Capítulo 48

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Priscila desceu do táxi e parou diante da clínica. Uma lembrança triste lhe acometia.

Passou pelos corredores até parar diante da recepção do consultório de Maya, deixou seu nome e aguardou ali sentada. Seu olhar percorria por todo aquele ambiente. Da última vez em que esteve ali uma alegria tomava seu corpo. Como se esquecer da única ultrassom que fizera e notou que tinha um ser tão indefeso crescendo dentro dela? Passou as mãos no ventre e controlou-se para não chorar. Olhou para o lado, uma mulher feliz, alisando a própria barriga e ao lado do marido fazendo planos. Iria demorar a se acostumar com uma situação como aquela? 

_Priscila Mattes Chaves – a recepcionista chamou-a. 

Seguiu até a sala, a doutora já lhe esperava com um sorriso fraco, tentando não deixar aquela situação ficar pior. 

_Priscila, sente-se. 

Fez o que a doutora lhe pediu e sentou-se, um silêncio ficou por alguns segundos até Maya terminar de ler seu histórico. 

_E então, como se sente? 

Priscila olhou ao redor mais uma vez, segurando-se para não chorar. 

_Um vazio estranho dentro de mim.

Maya segurou a mão dela. 

_Isso é normal. Logo vocês conseguem de novo, mas fico feliz em saber que não me parece em nada com aquela menina que fez o exame e estava nervosa porque não queria engravidar.
_Será que foi castigo?
_Jamais pense nisso Priscila. Se tinha que acontecer, nada poderia segurar – escreveu algo no histórico. – Então, quer tentar de novo? Como foi seu ciclo menstrual depois de tudo?
_Normal... Mas eu não quero tentar agora, doutora. Vim aqui para uma consulta de rotina e iniciar meu tratamento para não engravidar.
_Tiveram relação depois de tudo isso?
_Sim, mas nos protegemos.
_Entendi. Bom, você sabe que terá que ter um cuidado a mais nessa primeira cartela de anticoncepcional, não é?

Maya explicou calmamente sobre os riscos que tinha, as vantagens, desvantagens e em seguida foram fazer o exame. Enquanto analisava-a percebeu que Priscila estava com um olhar perdido, triste. 

_Nessas horas o ideal é ter o marido por perto. Ele vai suprir toda a falta que você está tendo.
_Oi? – Franziu o cenho
_Olha Priscila, sei que está arrasada por tudo isso, mas tente ser forte. Agora já pode se levantar. Quer ajuda para se trocar?
_Não precisa.

Priscila trocou de roupa e foi até a mesa onde Maya já prescrevia o anticoncepcional. 

_Não veio depois que perdeu o bebê.
_Eu... Preferi passar uns dias na casa dos meus pais.
_Moro com minha mãe e minha irmã e sei bem que nessas horas tudo o que queremos é carinho da família – olhou com ternura para ela. – Você vai se recuperar de tudo isso, Priscila. Dói no começo, mas logo isso vai cicatrizar.
_Será doutora?
_Tenho certeza – entregou-lhe a prescrição médica. – Já sabe, tome conforme lhe disse. Se tiver alguma dúvida pode me ligar e se quiser desabafar tenha em mim uma amiga.
_Obrigada. Tchau.

Saiu da clínica um pouco mais revigorada. Tudo o que queria era esquecer todos os seus problemas e se entregar a boas horas de risada. Seu celular tocou: 

_Oi Tati.
_Saí cedo do trabalho, sei que está na cidade. Vamos ao shopping?
_Claro. Te encontro lá, pode ser?
_Perfeito.

Pegou um táxi e seguiu para o shopping onde sempre se encontrava com a amiga. Ficar presa naquele apartamento iria lhe trazer péssimas lembranças, o melhor seria ficar longe por algumas horas. 

***

Paula ainda estava próxima à porta entreaberta do escritório. Agora pegou todo o assunto e estava horrorizada. Aquele não era seu irmão, Victor jamais iria agir daquela maneira. Saiu quando notou que o assunto já estava se normalizando. 

Nosso Destino Traçado [Completo]Where stories live. Discover now