Capítulo 35

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Doutor Been alternava o olhar para Priscila e o exame em suas mãos, deixando a paciente um pouco nervosa.

_Você me disse que seu caso era reversível, correto?
_Sim – respondeu com a voz trêmula.
_Aqui no exame vem constando que sua tireoide está normal.
_O quê?! – Alterou um pouco a voz por estar assustada.
_Isso mesmo. Olha como fez bem eu não ter te prescrevido os medicamentos para tomar.

Priscila não sabia bem o que responder. Um turbilhão de coisas surgiu em sua cabeça. Estava feliz, mas ao mesmo tempo preocupada. Sempre fizera esse tipo de exame e nunca alterou em nada. Chegou a ficar acostumada a ter aquele problema e agora estava livre dele. 

_Será que o laboratório não errou nos exames? 

O médico fitou-a bastante sério. 

_Está achando que os nossos funcionários do laboratório são inúteis?
_Não foi isso o que quis dizer, mas acho praticamente impossível isso acontecer. Ainda sinto os sintomas e dias atrás achei que iria morrer quando passei mal.
_Isso deve ser do seu psicológico. Está tão acostumada com a doença que ainda acha que está com ela – entregou o exame a ela.
_Doutor, eu tenho sintomas quase todo dia.
_Se quiser posso te passar uma endoscopia e aí veremos se tem algo de errado com você.
_Não, obrigada – levantou-se. – Já estou liberada?
_Por enquanto sim. Se os sintomas persistirem, me procure. 

"Nem ferrando que volto a essa sua sala." Respondeu por pensamento enquanto saía. 

Enquanto estava dirigindo mais uma vez seu pensamento trabalhava. Algo se alegrava dentro de si, ficar longe daqueles medicamentos, longe de exames rotineiros, já era um alivio. O celular tocou, atendeu rapidamente e foi ao encontro de Tatiane. 

Priscila olhava para aquele corredor, seguindo para uma recepção. Pediu informações e a porta na sua frente logo se abriu. Tatiane fez um sorriso perfeito ao ver a amiga. 

_Entra. 

Olhou em cada detalhe daquela sala. Era uma tonalidade clara, os móveis beges, um sofá pequeno. Mais na frente duas cadeiras na cor verde, combinando com a mesa e uma terceira cadeira atrás dela. Olhou para uma das paredes, um mural com fotos da amiga, familiares e até algumas que ela tirou em shows que frequentava de Victor e Leo. Ameaçou roubar uma foto onde Victor estava perfeito, dedilhando seu violão e com um sorriso encantador. 

_Nem ouse. Essa é a minha preferida.
_Quem está nessa foto é o meu marido.
_Depois faço uma copia e te dou. Venha aqui – segurou-lhe a mão, sentando no sofá – Está sumida e sei muito bem que estava viajando. Só me fala como está o show deles porque a saudade está enorme.
_Ai Tati, o show está perfeito. Dos cinco dias que fui, assisti quatro, porque o ultimo não aguentei o pique e preferi ficar dormindo no hotel.
_Fraca – sorriu de lado.
_Isso é porque você não vê o antes, durante e depois lá nos bastidores. – Olhou para o teto imaginando como era perfeito tudo aquilo.
_Um dia peço emprego lá pro seu marido e irei ter essa vida corrida de bastidores.
_Ótima ideia, só assim vou ficar tranquila porque terei alguém para vigiar meu marido.
_Cuidado que posso roubá-lo de você.

Riram alto. Não conseguia sentir ciúmes quando Tatiane fazia brincadeiras assim, confiava nela. Ficaram alguns minutos conversando sobre tudo o que aconteceu na viagem. 

_Sua louca, você quebrou o celular dele? Priscila, você não é normal. Merecia umas tapas.
_Fiz isso sem perceber. Me alterei, mas me arrependi depois.
_Agora sim descubro que o Victor tem uma paciência enorme com você. Depois que me contou sobre o jantar em que passou mal, devo dizer que esse homem te ama.
_Ele cuidou tão bem de mim – sorriu com a lembrança. Logo ficou séria – Tem algo errado comigo, Tati.
_Por quê? – Perguntou com medo.
_Fui ao endocrinologista hoje para buscar o resultado do meu exame. Lá consta que estou curada do hipertireoidismo.
_Isso é ótimo, Pri. Não vejo nada de errado.
_O problema é que meus sintomas estão persistindo. O médico disse que pode ser do meu psicológico, mas ainda não acredito nele.
_Ele está certo, Pri. Deve ser isso mesmo. Ele é profissional e por dia deve ter vários casos como o seu.
_Deve ser isso – o celular tocou. Olhou no visor. – Falando em coisinha chata, olha quem está me ligando? – Mostrou o nome no visor.
_Chato nada, é um tremendo de um gostoso. Com todo respeito.

Priscila sorriu e atendeu a chamada. 

Nosso Destino Traçado [Completo]Where stories live. Discover now