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       (Dorian)

        As buzinas martelavam incessantes, mas sob uma chuva de xingamentos e gestos obscenos eu segurava minha última esperança de felicidade entre os braços.

          Contudo Katherine parecia atônita demais para se mover.

           A invasão de seu cheiro, de seu calor eram como a dose certa do remédio perfeito para selar meus pecados, minhas faltas. E de todas as coisas, ouvir o silêncio em meu peito assaltado pelo furor de sua respiração enfraquecia-me como uma droga, e eu me via ali: Dorian Bratv, de joelhos mais uma vez por uma mulher.

          Enterrei minhas mãos em seu rosto, fazendo-a parecer ainda mais frágil. Seu rosto pequeno expressava choque e ansiedade, e sob minha análise ela vacilava. Não me importei que ela constatasse o calor de meu peito, de meus batimentos quando assim me abraçasse. Aquela altura, eu tinha entregue os ponto e mostrado minhas cartas.

           Talvez... talvez fosse a última chance, minha redenção. E eu sabia muito bem que a merecia muito menos que Ian, muito menos que qualquer. O pensamento lançou-se violento contra minha culpa, meus arrependimentos, rasgando-me em dois. Contudo, eu não podia fechar meus olhos daquela vez e ver meu irmão levar meu coração consigo, mesmo que eu merecesse todo e qualquer sofrimento que ele me infringisse.
Infelizmente eu não podia negociar com meu sentimentos e a constatação das consequências do passado me faziam cada vez mais convicto que mesmo que o Karma existisse, eu contrariaria todo universo para ter-la em meus braços.

— Entre no carro. — Pedi, deslizando meu polegar por sua bochecha. A expressão de dor instalou-se em seu rosto e ela suspirou.

— O que... o que porra é isso Katherine?!

Meus olhos correram para ao mulher ao lado. Até aquele momento eu não tinha sequer desviado minha atenção para ela. Tinha cabelos escuros e uma pele castanha e amendoada. Seus olhos violentos direcionavam-se para mim, como dois tanques de guerra. Não havia nada de pouco naquela mulher. Ela era como uma tempestade explosiva com trovões e tornados, e antes que eu pudesse protestar ela puxou Kath pelo braço para longe e se pôs entre nós.

— Já chega Kath, ou você me explica que merda é essa que você me meteu, ou vou que socar seu amigo bonitão até que ele me diga. Você escolhe.

Quis rir. Ela parecia um pincher com raiva.

— Bethanne, por favor...— Anunciou Kath, tocando a mulher no braço com delicadeza. — Por favor.

As duas entreolharam-se por um longo e decisivo segundo. Os olhos de Kath eram cansados e profundos, com sulcos e roxidão de quem não tivera descanso. Então a outra mulher desistiu, aceitando a decisão a contragosto, depois de me enviar um olhar mortal.

— Espero você no hotel. — Afirmou a garota. — Nós duas precisamos conversar. Você me deve isto.

Katherine assentiu, beijando a garota na bochecha um segundo antes de dar de ombros, encarar-me e caminhar apressadamente até o carro. Eu e Bethanne trocamos um olhar frio e bélico e eu esperava que minha conversa com Kath arruinasse o plano das duas.

Eu estava levando aquela mulher de volta para minha vida.

Caminhei ansiosamente até o carro, fechando a porta rapidamente antes de ligar a ignição e acelerar ferozmente, marcando os pneus no asfalto e trocando a marcha antes de liberar o trânsito. Que fosse à merda a polícia, o Estado e as leis. Eu precisava levá-la para longe de tudo aquilo, precisava mostrá-la quem eu era, ou que a parte boa de mim. Mesmo que ainda não soube-se como.

Mr. Bratv Where stories live. Discover now