Capítulo 60

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"Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor"

(Elis Regina – As Aparências Enganam)

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_Porque não me avisou que viria para cá? – Sentou-se no sofá.
_Eu também não sabia que você foi convidado pela Tatiane.

Timidamente, Priscila sentou-se. Agora já não tinha mais coragem pra encará-lo. Todos os lugares naquela sala eram válidos, a parede com uma tonalidade bege acompanhada da cortina que se movia conforme o vento passava pela varanda e timidamente deixava uma leve brisa tocar seus rostos. Podia sentir a tensão que Victor estava, o silêncio só estava piorando aquilo tudo. Agradeceu mentalmente quando Tatiane surgiu ali.

_Pensei que não viria – o abraçou
_Imagina Tati, não podia perder. – Levantou-se para retribuir o gesto.

Priscila alternava o olhar para os dois. Eles conversavam como se já soubessem o motivo daquela reunião. Evitou entrar na conversa, ficou olhando o celular. A campainha tocou. 

_Eu vou atender. 

Tatiane saiu da sala. Só restou apenas o silêncio e agora ambos se olharem. Tinham muita coisa para falar, mas ali não era o momento. A amiga estava demorando, Priscila já buscava olhar para outro lugar, não queria causar nenhum incômodo. Seu coração bateu descompassado e foi naquele momento que se sentiu uma intrusa, era uma reunião de amigos, mas não os amigos dela. Leo vinha distraído conversando com Tatiane, ambos rindo e trocando olhares, assim que virou o rosto ficou um pouco tenso, mas fez um sorriso tímido. 

_Boa noite – olhou para a cunhada. – Oi Priscila, tudo bem? 

As palavras ficaram engasgadas na garganta, Priscila podia sentir a vermelhidão no rosto e suas bochechas queimarem. O cunhado demonstrou uma calmaria enquanto sentava do lado de Victor. 

_O Leo chegou, acho que não pertenço mais aqui. – Victor fez menção de levantar-se.
_Para de ser implicante Victor. – Bateu na cabeça dele de leve – O que as meninas vão pensarem?
_Simples, que você é um besta.

Tatiane sorriu enquanto sentava ao lado de Priscila. 

_Pronto, agora sim estão todos para a comemoração.
_Mas que comemoração? – Olhou para a amiga.
_De algumas coisas que iremos falar só depois.

Quem estava a frente dos assuntos era Tatiane e Leo. Os dois tinham uma sintonia perfeita, até brincavam com certa intimidade. 

_E vocês – Tatiane iniciou outro assunto após uma crise de gargalhada de todos ali –, quando vão casar? 

Priscila e Victor se entreolharam. Ele parou de sorrir, ficando sério e baixando a cabeça. Ela, esperando que ele se pronunciasse. 

_Mas já somos casados – Victor ergueu o rosto e seu olhar buscou o dela.
_Claro que são – Tatiane continuou –, mas eu falo de casar na igreja.

Várias coisas se passaram na cabeça de Priscila. Leo estava ali, olhando para os dois, ela sabia bem qual era a opinião do cunhado sobre aquele casamento falso. Naquele momento, apenas queria matar a amiga de um modo bem lento. A voz de Victor surgiu: 

_Quem sabe mais para frente – ignorou o olhar que Priscila lhe dava. – Ô Tati, não tem nada de bom pra beber nesse teu apartamento?
_Tá achando que meu apê é boteco?
_Mas hoje podia rolar uma champanhe.
_Muito folgado você. Vai lá no meio de rua e compre se estiver achando ruim.

A risada de Leo foi inevitável. Priscila o acompanhou também. 

Nosso Destino Traçado [Completo]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum