Vinte e um

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Melissa

Como sempre é uma luta fazer Gabriel despertar e seu humor não é um dos melhores pela manhã. Que culpa eu tenho se o nosso voo está marcado para daqui duas horas e meia? Foi ele quem comprou as passagens na primeira classe já que ganha mais que eu e gosta do conforto que o dinheiro proporciona. Não que seja esnobe e egoísta, pois é capaz de ir até as últimas consequências para para ajudar os mais necessitados. Gabriel é reservado e muitos podem vê-lo como metido, todavia, quem o conhece sabe o coração de ouro que possui.

É tão lindo dormindo, que deveria ser considerado um crime. Não é justo uma pessoa acordar como se fosse um desses atores das ficções, que despertam belíssimos com maquiagem e cabelos impecáveis. Eu no mínimo acordo com a cara inchada e um ninho de passarinhos no lugar dos cabelos. Por isso, hoje acordei bem cedinho e silenciosamente fiz minha higiene matinal. Gabriel já me viu nas minhas piores formas, mas agora elevamos nosso patamar de melhores amigos e somos... Não sei o que somos.

"Gabriel?" Balanço seu ombro, ele resmunga abraçando ainda mais o travesseiro e o balanço com mais força. "Estamos atrasados." Basta essa frase para que  deite de costas e rapidamente abra os olhos. Sorrio vitoriosa e ganho um olhar irritado. "Pensei que depois de ontem acordaria de bom humor e cheio de energia."

"Quem acorda cheio de energia é cerca elétrica." Azedo como as laranjas do jardim lá de casa. Sorte a de Gabriel que herdei a paciência do papai ou jogaria um copo de água na cara dele. "Desculpa, ainda estou..." Boceja esfregando os olhos. "... Meio dormindo até às dez da manhã."

"Então vai tomar um banho gelado para acordar. Nosso voo sai daqui duas horas e poucos minutos."

Gabriel estreita os olhos, segura minha mão direita e me puxa para perto de si. Sua boca se apossa da minha e me deixo levar pelas carícias, que logo evoluem para algo maior, mais forte, arrancando-me qualquer linha de raciocínio. O que começou na cama termina sob a água quente do chuveiro e garanto que sexo no chuveiro é uma das melhores coisas que já provei na vida.

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Depois de sete horas de viagem estamos novamente em solo americano e sinto uma mistura de felicidade em rever minha família e tristeza por me afastar de Gabriel. Já sinto sua falta antes mesmo de nos separarmos e isso talvez não seja tão saudável se evoluir para algo como dependência. Não desejo mais sentir tanta necessidade de alguém porque mesmo não sendo a intenção de Gabriel, em algum momento posso me machucar e tenho certeza de que se isso acontecer não vou conseguir me reerguer.

"O que foi?" Gabriel coloca a mala ao meu lado. Seus olhos avaliando-me curiosos, quando suspiro profundamente. "O que começamos em Londres vai continuar, Melissa." Suas mãos quentes envolvem as minhas, dando-me um pouco de calor. "Estou longe da perfeição e vou errar tentando fazer o certo, mas saiba que não vou desistir de nós. Está com medo de sofrer novamente, vejo isso em seus olhos, porém, lembre-se que não sou aquele covarde. Prefiro mil vezes sofrer do que machucá-la." Meus olhos ardem e algumas lágrimas caem, já sou chorona no meu normal e quando está chegando a TPM, os ductos lacrimais transbordam com facilidade. "Por mim a gente ia para o nosso loft, mas nossos pais nos matariam se não voltássemos para nossas casas."

"Então o loft também é meu?" Gabriel gargalha como se eu tivesse dito uma grande piada. Ele solta nossas mãos, então, seus dedos correm por meu rosto enxugando as lágrimas.

"Você só prestou atenção nessa parte não é sua interesseira?" Ele abaixa a cabeça e fico nas pontas dos pés para receber seu beijo. Suspiro quando sua língua encontra minha, seus braços envolvem minha cintura, aproximando-nos, principalmente quando puxo os cabelos de sua nuca.

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora