Nosso Destino Traçado [Completo]

Capítulo 51

" Por mais que você programe sua vida, a qualquer momento tudo pode mudar." – (Ayrton Senna)

Priscila foi andando sem rumo, o sol já estava se despedindo do céu, dando espaço para um tom alaranjado se formar nele. Em sua mente, os últimos fatos pareciam vivos como se estivessem ainda acontecendo. Não queria chorar no meio da rua, mas algumas lágrimas caíam timidamente, ela logo as limpava com medo de algum conhecido lhe parar e questionar o porquê daquela cena.

Começou a imaginar como foi a cena na casa de Marisa. Victor com certeza havia discutido com a mãe, armaram aquilo tudo pra ele. Talvez aquilo tivera o dedo do cunhado, Leo lhe olhara totalmente estranho antes de saírem do escritório na tarde do dia anterior. Estava descontrolada, sem rumo, não querendo voltar para o apartamento. Após andar muito achou uma pracinha em uma rua um pouco movimentada e sentou-se em um dos bancos vazios. Vários jovens circulavam por ali, alegres, escandalosos com suas risadas entre amigos. Baixou a cabeça e entregou-se ao momento, não tinha ninguém para desabafar, jamais ligaria para sua mãe, não queria Sandra envolvida naquele problema. 

Pensou um pouco na vida, o que faria se tivesse que abdicar do amor de Victor? Como iria sobreviver sem seus beijos, abraços, carinhos? Olhou para o céu, sussurrando: 

"Meu Deus, se isso acontecer que o senhor me leve antes. Não vou suportar ter que abdicar do meu amor por ele, me perdoe estar sendo egoísta."

Voltou a baixar a cabeça e chorar, era algo que não conseguia controlar. Algumas pessoas ali começaram a olhar assustadas para ela, levantou-se e seguiu mais uma vez sem rumo. Sua vista ficou embaçada por conta das lágrimas, já sabia que não conseguiria andar muito. Achou um ponto de táxi, entrando em um deles. 

_Pra onde vamos Senhora? – Olhou pelo retrovisor.
_Só me tira daqui, no caminho eu decido.

Tantas coisas passavam na sua cabeça. Às vezes se via confiante e preparada para fazer as malas quando chegasse ao apartamento e ir embora, outros momentos se sentia fraca e arrependida por ter dado a palavra para a sogra. Queria tudo, menos ver Victor sofrer, mas sabia que ele estava dividido entre ela e a família, isso não podia ser dor maior. 

"Ela me deu o prazo até o contrato acabar, dará tempo para analisar a situação e Victor sair dessa fase." Pensou confiante. 

***

Tatiane já soltava o ar impaciente com aquela reunião. Cadu explicava a todos como seria o cronograma daquele fim de semana. 

_Tati, você vai pra Belo Horizonte. Como te falei, vai tirar foto dos bastidores do clipe. No mesmo dia entregue as fotos para a produção da banda, eles usarão para divulgar antes mesmo que o clipe entre no canal deles no Youtube.
_Mas eu pensei que quem ia era a Selma.
_Deixa a Selma aqui. Você é mais eficiente – fez um sorriso encantador.

Não podia negar que o seu chefe tinha um charme a parte, mas não gostava de similar trabalho com vida pessoal. Levantou-se já sentindo suas costas doer. 

_Posso sair já? – Olhou o relógio – Já passam das seis horas.
_Está liberada. – Recolheu os papéis da reunião. – Um dia quem sabe você não fotografa algum clipe da dupla que você é fã? Te prometo que quando eles procurarem a gente te escalo pra isso.
_Bobo. Tchau.

Passou na sala, deixando os papeis, pegando outros para levar pra casa. Já entrou no carro ligando o som e dando partida. Mal havia chegado à cidade e seu chefe já estava mandando-a viajar. Às vezes cansava daquela correria toda, só queria um bom banho, uma boa comida e dormir para esquecer-se de trabalho, Cadu e tudo o que lhe perturbasse.

Suspirou ao se aproximar do prédio do edifício, foi reduzindo a velocidade e logo parando na entrada da garagem enquanto o porteiro abrisse. Olhou para a calçada, uma moça muito parecida com Priscila. Baixou o vidro e ali teve a certeza.