Capítulo 21-Conselhos difíceis de acatar

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         Holly-

   
      Olho no meu relógio e vejo o quanto já está tarde. Ainda são umas três horas da tarde. Não fui ao colégio, não me sinto muito bem. Meu tornozelo dói um pouco ainda,mas me recuso a ficar parada e ando por toda a casa.

        Como sempre minha tia no trabalho e eu em casa sozinha. Normal. Super normal.

         Sentada no gramado da frente de casa vejo as outras casas e seus moradores. Está tudo completamente calmo, o de se esperar em uma segunda- feira.

       Uma brisa fresca chacoalha meus cabelos mau prendidos por uma mecha dele. Minha mente está sendo completamente consumada por certos pensamentos. Mais uma vez outra bagunça na minha vida.
        Sempre quis saber  quem havia matado meus pais,mas agora que descobri preferia não descobrir. Saber que ele havia matado meus queridos pais acabou me destruindo totalmente por dentro. Uma certa decepção tomou conta do meu coração. Sei que isso não seria grande coisa para ele mas é estranho essa ocorrência de fatos que nos conectam desde o passado. Eu só queria poder apagar, eliminá-lo da minha vida.
    
        " São apenas os sintomas precoces da paixão!"

         Merda! Maldita hora que minha professora Gwen disse essas bobagens .Isso é completamente ridículo.

         _________________________

       — Oi!—Levanto minha cabeça que estava apoiada sobre meus joelhos encolhidos e fito Gary com um sorriso doce nos lábios.—Sentiu minha falta?
       —Mas é claro! —Ele estende sua mão me ajudando a me levantar. O abraço bem forte.
       —Hey Holly vai com calma né?! Daqui a pouco você vai quebrar meus ossos se continuar me apertando nesse seu abraço de urso!
         —Cala a boca seu chato! Senti sua falta!

        Incrível, ficamos um dia inteiro sem nos ver e sinto tanta falta dele como se tivesse durado anos. Me solto de seus braços e volto a encarar seus olhos.
     
        —Que bom que veio Gary!
        —É eu sei que você não aguenta ficar sem mim!
        —Convencido! — Digo revirando os olhos.
        —Você quer sair comigo?
        —Sério?!
        —Sim, eu tinha te prometido que iria te contar como foi com meus pais lembra?
         —Ah sim, ta certo! Espera um pouquinho que já venho!
   
         Entro em casa e tranco as portas. Pego as minhas cópias da chave. Saio de casa e vejo Gary encostado no seu carro me esperando. Entramos e ele deu a partida.

       Hoje ele parece bem animado,falante e carismático.
       —Aonde vamos hein?
       —Eu pensei em irmos ao zoológico, soube que teve animais novos!
       —Que legal! Adoro animais!
       —Sério?! Que bom! Eu acho que é melhor você se divertir um pouco não acha?
      —  É, você tem razão!

        Depois de um longo tempo chegamos. O zoológico é maravilhoso, cheio de animais lindos e bem cuidados. Gary me leva para ver todos um de cada vez. Riamos feito dois idiotas, normal, afinal estavamos felizes.

      Ele puxa minha mão e nos sentamos em um banco. Observo os outros visitantes andarem para lá e para cá. Bebemos um suco enquanto ele dizia sobre o seu final de semana com os seus pais.
    
    —Poxa você tinha que ver a minha mãe, ela não saia do meu pé, toda hora era uma pergunta diferente!
    —Nossa que legal! Isso mostra que ela sentiu a sua falta!
    — Pois é, por um lado você tem razão! Foi meio difícil para eles deixarem que eu ficasse aqui morando sozinho! Tinha acabado de completar 18 anos!
      —Nossa, tudo isso era pressa de se livrar dos seus pais?
      —Não! Era por que eu preferi ficar aqui em vez de ir embora!  
       Assenti com sua resposta. Voltei minha atenção aos animais que conseguia ver sentada lá no banco.
     — Holly você Está bem ?
     —Hã?! Como assim? Por quê a pergunta?
    —Você está um pouco estranha, as vezes fica pensativa! Além do mais percebi que você está andan
do com uma certa dificuldade! O quê  houve hein?!
       — Não é nada demais! Eu acabei caindo e torci o meu tornozelo!
        — Será mesmo? Você não parece estar bem!—Ele me fita calmo esperando que  eu dissesse algo para responder sua pergunta. —Pode confiar em mim!
        Respiro fundo. Analiso minhas palavras antes de pronuncia-las. Insegurança toma conta de mim. Não sei se deveria lhe dizer tudo que estou sentindo, jogar para fora todo o ódio e confusão que me rondam. Porém, Gary está certo, somos amigos, o mais certo é confiarmos um no outro, imagino que se continuar com tudo isso dentro de mim irei explodir. Acho melhor contar-lhe o que posso,apenas uma parte.
     —Então, você tem algo para me dizer?
      —Não sei como te falar isso, seria como abrir meu coração e te dizer tudo que carrego em mim!
       —Está  tudo bem,estou aqui! —Um sorriso doce sai de seus lábios confortando minha alma.
      —Uma certa mistura de sentimentos está me corroendo por dentro,já tentei explicar isso à uma pessoa mas mesmo assim isso não passa, só piora!—Dou uma breve pausa. —Gary você acha possível sentir ódio e afeto por uma mesma pessoa?
        —Hmm, depende do caso! Se essa pessoa faz de tudo para te infernizar e mesmo assim você senti afeto por ela poderia ser normal, agora se você já odeia essa pessoa mesmo sem ter uma relação diria que seria diferente! Neste caso qual é a sua situação?
        —É que ...— Tento achar uma forma para não citar Jason.
        —Não precisa me dizer de quem se trata!— Afirma me dando um grande alívio.
         —Na verdade eu sempre odiei essa pessoa. Ele sempre me provoca,faz certas coisas que me machuca. Mas depois foram acontecendo algumas coisas que me fizeram mudar um pouco de ideia, não sei explicar direito.Ao mesmo tempo que sinto raiva também sinto pena pois sei que ele também passa pela mesma coisa que eu,a mesma dor!
       —Que dor?
       —A ausência de pais!
       —Ah sim, entendo! Quer saber o que deve fazer?
       —Sim,claro que sim!
       —Ignore as provocações! Não dê tanta atenção assim,ou melhor,não fique tão chateada! Ele apenas faz isso para ter sua atenção!
         —Sério Gary?!
         —Mas é claro! Raciocina  comigo!— Ele vira seu corpo ficando de frente para mim.—Você disse que ele também não tem pais, com certeza ele deve sentir a mesma solidão que você havia me dito que tinha.Compreenda que todo mundo tem uma forma de lidar com sua dor. Você sempre ajuda os outros obtendo alegria ao receber um sorriso de gratidão. E ele? Talvez a forma dele lidar com a solidão seja te pertubar, pois assim ele sabe que terá a sua atenção!
      
          Por um lado Gary tem razão, mas e se não for realmente assim ? Jason é sempre imprevisível, nunca consigo decifrar o que ronda naquela cabeça demoníaca dele.
       —Já que é assim  o que eu devo fazer? Teria que ignora-lo apenas?
       —Não, pois ele quer a sua atenção! Ignorá-lo só pioraria tudo. Por que não tenta se aproximar dele? Fazer uma amizade sólida e  bem sucedida igual à nossa?!
       — O quê? Nunca! Eu odeio ele, queria estrangula-lo!     

      —Ei,para que tanto ódio? Isso não vai ajudar em nada,não seja egoísta, imagine como ele se sente! Ele é tão ruim assim?

        — Mas é claro! Irritante!
        — Ah Holly, não fala isso,com certeza ele deve ter alguma coisa boa, você só tem que se esforçar, vai por mim, será bom para vocês dois! Você vai tentar né?!

       — Não sei!

       —Anda, para de ser chata,
tenta!

       —Ok então! Vou tentar!

   
      Acabei desistindo de dizer não. Afinal de contas Gary está certo, deve haver alguma coisa boa no cérebro de rato,só sei que irei ter muito trabalho para achar essa coisa boa.

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Amor psicopataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora