Trinta e três

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Melissa

Nunca mais chegarei perto de nada que contenha maracujá na fórmula, incluindo meus maravilhosos cremes de pele que doarei para alguém com quem tenha o mínimo de contato. Foi uma péssima ideia beber aquele suco de maracujá, que me fez quase colocar as tripas para fora, minha garganta está até ardendo por causa da forte crise de vômitos.

Felizmente vovó não veio trabalhar hoje, caso contrário, ainda estaria em algum quarto, de repouso. Mas a fofoca sobre minha gravidez já corre à solta por todo o hospital; inclusive o suposto pai do meu bebê já tem nome e sobrenome: Jeremy Gilbert. Segundo 'fontes seguras', mantemos um relacionamento secreto incestuoso entre tio e sobrinha. Talvez aquela minha ideia louca e nojenta de beijá-lo a pouco mais de um ano tenha colaborado para isso.

"Tem certeza que está mesmo bem para ir sozinha?" A pergunta de Andrew é cheia de preocupação ao passarmos pela entrada do hospital. "Eu posso levá-la para casa."

"Estou novinha em folha." Bato em seu ombro forte. Andrew foi transferido de um hospital do Arizona duas semanas atrás. É um jovem pediatra na faixa dos 28 anos; cabelos e olhos castanhos, com músculos muito bem distribuídos em uns 1.80 de altura. Além de muito bonito também é bastante simpático, o que faz as enfermeiras e algumas médicas jovens suspirarem por ele. "Meu Feijão que odeia maracujá e eu também estou odiando neste exato momento."

"Feijão é o nome dele?" Pergunta risonho.

"Pequenino como um caroço de feijão." Passo a mão na minha barriga de pouco mais de três meses, escondida sob o blusão azul. "Mal vejo a hora de tê-lo em meus braços; só preciso me preparar para o parto."

"O parto normalmente é o maior medo das mães de primeira viagem; pode doer horrivelmente, mas ter o filho nos braços compensa qualquer dor." Andrew aperta meu ombro; o inseparável sorriso de dentes brancos bem alinhados em seu rosto bonito.

"Atrapalhamos alguma coisa?" Parados a pouco menos de um metro estão os dois homens da minha vida. Gabriel não parece nada satisfeito enquanto encara Andrew, que ainda mantém a mão em meu ombro. Seguro um sorriso ao perceber o ciúme estampado nos olhos do meu loiro.

"Vem cá meu amorzinho." Vou ao encontro deles e ao parar próxima, Barry já se estica todo em minha direção. Ao pegá-lo no colo, ganho um beijo molhado no rosto; meus olhos lacrimejando com o carinho sincero do meu menino, que em três dias se tornou parte essencial em minha vida. "Que saudades."

"Ele passou o dia inteiro querendo te ver." Gabriel passa a mão nos cabelos de Barry e me dá um beijo no rosto; o seu perfume quase me faz suspirar de tão bom. É um dos poucos que não me causa enjoo, acho que o Feijão reconhece o cheiro do pai. "Está tudo bem?" Passa os dedos em meu rosto, o cenho franzido.

"Só tive um leve enjoo mais cedo, mas já estou bem." Dou mais beijos nas bochechas gorduchas de Barry; então, viro-me para Andrew, que continua no mesmo lugar, observando-nos. "Vem aqui conhecer meu outro filho, Andrew." O médico levanta a sobrancelha parecendo desacreditado, enquanto se aproxima. "Barry não é lindo?"

"É um rapazinho muito bonito." O meu menino esconde o rosto em meu pescoço, envergonhado por ter a atenção de um estranho.

"Esse é o Gabriel." Aponto para o loiro calado e de braços cruzados ao meu lado. "Ele é..."

"Pai dos filhos dela." Preciso me segurar para não rir ou dar pulinhos de felicidade diante da clara cena de ciúmes de Gabriel, e, principalmente, por ele ter dito: pai dos filhos dela. No plural, incluindo Barry.

"Sou Andrew e trabalho com a Melissa." Estende a mão para Gabriel, que a segura, aceitando o cumprimento. "Eu já vou indo, tenham uma boa noite."

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Where stories live. Discover now