14.

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— Como assim você foi atacada por um tarado e está de licença do trabalho?! — A voz de Bethanne soou estridente e apavorada do outro lado da linha.

— Estou bem, Beth. Não se preocupe. — Anunciei, deixando o supermercado repleta mantimentos. — Na verdade, eu não lembro muito exatamente de tudo. Só de ter sido resgatada e acabar no hospital.

— Por Deus, você está bem?! — A voz de Beth soou ansiosa e repleta de angústia. — Tudo bem, eu vou ver você.

        Revirei os olhos para a precipitação de minha irmã. Era tão a cara dela agir impulsivamente e pegar o primeiro avião para a California simplesmente por seu instinto protetor.

       — Beth, sério, não tem necessidade. Eu estou ótima. — Avisei, tentando equilibrar as comprar atleticamente nos braços. — Na verdade, não passou de um susto.

       Fez-se um silêncio. Sabia que minha irmã mais velha maquinava uma desculpa para colocar-me em um pacote de volta para o Texas, selada de preferência. Mas era um plano natimorto, jamais desistiria por motivo tão pouco quanto aquele. Estava destinada ao sucesso.

        — Prometa que vai se cuidar. Eu odeio esse clima de veraneio de Los Angeles, vou odiar ter que ir atrás de você. — Alertou minha irmã, enquanto eu caminhava em direção a meu automóvel recém adquirido.

        Equilibrava o celular entre o rosto inclinado e o ombro, buscando a chave dentro do bolso da calça.

       — Prometo... — Balbuciei antes de derrubar dos braços todas as compras, que se espalharam pelo chão. — Ah merda...

       Comecei a empilhar as embalagens dentro da sacola plástica mais uma vez, quando joelhos dobraram-se diante de mim, reunindo os alimentos na tentativa de me ajudar.

       Meus olhos correram vagarosamente pelas mãos grandes, por ontem uma tatuagem escapava à camisa preta de mangas longas, adornara ainda por um relógio prata. Desenharam as linhas do algodão puro e profundo, bem passado, pelo tronco e ombros largos, fortes até que em fim alcançaram o rosto.

       Seus olhos — de um castanho escuro e profundo — eram conflituosos, torturados. Não me encaravam, como uma negação da realidade. Seus lábios tencionados franziam-se, revelando uma expressão cuidadosa.

       Contive um suspiro de surpresa.

       Ian Bratv surgiu vindo de lugar nenhum, como um pesadelo maravilhoso. E eu não estava pronta. Meus olhos fixaram-se na figura a minha frente, enquanto eu tentava recobrar os sentidos.

       Ele entregou-me as últimas embalagens, erguendo-se mais elegante que eu julgava possível. Fiz atrapalhadamente o mesmo, sentindo as palavras ainda atrapalhadas na garganta.

        — Falo com você mais tarde. — Anunciei à minha irmã do outro lado da linha, desligando a ligação.

        Os olhos dele estavam sobre mim, como que me investigando, talhando cada centímetro, descobrindo a dúvida em meus olhos e também a curiosidade. Havia uma tristeza quase infeliz quando ele semi sorriu, incapaz de desviar o olhar.

       — Como você está? — Sua voz soou determinada, firme, indiscutível.  A seriedade daquelas palavras, a angústia presente nelas era quase perturbadora.

        Levei mais tempo que o aceitável para deduzir do que se tratava, engolindo em seco, buscando as palavras em meio a instabilidade emocional que ele significava.

         — Bem. Eu estou bem. — Afirmei meio atrapalhadamente, cometendo o erro de ser indelicada. Logo me concertei: — E você? Quer dizer, o senhor?

Mr. Bratv Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin