65. Society Is A Bitch

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J A N E

O sol nascia pela manha e seus raios luminosos incomodavam minhas pálpebras. Me revirei na cama, já ao som do me despertador. Eu não tinha desejo algum de sair da cama, mas receberíamos o boletim naquele dia, ou seja, eu tinha de ir à aula. Me levantei da cama a contragosto e caminhei até o banheiro parando na frente do espelho e observando meu reflexo. Meu corpo estava dolorido, meus olhos mais ainda, um par de olheiras se mantinha sob meus olhos e minha pele, empalidecida. Honestamente, eu parecia ter saído de algum dos filmes de Tim Burton.

Enfiei meu corpo sob da água quente do chuveiro e passei alguns bons minutos pensando em alguma escapatória, afinal eu não queria encontrá-lo, não queria vê-lo, sentia que eu hesitaria ou faria algo de errado. Entretanto, àquele ponto eu não sabia mais distinguir o errado do certo.

• • •

Meus passos lentos me faziam cruzar os portões principais do colégio, meu olhar baixo,a s  mãos enterradas nos bolsos do  moletom, o capuz cobrindo meus cabelos e uma música triste ecoando pelos meus ouvidos. A típica cena da adolescente de coração partido foi interrompida por um toque sobre meus ombros (não, não era Mark). Me virei tirando um dos fones e encontrei o rosto de Victoria.

— Hey, tudo bem com você, Jane? - Ela perguntou analisando meu rosto com uma elxressao preocupada em seu. — Você parece...

— Acabada? Eu sei. - Ri fraco e tirei meu capuz tirando meu outro fone e o enrolando no celular, em seguida guardando-os no bolso do moletom.

— Eu não diria acabada. - Ela sorriu ajeitando uma das mechas do meu cabelo e eu suspirei.

— Vamos, o sinal já vai bater e nós ainda temos que passar no armário para pegar o material da primeira aula. - Ela assentiu e nós seguimos para a entrada do prédio escolar.

Subimos um lance de escadas e meus olhos encontraram um grupo de meninas sentadas nos degraus da escada. Elas examinaram meu corpo, que se aproximava ao lado do de Victoria, de olhos semicerrados. Então, começaram a cochichar entre elas, e entre o burburinho e os alhos repreensíveis eu ouvi foi ela que ficou com Bambam na festa? Sim, a mesma que beijou Mark! Não é uma piranha? Sim! Que ridícula, todos sabemos que ele tem namorada. Quem ela acha que é?!

Fechei meus olhos sentindo aquelas palavras caírem como óleo quente sobre meu corpo. Forcei meu maxilar e peguei no pulso de Victoria puxando-a e acelerando nossos passos, afastando-nos do grupo, que acompanhava-me com olhos aversivos. Eu não queria admitir, mas aquelas palavras haviam me machucado, e meus olhos marejavam, beiravam transbordar. Todavia, eu não podia deixar Victoria ver-me naquele estado.

— Tori, por favor, pegue meus materiais eu não estou passando bem, vou para a enfermaria. - Falei escondendo meu rosto com as mechas de meu cabelo. Victoria olhou-me preocupada.

— Tem certeza que está bem? Jane? - Ela perguntou tentando ver meu rosto, mas eu me afastei.

— Preciso ir, faça esse favor para mim.

Então, eu virei as costas e voltei pelo corredor, apressando meu passo e limpando as lágrimas que escorriam pela pele das minhas bochechas. Agora eu era a vilã? Eu não pensava que Mark era tão intocável assim, não imaginava que alguém poderia distorcer uma realidade assim apenas para livra-lo de uma condenação, a traição. Não pensava que a sociedade era tão machista àquele ponto.

Perdida em meus pensamentos e desesperada para encontrar um lugar seguro. Meu corpo se chocou contra o de outra pessoa. Dei dois passos para trás reequilibrando-me, então ergui minha cabeça. Era Yugyeom. Arregalei os olhos e os dele encararam meu rosto por um momento, transformando sua expressão tranquila em uma preocupada.

Jane? Jane Lewis, você tá chorando? - Ele piscou algumas vezes e eu sequei rapidamente os rastros que denunciavam a derramada das lágrimas.

— Não, entrou um cisco no meu olho, estou indo na enfermaria. - Falei rápido e tentei passar por ele, mas Yugyeom e sua figura alta me impediram, bloqueando o caminho.

— Entrou um grande cisco, então. - Ele olhou em meus olhos, reconhecendo minha mentira e eu grunhi abaixando a cabeça. — Bambam quer conversar com você, estava te procurando.

— Diga à ele para me mandar uma mensagem. - Falei rápido e tentei passar outra vez, mas Yugyeom segura meu pulso e puxa-me na direção oposta. Fazendo meu corpo se desequilibrar e chocar-se contra seu peitoral.

Não basta Mark e Bambam? Agora Yugyeom? - Uma voz feminina, porém, desconhecida soou atrás de Yugyeom e o mais novo se virou vendo o mesmo grupo de garotas que cochichavam sobre mim na escada, agora olhando-nos com o mesmos olhos que me encararam mais cedo.

Você não cansa não, garota? - A outra complementou revirando os olhos  e cruzando os braços. Yugyeom cerrou o cenho se afastando de mim e se aproximando das garotas. — O que ela quer? O time inteiro?

As risadas ecoaram pelo corredor e eu fechei os olhos com força cobrindo meu rosto. Entretanto, em meio àquelas risadas rachadas e maliciosas, eu ouvi a voz de Yugyeom.

— Vocês quatro, fora daqui.

Yuggie? Pensei que você era mais educado! Você foi tão fofo conosco nos treinos das líderes de torcida.

— Sou educado com quem merece minha educação. E vocês acabaram de ofender a minha amiga, agora, fora daqui ou podem jogar no lixo o uniforme de torcida de vocês!

Tirei as mãos do meu rosto ao ouvir o gritinho assustado das quatro, que rapidamente apressaram o passo pelo corredor, sumindo da minha vista e dade Yugyeom, que se virou, olhando meu rosto, soltando um suspiro e enfim cruzando os braços.

— Você me deve uma. - Ele disse erguendo o cenho, o que me fez um riso nasalado e fraco escapar de mim.

— Bom, acho que sim. - Dei de ombros e ele recostou seu corpo sobre os armários.

— E vai pagar agora, dizendo: que diabos está acontecendo entre você, Bambam e Mark? Porque só hoje eu ouvi o nome de vocês três mais de quarenta vezes em conversas alheias.

Respirei fundo correndo as mãos pelos meus cabelos em um movimento de preocupação. Eu estava tensa, aflita, queria contar à Yugyeom o que estava acontecendo, eu precisava compartilhar com alguém minha dor, e minha mãe não estava ali para me ouvir como na noite passada.

— Aqui não é o lugar ideal... - Suspirei e olhei para os dois lados do corredor. — Vamos na cafeteria na esquina da escola e eu prometo que conto tudo o que você quiser.

Ele sorriu e pôs seus braços sobre meus ombros dizendo:

— Eu queria matar aula hoje de todo modo.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanWhere stories live. Discover now