66.

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Ian.

O aeromotor roncou e engasgou em sua saliva, movendo nossos ombros tensionados contra o acento. O silêncio absoluto do inesperado reunia-se à distância de nossas consciências individuais, e finalmente não tínhamos qualquer certeza à claridade de nossas lógicas. Jason acreditava saber que fazer, com seu poder bélico, estratégias de guerra e múltiplos planos. O principal deles envolvia uma entrada silenciosa e uma fuga maestrosa, repleta de rostos pasmos e olhos incrédulos. Eu podia quase acreditar, se fechasse os olhos lentamente e deixava-me enganar que assim seria. Contudo, a esperança era tudo que tínhamos aquela altura.

Dorian precisava respirar fundo de tempos em tempos, reunindo com absoluta relutância o resto de forças que lhe restava. Parecia sugado para um buraco, que engolia sem qualquer esforço sua existência em um acúmulo de angustia e culpa.

—  Vejam, o rastreador das torres de controle não identificaram qualquer aterrissagem do 1475 Asian Airlines em Bangladesh. — Garantiu Jason, apontando um gráfico repleto de códigos diante de nós.

—  Pode ter aterrissado em um aeroporto clandestino. — Assumiu Dorian, sem nos encarar.

— Poderia, se fosse um aeromotor, um anfíbio, um jatinho. O 1475 é um avião comercial. — Garantiu ele. — Se for para explicar cada do mínimo, eu vou cobrar mais.

— Então perdemos nossa melhor pista? O avião evaporou? — Inclinei-me sarcástico em sua direção.

— Eu disse que não aterrissaram em Bangladesh, não que tinha perdido o avião, papito. —  Afirmou ele, ingerindo um gole generoso do que parecia tequila ou cachaça. —  O satélite classificou uma aterrissagem identificada como pouso emergencial, e adivinhem: era o nosso 1475.

Ele umedeceu os lábios e mordiscou um bolinho com calda de chocolate, deixando uma camada generosa escorregar até sua camisa branca e espatifar-se em suas calças militares. Dorian revirou os olhos e voltou sua atenção à chamada de vídeo do outro lado da linha, balbuciando em russo o que pareciam novas informações.

— Fez baldeação na Tailândia e seguiu pelo mar da China. Até aterrissar em Cingapura. — Calculou Jason, desenhando com o dedo no ar o que parecia um mapa mental da trajetória. — Alguma coisa pode ter dado errado no meio do caminho. Ou a informação dela estava errada.

— Ivanov tem certeza que a feira das virgens acontece amanhã à noite em um lugar chamado Raffles Hotel. — Anunciou Dorian interrompendo nossa discussão. — Um dos informantes garantiu que todos os prostíbulos de luxo da cidade estarão fechados por causa da demanda do evento.

Um sorriso de satisfação esboçou-se nos lábios duros de Jason, como confirmação de suas informações. Contudo, o que senti num geral, além de uma inquietação mental, fora um uma formigamento que partiu da espinha dorsal e se propagou até as falanges, adormecendo meus músculos.

— Vamos precisar de um convite. —  Garantiu Dorian, infeliz.

— Vamos fazer o convite. —  Argumentei, levantando-me em um sobressalto.

— E o que você tem em mente? Porque não estamos falando mais de Bangladesh. É a nata dos mais ricos e influentes, é o mercado oculto; Isso significa armamento pesado, segurança de elite e tecnologia de monitoramento. Sem falar que quem quer que tenha encomendado as garotas, vai estar preparado para nós. Não é um serviço amador, tem bastante grana envolvida. — Garantiu Jason.

— Dorian, o seu informante vai precisar nos infiltrar em umas dessas casas noturnas de luxo que vão participar do evento. — Afirmei, encarando-o.

— Está feito. — Concluiu ele, discando mais uma vez para Ivanor.

— Vamos entrar como parte da equipe de entrega das meninas. Um vez lá dentro, vamos ter em torno de uns 10 minutos para achar as garotas. — Informei.

Mr. Bratv Where stories live. Discover now