Capítulo 03

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_Conseguiu mesmo?

Otávio estava incrédulo como Victor conseguira tão rapidamente resolver seu problema.

_Sim, ela é bem... – Procurou palavras certas – Bobinha. Deve me achar com cara de príncipe encantado. Oras, Príncipes encantados não existem – bufou sarcástico.
_Você perde as fãs, mas não perde a ironia, Victor Chaves – levantou-se da cadeira. – Quando você acha que ela poderá aceitar?
_Logo. Fiquei conversando com ela essa semana, chorando minhas mágoas fazendo-a sentir-se a pessoa mais especial do mundo. Não vai demorar muito.

Todo o dia conversava com Priscila, já estava se tornando algo corriqueiro e naquela noite de folga até sentiu falta de ouvir sua voz. Ela possuía uma voz calma, tranquila, que passava serenidade em cada palavra... Estava começando a gostar da ideia que a teria do lado como uma esposa. Único problema seria mudá-la em alguns pontos que ele achava necessário para apresentá-la a familiares e amigos como sua Senhora Chaves.

_Apresse, Victor. Está ficando difícil. Mais três shows foram cancelados e essa semana vocês só tem um. Boa noite.

Otávio saiu do seu apartamento e em um gesto involuntário discou para ela, sorriu internamente ao ouvir sua voz:

_Oi Vih
_Boa noite. Tudo bem?
_Sim, mas é você? Que voz estranha, está cansado?
_Cansado de não poder fazer nada, Priscila. O empresário acabou de sair daqui afirmando, mais três shows dessa semana foram cancelado.
_Os únicos três? – ela colocou a mão na boca para segurar um soluço de susto – E agora?
_Eu não sei. Preciso me redimir, só não sei como.
_Primeiro, arranja uma namorada. Isso iria mudar e muito no conceito das pessoas e da mídia.
_Mas como se elas não me querem?
_Para né? Até parece que não vejo os comentários de muitas celebridades no seu instagram te "cantando".
_Não quero mulher fútil... Preciso de uma mulher de verdade, que me apoie em tudo, sabe? – Nada ouviu como resposta. – Está aí?
_Sim. Desculpe. Mas, com o que quis dizer isso, Victor?
_Ah, nada. Esquece. Vou desligar. Abraços.
_Outro.

Desligou e ainda na sala pulou vibrando. Estava mais feliz do que um jogador quando consegue fazer um gol, não era bem isso, mas estava quase conseguindo. Aquele silêncio de Priscila era bom, ela estaria pensando.

No dia seguinte, acordou sorridente e decidiu ir visitá-la. Seria uma viagem longa, mas valeria a pena. Naquela noite, mesmo cansado, ligou para ela.

_Oi Vih.
_Está em casa?
_Sim... – Respondeu devagar para pensar – Por quê?
_Vou aí, é só me passar às coordenadas.
_O QUÊ?! – Sentou-se no sofá. – O que você está fazendo aqui?
_Desculpe, mas preciso te falar pessoalmente. Pode ou não me mandar o endereço?

Sem mais questionar Priscila lhe deu endereço enquanto andava pela casa já imaginando o que vestir. Assim que Victor desligou o telefone, ela correu até seu quarto procurando a melhor roupa. Impossível, porque a única que comprara foi para o show e agora estava no quintal pendurada. Xingou mentalmente a mãe por ter lavado e voltou para o guarda roupa, escolheu uma roupa boa. Victor não iria levá-la para um restaurante caro, ele apenas queria conversar. Em menos de meia hora seu celular tocou e ela foi correndo ao encontro dele, não sem antes escovar os dentes, ele poderia estar querendo ter um caso ou algo, um beijo rolaria. Entrou no carro e percebeu que ele estava só. "fodeu", falou por pensamentos imaginando que se ele quisesse tentar algo a mais ela iria recusar.

_O que aconteceu, Victor? – Abraçou-o e inalou o perfume mais que perfeito.
_Precisava te ver.

Aquela meia luz da rua ainda dava para ver a expressão no rosto de Victor, seus lábios abriram vagarosamente para um sorriso quando percebeu que a moça colocara um vestido simples, mas bonito e agora baixava o rosto completamente tímida.

_Sabe Priscila, a conversa que tivemos na noite passada me fez refletir. – Olhou para ela, que mordeu o lábio inferior – Eu preciso de você. Meu futuro está em suas mãos.
_Victor... Eu não sei se vou dar conta do recado. Eu só acho que devemos ir com calma, você pode estar somente apaixonado, e nem deve ser paixão o que sente por mim...
_Não – interrompeu-a. – Não é nada disso. Apenas vejo em você uma amizade. Mas preciso que você me ajude.

Priscila sentiu seu coração parar de bater acelerado, estava triste. O que chegou a achar impossível agora tinha se concretizado. Um ídolo jamais se apaixonaria por uma fã, principalmente ela que o único dinheiro que tinha era do seu árduo trabalho de secretaria e ainda assim como filha única ajudava os pais no que podia.

_Mas... Como posso te ajudar?
_Você aceita ser minha namorada?

Agora seus pensamentos estavam confusos, uma hora ele a via como amiga, outra ele a queria como namorada.

_Como assim?
_Só diga que aceita ficar do meu lado apenas para mostrar as pessoas que eu mudei... Não, para mostrar a elas que sou o que sou diante de você. Quero que elas vejam esse meu lado.
_Ainda estou sem entender.
_Você ficaria do meu lado. Para as pessoas, eu estou com você, mas na verdade você está apenas como uma amiga me ajudando.

Nunca gostara de mentira, sua mãe ensinara a ser leal e fiel. A sociedade julga e uma mentira descoberta Priscila sabia que perderia tudo ao seu redor. Se fosse realmente o que estava passando em sua cabeça, iria dizer não. Mas como negar um pedido dele? Victor ali, com seu olhar suplicante quase a devorando de tanto pedir aquele favor.

_Me explica isso.
_Ok, vamos nos acalmar – soltou o ar pesadamente. – Você iria circular comigo como namorada. Somente isso para mostrar as pessoas que eu mudei.
_Uma espécie de trato?
_Isso. Mas calma, não vou te cobrar nada. Apenas será de fachada – segurou-lhe as mãos e até acendeu a luz do interior do carro. – Ajude-me a mostrar as pessoas que eu mudei Priscila. Por favor?

O destino estava em suas mãos, seria algo fácil, ser namorada de ídolo não é nada ruim. Mas e seus pais, saberiam dessa loucura? Claro que sim, mas como contar a eles?

_Tenho que pensar. Meus pais, eles não iriam gostar muito disso.
_Quer que eu fale com eles agora?
_Sobre o trato não! Nunca que eles entenderiam.
_Então vamos falar sobre nosso namoro.

Sem ouvir a resposta de Priscila, Victor saiu do veículo e correu para abrir a porta do passageiro. Ela olhou-o assustada, era estranho imaginar que ele estava tão empolgado por uma coisa tão banal. Não sabia nem como começar. Sua mãe já sabia um pouco sobre o assunto já que não escondia nada dela, mas seu pai, não e sabia que ele não iria aceitar... Sentia até pena do seu ídolo diante dele.

Abriu a porta e lá estavam eles na sala, assistindo TV. Sentiu uma das mãos dele entrelaçando a sua e um choque percorreu por seu corpo, uma sensação que jamais sentira.

_Mãe, Pai. É... – Entrou na sala, ligando a luz e sem jeito abrindo espaço para Victor entrar. – Esse é o Victor.

Sandra – Mãe de Priscila – suspirou quando viu que o ídolo da sua filha estava ali. Como toda mãe, imaginava sua filha como nos contos de fada, sendo feliz ao lado do príncipe. Victor cumprimentou todos e como um bom rapaz sentou-se levando consigo Priscila, logo procurou a mão dela para se aconchegar na sua novamente.

"Está mais fácil do que pensei." Pensou ele.

Nosso Destino Traçado [Completo]Where stories live. Discover now