18.

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(Ian)

Não bastava. Aquele beijo era pouco, pouco demais. No zunido de minha mente, eu apenas ouvia sua voz, sentia sua respiração.

A pele morna e delicada estava tingida de um rubro cálido onde meus dedos buscaram conforto, revelando uma presença minha sobre ela que me cegava, provocando uma fome tenebrosa, de uma cor violenta.

Era assustador como eu desejava aquela mulher. Assustador como era subjugado por seu olhar lascivo sobre mim, compartindo o mesmo prazer que eu.

Ela não pode responder a minha última intimação, o que me provocava profundamente. Havia um consentimento em seu silêncio, mas também uma duvida angustiante em seus olhos. E aquilo me atormentava, enquanto eu tentava inutilmente decifrar o que havia implícito, tudo que a fazia hesitar quanto a mim.

Estava me rendendo. Aquela altura era inútil negar, fingir. Era inútil, porque voltar atrás seria impossível, não quando eu tinha sentindo seu corpo, seus lábios mais uma vez. E eu me arrependeria do caminho que estava trilhando, simplesmente porque era errado. Era errado para ela, que não merecia um homem dividido, para mim que assumia de uma forma ou outra a ausência de Carol, como se a estivesse substituindo...

Afastei o pensamento, lutando contra todo misto de sentimentos e contradições que me faziam temeroso, inferior. Naquele momento, ao menos naquele, eu gostaria de ter nos olhos dela o conforto de não sentir aquilo sozinho. Precisava de sua verdade explosiva, de seu desejo recíproco.

Precisava que fosse eu, que ela se enchesse de mim e não de Dorian. Não daquele... não dele.

E pensamento me aborreceu profundamente, porque eu sabia que Dorian era capaz de oferecê-la tudo que eu podia e muito mais. Ele era capaz de se doar por inteiro, porque ele estava inteiro. E aquilo me fazia sentir egoísta e patético. Pareceu-me que eu estava roubando a chance de que ela fosse feliz de verdade e de que meu irmão também encontrasse a felicidade. Apesar de tudo, Dorian era leal e dedicado, o faria por Kath. Mas para mim era impensável, inconcebível que ela fosse dele, simplesmente porque eu não podia evitar a necessidade de fazê-la minha.

"Ela não é uma de suas garotas, Ian. Ela nunca vai ser. Se quiser ter-la, precisará abdicar. Você está pronto para abrir mão de que?"

Respirei fundo, precisava voltar ao controle de mim mesmo. Precisava raciocinar claramente, mas era tudo que a presença de Katherine evitava. Meus olhos sempre acabavam voltando para os lábios entreabertos dela.

Deixando um quase gruindo furioso escapar-me os lábios, retirei o blazer e entregando-a. Como era difícil concentrar-me com suas pernas abertas ao meu redor, tão deliciosamente convidativas. Utilizava todo meu auto controle para não avançar, para não levá-la para cama, mesmo que aquele desejo me consumisse desesperadamente.

— Vamos. — Pedi, depositando um beijo na maçã corada de seu rosto, rapidamente traçando uma caminho suave nos limites de seus lábios, uma tentativa vã de limpar o batom agora borrado.

Kath pensou por um segundo, fechando os olhos por um segundo quando meus olhos voltaram a tocar-la. Digladiava-me comigo mesmo para resistir, para protegê-la de meus ímpetos.

Finalmente, rápida e sutilmente eu a tomei nos braços e a devolvi ao chão. Perceber que ela estava débil agitou meu ego, alimentando o fogo com folhagem seca. Seus olhos eram indecifráveis quando me fitou.

— Por que você está fazendo isso? — Sua voz era uma súplica velada de quem temia, uma súplica repleta de autoridade e veemência.

— Porque sou egoísta. Porque sou cretino demais para fazer a coisa certa. — Fui sincero, acariciando com o polegar seu queixo, como por necessidade de estar em contato com ela. — A verdade, Katherine Hors, é que não sou forte o suficiente para ficar longe de você, mas não sou bom o suficiente para lhe oferecer o que você deseja.

Mr. Bratv Where stories live. Discover now