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Brad Wilson era a pior e mais estúpida criatura já concebida.

Eu tinha mais certeza disso que do ardor de meus cinco dedos emoldurados em vergalhões vermelhos, estrategicamente alocados em seu rosto apreensivo e surpreso, quase estúpido.

A cena se repetia no automático, como o filme de terror mal produzido da década de oitenta. Seus olhos azulados traduziam a mais profunda humilhação de quem nunca tivera caráter, tremeluzindo sob minhas meias palavras, enquanto ele montava a maldita cadela exatamente em nossa cama.

Deslizei o polegar através da tela do celular, observando odiosamente nossas fotos de natal na casa dos Wilson, a viagem até South Virginia nas férias de verão de dois anos atrás e até as imagens de Toddy, nosso recém falecido pug, que muito provavelmente morrera asfixiado com o perfume barato que a loira vulgar fazia uso e empesteara por todos cômodos

Duvidava se em qualquer um de seus beijos ou toques, cujos poderes sobre mim eram aterrorizante, alegaram um dia a verdade de um amor prometido, que agora me destroçava em algo pior que a raiva.

E eu sabia que me submergir em sorvete de creme e Pringles apenas subsidiariam assuntos suficientes para Brad comemorar meu sobrepeso, medo e ira incontestável contra o resto da humanidade de teor xy.

– Maldito mentiroso de merda. – Anunciei, engolindo outra colherada generosa do sorvete e mal dizendo cada estúpido suspiro que eu já lhe atribuíra, cada momento em que acreditei piamente que passaríamos o resto da vida juntos, como um casal e assim envelheceríamos, com dois filhos, um Golden retrivier, em uma casa na ensolarada Los Angeles.

Los Angeles.

Um batimento falho alertava como aquele terreno minado era perigoso. Nossos sonhos – agora destroçados – estavam todos semeados nos dias mornos e abafados da cidade, desde nossa última viagem de férias. O mar reverberando contra a costa e o céu claro pareciam o final feliz perfeito de um casal que estava junto desde do colegial até o fim da faculdade. Seis longos e desperdiçados anos de pura farsa e ilusão. Quantas outras vezes ele fora infiel e eu, tola, supus paranoia minha? Chegava a ter asco de mim mesma por tamanha tolice.

A TV era muito pior que a realidade, projetando casais felizes e corações inteiros, com se o amor representasse uma xícara cheia de sentimentos bons e cores vivas, enxertando em nossas cabeças ideologias capazes de segurar toda estrutura social e movimentar o mercado consumidor.

Um calafrio hesitante deslizou-me coluna a cima, reprovando com repulsa a ideia de que o dia dos namorados se aproximava. E era isso que eu fazia em Kerrville, no coração do Texas. Voltar para casa se tornara a única opção para permanecer parcialmente salva de todo furor romântico que Austin tensionava aquela maldita época do ano, a fim de me lembrar o fracasso densamente patético com Brad e sua infidelidade.

     — Kath, levante logo a bunda dessa maldita cama! — Ordenou minha irmã mais velha, eu podia ouvi-la antes de vê-la. — Isso não é um pedido!

     Protelei, criando uma barreira entre mim e ela com o edredom espesso. Meus gemidos em protesto eram ouvido há quilômetros de distância.

      — Vá você, Beth. Eu estou muito bem sozinha. — Afirmei, debaixo de uma chuva de puxões e protestos violentos.

       — Você está assistindo Grey Anatomy pela terceira vez! — Rugiu ela. — Se isso significa "estar bem", deus nos proteja!

        Com um estrondo, rolei ruidosamente até o chão, espatifando-me estabanadamente sob o piso. Beth, imersa em toda sua missão humanitária de salvar-me a vida, escolheu dentre suas roupas no guarda-roupas.

Mr. Bratv Where stories live. Discover now