eu perguntei ofegante pela corrida e com o coração pesado por culpa da preocupação.

Ele ergueu o rosto me deixando ver seus olhos vermelhos e um par de rastros brilhantes provocado pelas lágrimas. Eu me aproximei me ajoelhando em sua frente, não tendo certeza sobre o que fazer. Nunca vi Mark Tuan chorando, onde está aquele lindo sorriso?

— Jane... Jane Lewis? - Ele perguntou e eu me atrevi a tocar em seu rosto passando meu polegar sobre as lágrimas que teimavam em escorrer por suas bochechas.

— O que aconteceu? - Questionei olhando em seus olhos. E como eu desejava não te-lo feito, porque naquelas intensas orbes escuras, cujas quais antes eu via brilho, agora, apenas dor. Não, não, aquele não é o Mark Tuan que eu conheço. Me apressei em secar suas lágrimas com a manga do meu casaco. — Tudo bem... Tudo bem se não quiser me contar...

— O que faz aqui fora? - Ele perguntou acompanhando meus movimentos com os olhos. — Está tarde, você deveria estar em casa.

— Vim secar suas lágrimas, Tuan. - Respondi afastando minhas mãos de seu rosto. — Mas eu posso ir, se preferir chorar sozinho.

No mesmo instante, Mark segurou minha mão direita e me puxou para si, envolvendo meu tronco com seus braços e me apertando entre eles, me dando um quente abraço. De início eu arregalei os olhos pelo toque repentino, mas logo o calor nos braços do garoto fez meu corpo relaxar sob seu toque. Então, cedi, envolvendo meus braços envolta de seu pescoço e deixando minha cabeça repousar sobre seus cabelos.

— Fique. - Ele disse com a voz abafada pela minha blusa, onde seu rosto estava enterrado. — Assim...

Minhas mãos foram até seus cabelos, deixando meus dedos entrelaçarem-se em seus fios castanhos, que naquele momento tinham um perfume doce de baunilha. O que fez um sorriso melancólico florescer em meu rosto.

Eu suspirei sentindo a respiração acelerada dele, por culpa das lágrimas, bater contra o pano da minha blusa. Mark, naquele momento, parecia tão vulnerável àquele momento, vítima de um motivo que fez seus olhos derramarem lágrimas e suas mãos cobrirem seu rosto tentando esconde-las.

— Não chore mais... Não, Mark, por favor... - Eu pedi quase que em tom de súplica ao ouvi-lo começar soluçar baixinho outra vez. — Mark, olha pra mim. - Eu pedi e ele ergueu o olhar, deixando uma lágrima escorrer pelo canto de seus olhos. — Não desperdice esse sorriso lindo que você possui.

— Eu pensei que você não gostasse do meu sorriso... - Ele falou ainda em voz de choro e eu ri nasalado.

— Eu nunca disse que não gostava, posso ter dito que seus dentes são dentinhos de dinossauro, mas nunca disse que não gostava. - Comentei e ele fechou os olhos com força sorrindo fechado. Isso... um sorriso.

— Eu não tenho dentinhos de dinossauro. - Ele protestou manhoso e eu ri.

— Ah, você tem sim. - Então, ele deixou um sorriso escapar.

Mesmo que eu ainda continuasse aflita por não saber o motivo que havia levado Mark a se encontrar sozinho chorando naquela quadra, te-lo sorrindo já acalmava meu coração, que não mais pesava tanto em preocupação. Havia algo que tirara o sorriso de Mark, mas eu sabia que ele não iria me contar tão cedo. E eu não o questionaria, não faria nada que me arriscasse a perder aquele sorriso outra vez.

Eu não sabia do que se tratava aquele sentimento repentino em meu peito, esse peso em meu coração. Era só Mark Tuan, o cara do basquete, chorando, por que eu estou assim? Ele não me deve satisfação alguma, ele era para significar ninguém pra mim.

— Quer entrar? Você pode lavar o rosto e esfriar a cabeça. - Sugeri  me afastando de seu toque e me levantando. Ele ergueu o olhar para mim secando o pouco de lágrimas que restava em suas bochechas.

Então, limpei minhas mãos e estendi uma delas na direção dele. Mark sorriu pegou nela aceitando minha ajuda. Ele se levantou com a minha ajuda e correu as mãos pelos cabelos respirando fundo.

— Obrigado pelo convite, mas seu abraço já me ajudou a esfriar a  cabeça, Jane Lewis. - Ele sorriu tocando com o indicador na ponta do meu nariz.

Mark, então, rapidamente pôs ambas as mãos em minhas bochechas se aproximando. Dei um passo para trás surpreendida pela ação repentina, mas ele deu um à frente aproximando seus lábios da minha testa.

Então... Pop! Ele deixou um breve beijo ali, se afastando em seguida e me deixando estática. O que você fez, Mark Tuan? Senti a temperatura do meu rosto subir e pisquei rápido ainda descrente do que havia acabado de acontecer.

— Obrigado, mais uma vez, Jane. - Ele falou e sorriu fraco me deixando um breve aceno. — Até amanhã...

Ele se virou e começou a caminhar. Meus olhos os acompanharam até perdê-lo de vista, meu corpo se mantinha estático enquanto eu via  Mark Tuan desparecer no horizonte. Levei minha mão direita até a testa, passando meu indicador pelo local beijado. Então, abaixei meu olhar, correndo minhas mãos pelos cabelos e caindo em si.

Esse garoto... Suspirei.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanWhere stories live. Discover now