Capitulo 55-Saindo da escuridão

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       Holly-

    Eu queria poder dizer que aquilo não era verdade,queria poder dizer à mim mesma que não acabara de ver ele,mas isso é impossível. Por que isso tinha que acontecer? Agora que minha vida já está mais organizada ele volta assim tão de repente,envolvendo minha alma novamente.
      Não isso de novo não!
      Não posso me dar à esse capricho e agir igual à uma adolescente imatura de antes,já se passaram quatro anos,tenho novas responsabilidades,um trabalho para me preocupar,sobrinhos e um filho!
     Por incrível que pareça nesse meio tempo tive que lidar com a maternidade,não que tivesse sido fácil,estar grávida em plenos dezessete anos não foi fácil. Por sorte já havia terminado meus estudos,graças à ajuda da minha tia e minha irmã eu pude manter minha vida sem tanta loucura. Criei meu filho assim … sem uma figura paterna,tive que ser sua mãe e pai ao mesmo tempo,calando minha dor a todas às vezes que ele me perguntava sobre seu pai, a dor de ter que inventar alguma desculpa para explicar a ausência dele.

     A dor de me sentir abandonada e agora,sem mais nem menos ele volta destruindo todo o escudo que fiz para mim mesma.

    —Holly? Está me ouvindo querida?—Ouço minha tia me chamar,volto minha atenção à ela.—Está tão calada desde ontem… aconteceu alguma coisa?

    Respiro fundo,engolindo meu choro pronta para desabafar com minha tia que se tornou meu grande apoio.
   
     —Acontece que ele voltou…—Digo com minha voz embargada de tristeza.
  
      —Quem?

     Iria dizer mas meu filho Darwin entra na sala me interrompendo:

    —Mamãe já estou pronto!—Afirma animado sorrindo mostrando seus dentes claros e miudinho. Darwin é uma graça,tem os olhos claros e cabelo louro com um leve tom avermelhado,um pequeno príncipe que sempre alegra minha vida.
    —Ah sim,a mamãe já está indo tá bom?!—Dou um beijo em sua testa antes dele sair para fora e volto a falar com minha tia.—E enquanto a quem tia… eu me refiro ao pai do Darwin!

    Vejo os olhos de minha tia ficarem arregalados com minha resposta. Antes que dissesse qualquer coisa saio de casa antes que enlouqueça de uma vez. Não isso novamente não,merda!
     Prometi a mim mesma que não agiria por impulso novamente. Desde que ele se foi eu mudei minha vida,e não sei se estaria pronta para sua volta. Mas o que mais me machuca é esse amor que ainda pulsa dentro de mim,esse amor que sempre me machucou e que me fez tomar decisões estúpidas!

     —Ei mamãe… tudo bem? —Olho para o meu filho percebendo que não dei muita atenção à ele,estava em um parque com ele.
      —Tudo sim,não precisa se preocupar meu amor!—Sorri abraçando ele.—Quer alguma coisa?—Darwin aponta o dedo para um brinquedo ao qual não vi direito,levei ele até lá e deixei ele se divertir.

     Me sento em um banco descansando meu corpo. Por deus,minha cabeça dói de tanto pensar,e o pior é que comecei ter alucinações. Olhando para o horizonte eu vi Charlie acompanhado de outro homem ao qual pude ver que era seu irmão,não estavam muito distante da onde estava. Pensei que meu coração iria saltar pela boca,eu tentei não ser notada mas foi impossível,Charlie logo me viu.
     Pude ver um sorriso terno se formar em seu rosto,aquilo aqueceu meu coração de tal forma me deixando ruborizada,só deus sabe o quanto senti falta daquele sorriso,o quanto sonhava com ele,esperando sua volta. Mas não queria ter seu olhar em cima de mim,ele poderia ver Darwin e isso não estava em meus planos,não mesmo. Imagino que se ele tenha ido embora foi por que estar ao meu lado não está em seus planos e não quero obrigá-lo com o Darwin. Não quero ser mais um tormento em sua vida.

     Então por favor … me ignore!

      Charlie-

    Foi praticamente arrastado até aqui. Meu irmão viu que eu não estava bem e achou que se fossemos a um parque de diversões eu poderia 'esfriar' a cabeça. Isso funcionaria… se eu ainda fosse uma criança de cinco anos que ficou emburrada com os pais,mas não para mim. Isso não faz efeito.
    Permiti deixar meus olhos vagar por todos os lados,tentando achar alguma coisa para me distrair,e por incrível que pareça,um pouco distante da onde estava eu vejo ela… estava sentada em um banco e me encara um pouco contrariada,não pude conter meu sorriso. Só queria entender como ela fazia isso comigo,como podia me encher dessa sensação tão quente e aconchegante,essa alegria tão espontânea.
     Eu não me importaria de ficar aqui parado vendo ela,mas Holly se levanta,fugindo de mim se misturando com as outras pessoas. Por um momento abaixo a cabeça triste,sei que ela não deseja que entre em sua vida novamente,eu a entendo,mas eu não vou perder uma pessoa que amo de novo,nem por cima do meu cadáver.
    Corro entre as pessoas tentando achar Holly novamente,esbarro em todos que vinha sem nem me preocupar em pedir desculpas. Chego numa área mais vaga,dando mais chance de encontra-la,olho ao redor agoniado vendo minha salvação,ainda de costas ela andava apressada. Corri cortando nossa distância e segurei pelo braço puxando seu corpo contra o meu. Ter seus olhos perto dos meus,sentir sua respiração ofegante batendo em meu rosto,passo meus braços por sua cintura e abraço ela. Dando nenhum tempo para que reclamasse aperto seu corpo entre meus braços,sentindo seu cheiro confortante penetrando em minha alma.
   
   —Por que faz isso?—Ela encerra meu abraço e passa a me fitar.—Eu não entendo,você foi embora sem nem me avisar e depois de tanto tempo volta assim do nada. Por que brinca dessa maneira comigo? Por que me deixou?—Seus olhos estavam marejados.
 
   Abaixo a cabeça pegando em sua mão,volto meu olhar à ela,tentando passar tudo o que sinto.—Eu imagino que esteja magoada comigo,e com toda razão mas eu tive um motivo para isso.—Acaricio sua bochecha olhando ela com ternura.—Você me ensinou tantas coisas,me fez acreditar na vida,me deu motivos para sorrir e me amou intensamente… enquanto eu apenas fazia o contrário,eu sempre te machucava,e por isso e acabei tomando a decisão de me internar em uma clínica.

Amor psicopataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora