Trinta e nove

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Melissa

Que dor infernal minha Nossa Senhora dos partos dolorosos! Eu não nasci para sentir dor, definitivamente, não. Três horas neste hospital, sentindo como se o quadril fosse se partir ao meio, como se o ventre estivesse com uma bola de espinhos, perfurando tudo ao seu redor, procurando um espaço para sair.

Por Deus! Essas dores são mil vezes piores que as piores crises de cólicas que já senti em toda a minha vida.

O intervalo entre uma contração e outra vem diminuindo e já estou com nove centímetros de dilatação. Está quase chegando o momento. Falta muito pouco para minha Feijão nascer e eu me livrar dessa dor inenarrável. Ela só precisa sair e tudo ficará maravilhosamente bem para nós duas.

"Não ouse nunca mais colocar um bebê dentro de mim ou vou te matar." Aperto a mão de Gabriel com ainda mais força quando a dor vem querendo partir meus ossos cervicais.

"Respira, amor." É tão fácil falar quando não é ele na minha pele. Como se eu não estivesse inspirando e expirando regularmente.

"10 cm de dilatação, querida. Preciso que mantenha a calma e só empurre quando eu mandar." Procuro seguir suas orientações mesmo desejando fazer força; a pressão é grande e sei que se seguir o instinto do meu corpo, poderei prejudicar a minha bebê e isso jamais. "Já estou vendo a cabecinha dela."

"Você consegue, amor. Pense que falta pouco para termos nossa filha em nossos braços." Gabriel sussurra em meu ouvido antes de beijar a minha testa molhada de suor. Os olhos cheios de amor e calor me dão forças para seguir as orientações de vovó pelos próximos longos minutos que parecem uma eternidade.

Demora um pouco para que os ombros da minha bebê fiquem livres e é questão de segundos para o restante de seu corpinho deslizar para fora do meu. O alívio ao ouvir seu choro estridente é o suficiente para me fazer esquecer imediatamente as últimas horas de dores.

Ela nasceu. Minha bebê nasceu. Obrigada, Deus. Muito, muito obrigada.

Agradeço em pensamentos pela dádiva de ser mãe pela segunda vez. Por trazer pela primeira vez um filho ao mundo.

"Segure, papai." É com o coração transbordando de amor que assisto Gabriel segurando nossa filha pela primeira vez. Há tanto amor, tanta adoração na forma que ele a olha, que só me resta mais uma vez agradecer ao bom Pai pelo marido maravilhoso que colocou na minha vida.

"Ela é linda, amor." Gabriel beija a cabecinha totalmente suja da nossa bebê. "Olha só como a nossa Diana se parece com você."

Quando vejo a minha bebê chorona de pele rosada, cabecinha careca, rostinho inchado e o corpinho gordo, um novo tipo de amor - bastante conhecido, pois também o sinto por Barry - passa a bater ferozmente em meu peito.

"Ela é linda!" Perfeita em todos os pequenos detalhes. "Deixe-me segurá-la."

Gabriel com muito cuidado coloca a nossa Feijão deitada em meu peito. Reconhecendo o meu calor e a segurança do colo de uma mãe, ela se cala, então, meu mundo para completamente quando Diana abre brevemente seus olhinhos, dando-me o vislumbre de dois céus azuis clarinhos.

"Ela tem os seus olhos." Só posso concordar com a afirmação repleta de fascínio de Gabriel.

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Três horas de descanso são o suficiente para me sentir com as forças totalmente renovadas. A dor foi insuportavelmente aterradora, em compensação, a recuperação de um parto normal é indiscutivelmente mais rápida. Em quarenta dias estarei livre do resguardo e poderei seguir minha vida normalmente sem maiores complicações.

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu