15.

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(Ian)

       Eu tinha tomado a pior decisão possível dentro todas as possibilidades: aceitei-a em minha vida como uma realidade.

Depois de ter-la perseguido por toda manhã como um malfeitor desprovido de moral e ocasionado um encontro casual simplesmente para falar-lhe uma ou duas bobagens, acabei afrouxando as rédeas por deslize e ela, como sempre, estava lá, diabolicamente pronta para desestruturar meu eixo gravitacional. Cometi o pior dos erros: concordei em fazê-la uma amiga.

       Como se aquilo fosse possível.

No trabalho, eu evitei-a pelos três dias que se seguiram. Depois de ter desmerecido cada gota de meu suor para manter-me distante, precisava dar um jeito de reorganizar os trilhos de minha conduta, baseando-me na razão de minhas promessas e no teor da minha força de vontade. Eu seria incapaz de ter Katherine como amiga, um ente querido e viável, simplesmente pelo fato de que ela sempre representaria um desejo poderoso preste a despertar, algo que eu nunca teria controle.

      Se eu estivesse longe dela, decidi, estaria bem.

Se não pensasse, se a evitasse, estaria bem. Tudo voltaria ao normal. Eu já tinha erguido-me do primeiro acaso e não seria aquele a dar a perder todo meu esforço de anos, todas minhas decisões, tudo que alicerçava minha razão.

Aquela noite Katherine estaria longe de meus pensamentos, longe de onde eu pudesse trazê-la à tona, ou ser dominado por sua presença enlouquecedores. Eu tinha decidido. E qualquer coisa capaz de reafirmar meus esforços servia-me.

— Lys? — Indaguei à mulher do outro lado da linha. — Em dez minutos estou passando para pegar você.

A mulher resumiu-se a rir é confirmar antes de desligar. Era prática, porque sabia que tudo que teria de mim era sexo e jantares caros. E era assim que eu preferia, porque com garotas como ela era fácil manter o controle, era fácil ser o Ian que eu escolhi ser: impessoal.

Tinha reservado a suíte presidencial do Montage Hotel, juntamente com uma mesa no restaurante do lugar, como de costume. Como cliente vip, arranjos assim pareciam irrisórios. Teria um jantar de negócios com um dos novos sócios da filial asiática aquela noite e levar Lys como acompanhante seria um bálsamo para o evento pesado e formal, no qual até mesmo Dorian por azar se encontraria.

Reservar um momento mais íntimo para nós dois seria de todo prazeroso, como um antiestresse de orgasmos até o amanhecer. Isso soava como eu, e a onda de reconhecimento me fez sentir aliviado. Não era hora para jogos psicológicos, tortura mental e recriminação. Aquelas eram decisões fáceis, atitudes simples: cama e prazer.

Busquei a garota em sua residência. Passava das 20h. Lys, de uma beleza indiscutível, pele negra, surgiu com seu sorriso sensual e cabelos cacheados volumosos. Tinha um vestido acetinado vermelho que dedilhava seu corpo escultural, onde uma fenda lateral revelava a perna elegante em saltos altos. Tinha batom vermelho nos lábios sensuais, revelando uma curiosidade em mim que me animou.

Até o fim da noite, eu teria borrado-lhe o batom, enchido-a de mim e de um prazer que nós dois não tínhamos pudor de compartilhar.

— Linda. — Anunciei, depositando-lhe um beijo no pescoço, roçando o nariz em seu cabelo, quando ela entrou no carro.

Ela cheirava a perfume importado e flores. E aquilo me excitou de forma intensa, revelando uma pressão dentro de minha calça que ameaçava libertar-se. E minha mente ficou em branco, fazendo meu corpo agir no automático.

Mr. Bratv Where stories live. Discover now