Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔

Trinta e quatro

Boa leitura. 😘😘

Melissa

Respiro aliviada quando finalmente a assistente social vai embora. Entrei com o pedido de adoção semana passada e hoje recebi a primeira visita da mulher de cara fechada e olhos de águia, que mais parecia uma ave de rapina em busca de devorar meu fígado com suas inúmeras perguntas. Ela chegou aqui acreditando que conseguiria me intimidar por eu ter apenas 24 anos, recém formada em medicina e ainda por cima grávida sem estar casada. Sendo que o pai do meu bebê também deseja ter seu nome e sobrenome na certidão de Barry.

"Aquela mulher é meio assustadora." Concordo com Gabriel. "Ela parece aquela diretora do filme da Matilda."

"Ela não teria sido tão intransigente se vocês fossem casados." Tio Damon diz vindo da cozinha com Barry em seus braços; ao nos ver, o pequeno aponta para ser colocado no chão e corre para o colo de Gabriel sentado ao meu lado. A relação entre os dois tem se estreitado a cada dia que passa, tornando-os cada vez mais próximos e inseparáveis. "Que instabilidade uma criança terá com pais separados, que não se casaram nem mesmo com uma gravidez a caminho?"

"Não comece, Damon." Papai avisa em tom baixo e definitivo, fazendo o irmão mais velho dar de ombros, mesmo com o desgosto brilhando em seus olhos de um azul profundo. "Casamento é algo muito sério e não deve servir apenas como a solução de uma bênção vista como um problema para muitos."

Minha bexiga apertada por mais de uma hora e meia sentada sob a pressão da assistente, torna-se insuportavelmente difícil de segurar. Preciso correr com bastante pressa até o banheiro social mais próximo, mal tenho tempo de levantar a tampa do vaso e baixar a calcinha. A sensação de alívio é simplesmente maravilhosa; no entanto, isso dura pouco tempo até a porta do banheiro ser aberta de uma vez e tio Damon entrar, completamente atordoado.

"Chamem um médico, ela está passan..." Uso as mãos para me cobrir enquanto tio Damon fecha imediatamente os olhos, a cor sumindo de seu rosto. "Alarme falso, pessoal." Sai quase correndo do banheiro, fechando a porta com força. Escuto meus pais brigando com ele, chamando-o de idiota neurótico.

Meus Deus, que vergonha!

Tenho pena das minhas primas quando um dia estiverem grávidas. Tio Damon vai enlouquecê-las com essa super preocupação. Se comigo ele já é assim, coitadinhas delas e dos pais das crianças.

Lavo as mãos e aproveito para molhar o rosto e a nuca com a água gelada. Estou cansada e com um sono fora do comum, causados pela noite mal dormida por conta da ansiedade. Tive que abusar da maquiagem para esconder as olheiras e não ficar parecendo a pobrezinha da Noiva Cadáver. Seria de péssimo tom a aprendiz de Agatha Trunchbull achar que estou doente e incapaz de cuidar de Barry.

Encontro Gabriel do lado de fora do banheiro. Seus olhos me avaliam meticulosamente até que possa relaxar os ombros ao ter certeza do meu estado de saúde. Todos devem ter ficado preocupados com o escândalo do tio Damon, acreditando que eu estava colocando os rins para fora. Mas já pensou no constrangimento se fosse uma dor de barriga? Definitivamente, preciso lembrar de sempre trancar a porta dos banheiros quando for usá-los.

"Minha bexiga parecia que ia estourar. Feijão é muito expansiva." Não sabemos o sexo do bebê, pois na última consulta, o espertinho se manteve o tempo todo de pernas fechadas; agora teremos de esperar mais um pouco para realizar a próxima ultra-sonografia. Porém, tanto Gabriel quanto eu acreditamos que seja uma menina, a nossa Diana, a nossa Menina Maravilha. "Tio Damon é louco."

"Ele parecia estar com vergonha." Nos olhamos por alguns segundos antes de gargalharmos; até parece que a palavra vergonha existe no vocabulário de Damon Salvatore. "Tem certeza que está bem?" Pergunta após conseguir se controlar; a preocupação tomando conta de suas feições.