Trinta e sete

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Melissa

Quando a porta se fecha atrás de nós, não há espaço para mais nada que não seja a busca pelo alívio do desejo que corre em nossas veias, como fogo em contato com o mais inflamável combustível. As roupas abandonam nossos corpos a caminho do quarto; corpos desesperados em sentir um ao outro, depois de tanto tempo em abstinência.

"Tão linda." Gabriel corre os dedos por minha barriga; a expressão de devoção provoca a ardência em meus olhos. É a primeira vez que ele a toca desta maneira, livre de qualquer barreira física ou sentimental. "A nossa menina."

"Pode ser um menino." Coloco a mão sobre a dele e de repente um sutil, quase imperceptível, movimento me faz arfar  em surpresa, em puro fascínio. Tanto Gabriel quanto eu ficamos imóveis, olhares fixos na minha barriga, que mais uma vez volta a se movimentar, desta vez com mais intensidade. "Ai, meu Deus!"

"Ela não gostou de ser chamada de menino." Já estamos os dois chorando, completamente envolvidos pela magia da emoção de pela primeira vez sentirmos o fruto do nosso amor se mexendo, mostrando-se para os pais no mesmo dia em que resolveram se reconciliar.

Gabriel abaixa a cabeça e beija várias vezes o local onde nossa Feijão se mexeu nas duas vezes, mas ela parece ter voltado a dormir já que fica tão quietinha; ou ela é apenas uma bebêzinha envergonhada.

Meu Pai do céu! Agora minha Feijão se tornou ainda mais real. A minha bebê, a minha menininha, que veio mostrar aos pais sua felicidade em vê-los juntos outra vez.

"Obrigado por existir em minha vida." Gabriel deita sobre mim, tomando todo o cuidado para não me sufocar com o seu peso. Os olhos claros - molhados pelas lágrimas - são um reflexo de um lago preenchido pelos sentimentos mais plenos e lindos, que poderíamos nutrir um pelo outro. "Eu amo você."

"Eu também amo você."

O beijo começa apenas com um suave roçar de lábios, que vai ganhando intensidade, profundidade. Suas mãos correm por meu corpo; faíscas espalhando-se, transformando-se em labaredas quando a boca e mãos de Gabriel cobrem meus seios ainda mais sensíveis que o normal. Me torno uma massa de modelar em suas mãos, totalmente submersa na grande onda, arrebatando-me completamente. Meu corpo e mente ainda estão presos no subconsciente prazeroso quando Gabriel me invade firme e profundamente, sua boca engolindo os gemidos que escapam da minha garganta, sua língua se entrelaçando a minha.

As ondas elétricas voltam a percorrer meu corpo, o calor gostoso aumentando ainda mais no ponto mais sensível. De repente a explosão acontece outra vez, tão forte que lágrimas de prazer escorrem de meus olhos, enquanto aperto os dedos nos fios curtos e molhados de Gabriel, que continua a se afundar rápido e profundo em mim até minutos depois atingir seu próprio prazer.

Ele rola para o lado e me puxa para os seus braços. Minha cabeça repousando no peito, que sobe e desce por conta da respiração acelerada. Ficamos em silêncio por longos minutos, apenas apreciando a presença um do outro.

Sinto-me completa e plenamente nas nuvens.

"Eram lembranças, então." Levanto a cabeça para olhar o rosto de Gabriel, que observa o quarto com atenção. Percebendo minha confusão, ele esclarece. "Tive alguns sonhos com a gente nesse lugar; agora sei que na verdade eram lembranças."

"Você comprou o flat um pouco antes de nos envolvermos e me deu uma chave. Aqui se tornou o nosso ninho de amor e a nossa Feijão com certeza foi feita na parede da sala." Corro meus dedos pelo rosto de traços viris perfeitos, beijo a charmosa covinha de seu queixo, pedindo a Deus que nossa Feijão herde-a do pai.

"Interessante." Diz antes de me beijar e minutos depois somos novamente aquela confusão prazerosa a nos queimar.

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Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Where stories live. Discover now