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    (Kath)

     Los Angeles — que nunca dormia — estava quieta quando chegamos. Desembarcar no aeroporto me invocou um arrepio que  percorreu a espinha dorsal, tanto pelo que eu tinha deixado para trás, quanto pelos riscos que eu estava correndo sendo persistente.

Fora os Bratv, havia também Isak e a TNT. Era um fodido buraco de minhoca com todas as merdas do mundo me sugando para dentro.

        E havia Dorian, sendo especialmente explícito, complicado, angustiante. Havia aquela distância respeitosa que eu precisa impor para o nosso bem. E havia aquele maldito homem.

     Eu estava pronta para voltar ao trabalho. Era noite, óbvio, mas eu sabia que não haveria descanso perfeito até que as coisas na Bratv estivesses organizadas depois daquilo.

Desci as escadas do avião de saia negra lápis, meia calça e blazer, seguindo Dorian passos atrás. Ele reclamava e xingava no celular, completamente fora de seu status QUO e eu sabia que uma grande crise estava por vir.

    Respirei fundo.

    George estava nos esperando a fim de nos levar até o destino determinado. Dorian enfiou-se no banco traseiro, rapidamente seguido de mim. Cruzei as pernas, lançando um olhar atento à agenda de compromissos que precisava de uma reformulação imediata segundo as necessidades básicas. Meu chefe me lançou um longo olhar  de soslaio e depois prosseguiu com a negociação por telefonema.

    Quando eu dei por mim, meu peito estava espremido como uma uva passa assim que dos lábios de Dorian o nome de Ian fluiu com urgência e rispidez. Com uma lufada discreta de ar, deixei meus olhos presos às linhas, mas meu cérebro estava completamente voltado para eles. E eu me sentia uma imbecil sem fim.

    — Deixe-me saber quando a negociação for fechada. Quanto aos tabloides sensacionalistas, eu estou dando um jeito. — Argumentou Dorian. — Katherine convocou a imprensa para um pronunciamento oficial do grupo financeiro.

   Houve um segundo de pausa.

    — Não se meta com aquilo que não é da sua ossada. Eu já disse, irmão, eu estou assumindo a responsabilidade agora.

      Engoli em seco, obrigando-me a investir mais uma vez nas anotações. Havia um discurso de pronunciamento a ser feito amanhã e ao que parecia o porta voz oficial de Bratv — Ian — estaria ausente, o que decairia como responsabilidade sobre Dorian. Enviei meus olhos até Dorian, que tinha os olhos fixos e ferozes em mim.

    Eu não hesitei.

    --- Preciso de você esta noite. --- Anunciou ele sem qualquer cerimônia com o usual.

    --- Sim, Mr. Dorian.

     Não trocamos mais nenhuma outra palavra qualquer. Nos dirigimos até a casa de Dorian em um silêncio fúnebre.Caminhamos até o elevador e George ficou de levar nossa pouca bagagem pelo elevador de serviço. Estar num cubículo sem janelas com Dorian era simplesmente aterrorizante. E apesar de ter completa certeza de que ele não se atreveria a tentar nada naquelas circunstâncias, o seu aroma e as cenas do dia anterior se repetiam. Por um momento a culpa me invadiu e eu me senti a mais promíscua das mulheres: que tipo de pessoa amava um homem e se lançava aos braços de outro por pura... química?

      E eu sabia o quanto havia sido fraca, fragilizada pelos acontecimentos com Ian eu tinha cedido a Dorian. Mas por Deus, eu precisava ser profissional e lutar contra aquele desejo físico monumental que nos atraia. A tensão no ar era quase elétrica entre nós.

     Apertei meus dedos contra a agenda, incapaz de desviar os olhos para ele.

    Finalmente o elevador pontuou o ultimo andar e ele foi o primeiro a sair.

Mr. Bratv Onde histórias criam vida. Descubra agora