38.

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(Kath)

De todos os ângulos que eu observava, aquela história não precisa real. Meu rosto ardia com a vergonha da situação e, por Deus, eu sabia que não devia perdoa-lo.

Ele também o sabia. E agora não estava mais me levando ao hall do hotel.

Eu mal podia engolir a verdade por trás daquele homem. Mas ao invés de ser invadida pelo medo, eu era apenas rancor e tristeza. Parecia submersa, sem ar.

— Eu conheço Austin com a palma das minhas mão, Dorian. Onde estamos indo?

     Os olhos dele não vacilaram ao meu redor. Minha mente era um turbilhão. A verdade era que todos nós estávamos errados. E cada um seguia sofrendo por seus próprios pecados, defeitos e medos. Dorian não era diferente. Aquela não era uma história sobre o quem de nós era o melhor ou o pior, era sobre a certeza de que a perfeição estava longe de existir.

             Todos tínhamos pecado e estávamos expulsos do paraíso.

              — Se eu deixar você ir embora agora, seria a última vez. — Afirmou ele. Havia uma resignação em seu olhar, uma frieza angustiante que nos circundava. — Eu sinto muito por isto, Kath, mas não posso deixar... que acabe assim.

              — Então o Doctor Strange vai voltar no tempo e desfazer o disse? O que fez?

               Ele me encarou incrédulo com meu sarcasmo.

              Revirei os olhos com um "humpf", encolhida no banco. Ele tomou meu maxilar entre os dedos e aproximou meu rosto, me paralisando e inspirou, fazendo uma careta.

               — Ah, mas que merda, Katherine!

               — Mas que merda você, Dorian, qual a parte do "você foi agressivo comigo" você está pulando?!

               — Eu sinto muito. — Ele resmunga, envergonhado.

               — Isso não é o suficiente. — Murmuro.

              Ele esfrega os olhos e suspira.

               — O que você quer de mim?— Digo finalmente.

               Dorian me encara, incrédulo. Ele parece estilhaçado em tantos pedaços que sou incapaz de achar que posso ver o todo.

               — Qualquer coisa de você é o suficiente. — Ele afirma e abre um buraco em meu estômago assim, deixando-me sangrando. — Porra... isso é digno de pena.

              Sei que não respiro quando meus olhos ardem e minha voz se cala. Desvio o olhar, mas sinto sua presença, seu calor quando ele me toma pelas mãos.

         Há dor na forma como ele me olha, no jeito como suas mãos procuram meu rosto, na forma ansiosa como se inclina em minha direção. Pânico toma meu peito.

               E eu o acerto um soco.

               Eu me assusto e ele ruge de dor, cambaleando pra longe, trôpego e gemendo.

              Eu o encaro.

              Que merda eu fiz.

              Seus olhos se arregalaram em minha direção e eu agradeci pelos anos com meu pai, pelo que aprendi para me defender. Ele levantou o rosto, verificando qualquer corte interno no nariz.

               — Ah que droga, Katherine. Está sangrando! — Resmungou ele, jogando a chave do carro para mim, enquanto ele erguia a cabeça, retirando a camisa para manter o sangramento contido. — Você vai ter que dirigir agora. Merda...

Mr. Bratv Where stories live. Discover now