Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔

Oito

Depois de séculos mais um capítulo. Boa leitura. 😘😘

Melissa

A lua cheia brilha majestosamente sendo acompanhada pelos pequenos pontos brilhantes no céu escuro. Quando eu era criança, ficava a pensar que cada estrela representava a alma de alguém querido que tinha ido morar no céu. A maior e mais brilhante de todas eu acreditava ser a minha mãe Valerie, que aparecia para cuidar de mim. Eu tinha cinco anos quando ela se foi, mas até hoje me lembro de seu doce sorriso, de seus abraços apertados e do seu amor incondicional.

Eu a perdi muito cedo e tive a sorte de ganhar uma outra mãe, que me ama de todo o coração e nunca fez diferença entre meus irmãos e eu. Não tenho o seu sangue, mas possuo o seu indescritível amor.

"No que tanto pensa?" Desvio o olhar para Gabriel sentado ao meu lado no banquinho branco de madeira, colocado sob a macieira no jardim de casa. Ele me olha com curiosidade e sorrio feliz por ter meu melhor amigo por perto outra vez.

"Na mamãe Valerie. Ela é aquela linda estrela ali perto da lua." Aponto o dedo para a estrela mais brilhante do céu e Gabriel bate em minha mão, fazendo-nos rir do nosso medo bobo de criar verrugas por apontar as estrelas. "Você morria de medo dessas superstições."

"Como se você também não. Até chorou uma vez quando Damon disse que seus dedos cairiam de tantas verrugas." Ele retruca tranquilo e prefiro não dizer que ele também chorou naquele dia. Tia Caroline até jogou um sapato na cabeça do tio Damon, dizendo que o mataria por fazer o filho dela chorar. Os dois nunca se deram muito bem e papai disse, que isso vem da época em que a tia Caroline era criança e o tio Damon já um pré-adolescente insuportável, que gostava de assustá-la com todos os tipos de insetos existentes. Não é de estranhar que ela não vá muito com a cara dele.

"Então, Mel, vai me contar tudo ou terei que descobrir sozinho o que aconteceu?" Gabriel me olha intensamente, como se pudesse enxergar minha alma e não duvido que o faça. Sou péssima em mentiras e nunca consegui esconder nada dele.

Desvio o olhar, incapaz de encará-lo. Grande vergonha me define neste exato momento. Vergonha por ter sido tão burra em não perceber que Murilo não me amava, que só quis me usar e o fez sem o menor esforço. Se eu tivesse sido mais esperta, teria enxergado o tipo de canalha que ele é. Mas não, deixei-me levar por palavras bonitas, pela minha ingenuidade em acreditar que viveria uma linda história de amor como dos livros românticos que Alícia tanto ama.

"A culpa não foi sua. Sujeitos medíocres existem em todos os lugares." Gabriel fala com calma e entrelaça nossos dedos. "Você é maravilhosa Melissa Salvatore. Uma garota espetacular que qualquer homem gostaria de ter ao seu lado. Se aquele desgraçado não soube reconhecer isso, foi muito melhor para você, que descobriu logo o tipo de desgraçado que ele é."

"Eu acreditei que ele me amava. Escondi de minha família o nosso relacionamento e isso é o que mais vem me machucando." As lágrimas escorrem e não me importo em desabafar com a única pessoa, que não me julgará. "Eu nunca escondi nada dos meus pais e agora..."

"Você pode conversar com eles quando quiser. Elena e Stefan nunca te condenariam por se apaixonar. Eles te amam mais que tudo." Gabriel passa a mão em meus cabelos e seu olhar calmo, deixa-me mais tranquila de uma forma inexplicável. "O seu problema é sempre querer diminuir as suas dores para poupar as pessoas ao seu redor. Não pode carregar o mundo nas costas, pois uma hora não conseguirá aguentar o peso sozinha. Precisa dividir não só as alegrias, mas as tristezas também."

"Quando descobri que Murilo estava noivo da filha mais nova do diretor do hospital, senti como se meu coração fosse quebrado em milhões de pedacinhos. Eu só queria desaparecer para ver se aquela dor sumia. Mas nada foi pior que..." Deito a cabeça no ombro de Gabriel e seus braços me envolvem protetoramente. Falar aquilo em voz alta dói ainda mais. "O Murilo disse que eu não era mulher suficiente pra ele e... e me... me deu uma bofetada."