Vinte

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Oi, pessoas lindas. Não respondi aos comentários no capítulo anterior simplesmente porque o Wattpad não está permitindo (MAIS UMA VEZ). Mas li todos com muito carinho. ❤❤

Preparem os forninhos, o ar condicionado no 15 e vamos lá. 😄😘😘



Melissa


A doutora Collins olha de mim para Gabriel sem esconder o desagrado. Ainda bem que não leio mentes, pois aposto que deve estar me achando promíscua por estar dividindo o quarto com um homem. Não que eu me importe com a opinião alheia, mas ainda assim, ela continua sendo minha superior e não tem nada de mal Gabriel e eu ficarmos no mesmo quarto. Confio plenamente no caráter dele para saber que jamais faria algo contra a vontade de quem quer que seja.

Noite passada dividimos a cama normalmente como todas as outras vezes antes de iniciarmos esse negócio de beijos. Cada um dormiu no seu lado da cama e acordamos do mesmo jeito de sempre: eu embrulhada dos pés a cabeça e Gabriel dormindo de bruços abraçado ao travesseiro.

"Lembre-se que seu turno na segunda-feira feira começará às seis da manhã e dará suporte na emergência." A doutora Collins coloca os óculos de sol e passa por nós arrastando sua mala. "É melhor não faltar Salvatore ou levará uma bela advertência. Ah, terça-feira quero um relatório detalhado de todas as palestras que participamos."

Desânimo me define neste momento. Ela sabe que prestei bastante atenção em tudo em que os especialistas falaram, que fiz inúmeras anotações, vídeos e até fotos. Isso tudo é apenas por me odiar e eu nem fiz nada para merecer seu desprezo.

"Ela faz jus ao apelido Coração de Gelo." Seguro a mão de Gabriel e seguimos para fora do hotel; conseguimos um táxi sem a menor dificuldade e após informar o endereço da irmã, Gabriel me abraça pelos ombros. "Vai precisar da minha ajuda?"

"Se você entender algo sobre agentes alquilantes, antimetabólitos e os antibióticos antitumorais, sim, eu aceito sua ajuda." Ganho uma careta engraçada de Gabriel e não resisto a beijar a covinha fofa em seu queixo. "Eu me preveni e fiz várias anotações."

"Garranchos você quer dizer." Só tio Damon mesmo para me entender, já que sua caligrafia é mais horrível que a minha, e ele era o único a traduzir minhas anotações escolares quando nem eu mesma conseguia. Tive que fazer muitas cópias durante anos até conseguir ter uma letra no mínimo aceitável.

"Sou médica. É quase lei universal um médico ter letras horríveis." Defendo-me e até o taxista concorda comigo ao falar com bastante orgulho da filha mais velha, que está cursando o terceiro período de Medicina.

"É a primeira pessoa da nossa família fazendo o ensino superior. Todos os meus vizinhos fizeram uma festa quando ela ganhou a bolsa em uma das melhores universidades do Reino Unido." Tem tanto orgulho e amor em sua voz. Ele é um senhor de estatura mediana, negro, alguns fios brancos na cabeça, rugas ao redor dos olhos escuros e um sorriso contagiante. "Ela sempre foi muito esforçada na escola, mas a letra sempre foi feinha e piorou depois que iniciou a universidade."

"É porque são tantas informações e o tempo é tão pequeno, que anotamos as coisas de qualquer jeito. Perder uma informação dos professores pode significar o caminho para uma dependência." Anotar de qualquer jeito, não importando como, é como lei suprema entre os universitários. Inúmeras foram às vezes  que fui salva por minhas anotações, principalmente nas provas. Pense em pessoas que amam pisar em você são os professores do ensino superior, eles descontam nos alunos tudo o que sofreram nos seus anos acadêmicos. "Aí quando começamos a exercer a profissão o tempo se torna mais precioso ainda."

O senhor Philippe é bem simpático e pego o número do seu telefone quando ele nos deixa na porta de um elegante prédio de mais de vinte andares. Só de olhar para a fachada se tem uma ideia de que somente pessoas com muito dinheiro moram ali. Eu precisaria vender no mínimo um rim e um pedaço do fígado para conseguir ao menos pagar uns dois meses de aluguel de algum apartamento. Meu salário como médica não é lá essas coisas como muitos devem pensar, consigo comprar meus livros de estudos - porquê um médico morrerá estudando e mesmo assim não aprenderá tudo. Meu pai é rico além da conta, mas eu ainda estou começando a vida.

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Where stories live. Discover now