Nosso Destino Traçado [Completo]

Capítulo 28

Agosto...

Os meses estavam passando muito rápido, mas nunca foi tão lento para Victor e Priscila. Após aquela noite onde ambos perderam o equilíbrio e acabaram saindo feridos, poucos se conversavam. A culpa foi dele ao criar na mente dela uma terceira pessoa, pessoa essa que não existia, porém, Priscila acreditava ter. Procurou se afastar, deixar as coisas fluírem e todos os dias ao acordar tinha a certeza absoluta de que esse sentimento iria ser passageiro, que logo iria esquecer dele e no fim do casamento não iriam sair machucados. Victor já não aguentava olhar para a esposa e não poder trocar palavras carinhosas, percebendo que ela só lhe direcionava o olhar quando estavam em cima de uma cama, em momentos mais íntimos, depois, virava para o outro lado e dormia afastada.

Rio de Janeiro

Aquela reunião já estava deixando-o sem paciência, apenas queria que tudo acabasse para em seguida voltar para casa e descansar. Olhou para o lado, Leo sorria com o novo CD da dupla em mãos, debatia sobre a produção final – capa e contracapa – dando algumas ideias. Otávio observava tudo calado, já havia percebido que Victor estava quieto, com uma expressão triste e cansada. Os produtores da gravadora também estavam empolgados e daquele jeito, aquela reunião levaria horas.

_Não vamos esperar, vai entrar nas lojas na próxima semana – comentou um dos produtores.
_Mas aí vem a melhor parte – o outro produtor continuou com o assunto – A divulgação.
_Estive conversando com o Victor sobre isso – Leo se empolgou no assunto. – Podemos fazer lá em Uberlândia, ao lado dos nossos amigos e familiares.
_Mas nós já temos todo o esquema pronto. A festa será na semana que vem. Durante o dia, vocês terão entrevista com toda a imprensa, à noite, um evento mais requintado. Será aqui e fazemos questão que chamem todos os amigos e familiares. 

Victor suspirou impaciente. Não gostava muito daqueles eventos, sabia que boa parte dos convidados pela gravadora eram celebridades que estavam apagadas na mídia e fariam de tudo para aparecer. Apenas queria que aquela reunião logo acabasse e sendo assim concordou com tudo. Já estavam no estacionamento quando Otávio o chamou a parte: 

_Está tudo bem?
_Sim.
_A Priscila está aprontando alguma...
_A Priscila não tem nada a ver com os meus problemas, Otávio.

O empresário fez um sorriso básico. Às vezes ele podia jurar que aquele sorriso tinha um enigma. 

_Você não tem mais problemas. Não depois que se casou e agora está sendo visto como um homem respeitador. Sua conta bancária está gorda novamente e agora é só relaxar.
_Se todo problema fosse algo material, eu era um homem feliz – suspirou. – Estou cansado disso tudo. Às vezes quero ter meu momento só, longe de tudo e de todos.
_Está entrando de novo em depressão? Nem pensa nisso, Victor.
_Como se as minhas doenças também fossem uma escolha. Estou bem, Otávio. É só um sentimento passageiro. Tenha um bom dia.

Bateu no ombro do empresário e entrou no veículo onde Leo o aguardava para seguirem viagem. Não queria admitir, mas Priscila era o seu problema maior. Aquela mulher conseguira mexer com todo o seu psicológico por apenas o tratar cordialmente, como se fosse uma amiga. Uma amizade longe de ser natural, pois a desejava e já estava ficando aflito pelo simples fato de naquela semana ela lhe negar contato intimo. Certas horas queria ser o cara malandro que fora na noite do casamento, nas vezes em que humilhou ela e conseguia sorrir ao vê-la triste e pelos cantos. Se tivesse continuado a ser o mesmo cara que a chamava de "bobinha" agora estaria ainda na capital carioca, em uma cama de hotel e com uma das suas garotas de sexo fácil, dessas ainda existiam várias aos seus pés. Com esse pensamento lhe veio algo horripilante do que fizera no mês de julho, em um show qualquer. Dois ou três shows. A carência o deixou a um ponto onde já não sabendo o que fazer, ao desespero de pegar a pessoa que não se encaixa no perfil para satisfazer os desejos. Priscila o evitava, ele apenas fazia o que todo homem faz, desejar e buscar fora o que não acha em casa.