Capítulo 18

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Victor estava calado, não ousara olhar para Priscila durante o trajeto enquanto dirigia. Aquela cena ficara estranha, afinal, a família era dela e eles quem deveriam se entender, jamais entraria no assunto sem que a própria esposa permitisse. Ouviu os soluços tímidos dela e involuntariamente olhou para Priscila. O que fazer em um momento como esse? O que dizer?

Segurou a mão mais próxima dela enquanto mais uma vez ficava atento à estrada.

_O que foi?
_O que eu fiz de errado? Porque ela não pode me entender? – Voltou a chorar.
_Fica tranquila, Priscila. Desentendimento entre mãe e filha é normal, logo vocês estarão se acertando.
_Conheço minha mãe – limpou as lágrimas e outras mais caíam. – Vai ser muito difícil aquela dali me perdoar.

Priscila calou e se encolheu no banco do passageiro, não queria deixar Victor preocupado. As palavras de Sandra ainda estavam ali em sua mente, tão vivas como se a sua mãe estivesse ali, na sua frente. Quanto mais fechava os olhos mais aquela cena se repetia. Lembrou-se de Suzy, de tudo o que dissera, até parecia ser uma profecia. 

Olhou para Victor que estava dirigindo, empolgado com a estrada. O teria somente por um ano, logo estaria jogada no mundo, sem ninguém. Sandra não iria aceitá-la de volta. Não iria conseguir mudá-lo, ele tinha olhos para uma mulher bem mais bonita que ela, Carla era elegante, com certeza sua família também era, diferente da sua. 

Entraram no jatinho e mais uma vez ela estava ali, perdida em seus pensamentos. Sentiu a mão de Victor tocar a sua, como ansiava por um simples gesto de carinho como esse. Quantas vezes não se imaginara sendo a sua musa inspiradora. Queria alguém para chamá-lo de seu, alguém que tivesse sentimentos iguais ou bem mais que ela, Victor não se encaixava em nenhum desses perfis. 

_Não fica sozinha, calada. Vai por mim, é pior.
_Não estou sozinha, você está do meu lado.
_Mas é como se eu não estivesse. Está aí calada e quieta, perdida em seus pensamentos.

Priscila inspirou profundamente, logo expirando devagar. 

_E se minha mãe não quiser mais olhar na minha cara?
_Posso ser sincero? – Recebeu um gesto afirmativo que ela fazia. – Sua mãe só quis defender a irmã. Acho que no lugar dela eu faria o mesmo – Priscila fez um olhar confuso. – Você não é, e nem vai ser a primeira pessoa na face da terra que teve um choque de opiniões com a mãe. Quando chegarmos em casa tente ligar para ela e tenho certeza que ficarão bem.

O resto do voo o silêncio permaneceu. Victor queria deixá-la em paz, não sabia como agir em situações como essa, estava perdido. Nunca uma mulher viera lhe pedir conselho ou ombro amigo assim. Aos poucos sentiu que aqueles olhos fechados dela era relaxando, passou o braço no ombro da mesma e levemente a puxou pra apoiar a cabeça em seu ombro. 

Priscila dormiu durante o voo, estava se sentindo protegida ao lado dele. Ouviu a voz de Victor longe, abriu os olhos e percebeu que o jatinho já estava aterrissando em Uberlândia. 

_Chegamos. 

Lá estava ela voltando para sua vida de conto de fadas, onde longe da família esquecia-se dos seus próprios problemas. O motorista de Victor os esperava, cumprimentou. Aproveitou que o esposo conversava sobre algo com o rapaz e ficou calada, pensando na vida. Por mais que quisesse, aquela dor no peito ao lembrar-se da sua mãe a fazia voltar a sentir vontade chorar. 

Victor puxou as chaves do bolso da calça quando já estavam saindo do elevador, abriu a porta e deu passagem para Priscila, que estava com as malas e deixou-as na sala. 

_Ligue pra sua mãe. Isso vai te fazer bem. 

Ele saiu da sala e foi para a cozinha beber água. As mãos de Priscila tremiam, imaginava tantas coisas boas, mas ao mesmo tempo ruins. Após respirar forte discou o numero da casa da mãe, chamando algumas vezes e Ícaro atendendo: 

Nosso Destino Traçado [Completo]Where stories live. Discover now