Capítulo 42

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Após ter uma conversa com Geane voltaram para o quarto. Ele queria a todo custo aguardar Priscila acordar, sabia que iria precisar de seu apoio em um momento tão triste como esse.

_Victor, vou ter que ir ao apartamento. Terei que pegar alguns documentos de Priscila, aproveito e trago algumas roupas, mas logo estarei por aqui.
_Eu vou com você – olhou para Tatiane. – Você pode ficar aqui enquanto eu e a Geane vamos ao apartamento?
_Daqui eu não saio enquanto ela não acordar. Acho até que vou ligar pro Cadu e dizer a ele que não vou voltar hoje pro studio – levantou-se sacando o celular e saindo do quarto.

Victor não parava de olhar para Priscila. A cena dela no meio da sala naquela madrugada era persistente, aparecia em sua mente. Segurou uma das mãos, estava gelada. 

_Vai ficar tudo bem. Estou com você.
_O médico falou que iria demorar para ela acordar – suspirou. – Já sei que vai ser difícil ela passar por tudo isso.
_E estaremos do lado dela.

Tatiane voltou ao quarto, sentando novamente na cadeira que estava de frente para aquela cama. 

_Já falei com meu chefe. Vou ficar aqui enquanto ela estiver internada.
_Obrigado – sussurrou baixinho.

Sabia que não poderia ficar ao lado dela todo momento, o trabalho lhe chamava e naquele fim de tarde iria voltar e fazer show. Geane olhou para ele, queria dizer algo, segurou por alguns segundos:

_Victor, acho melhor ficar aqui.
_Porque Geane?
_Eu vou rapidinho e pego tudo o que for preciso.
_Imagina, não me disse que ela vai demorar a tornar? – A empregada fez um gesto positivo – então dá tempo.
_Está de carro? – Tatiane interveio na conversa
_Não. Não pensei em nada e peguei um táxi assim que cheguei no aeroporto.
_Então vai com o meu – Levantou-se indo pegar a bolsa que estava no sofá. Entregou-lhe a chave
_Imagina Tati, pegamos um táxi – Geane falou timidamente.
_Não, podem ir. Qualquer coisa eu ligo. 

Saíram do hospital e logo seguiram para o apartamento. Durante o percurso, Geane quase não falou. Virava o rosto prestando atenção no trânsito. Escondia algo, mas sabia que ele logo descobriria. Pararam no estacionamento, tocou a mão dele. 

_Acho melhor ficar aqui.
_Posso saber por quê?
_Victor... Isso já foi muito difícil para vocês dois. Ver a cena que o apartamento está é doer mais ainda.
_Serei forte.

Subiram pelo elevador. Ele podia notar a empregada calada, cabisbaixa, nervosa. Foi na frente e passou a chave, destravando a porta, olhou para ele. 

_Ainda está em tempo de ficar aqui.
_Eu quero entrar Geane, por favor.

Assim que colocou os pés na sala já sentiu o ambiente ficar pesado. A cena voltou em sua mente. Olhou para o lado, a parede próxima do corredor, no chão perto dela, sujo de sangue. O coração começou a bater descompassado, tragando a própria saliva. Geane havia ido à cozinha, na hora do desespero não percebeu se tinha deixado algo no fogo. 

Victor seguiu para o corredor, parecia estar vendo Priscila desesperada ali. As paredes um pouco suja de sangue davam um toque horripilante, fazendo todos os pelos existentes em seu corpo eriçarem. A pior parte foi entrar no quarto, olhar para aquelas cobertas sujas, vermelhas de sangue o fez entender porque o estado dela no hospital estava crítico. Não segurou mais, lágrimas caíam em seu rosto e de repente estava soluçando, respirando profundamente no intervalo do choro. Ela sofrera aquilo tudo no momento em que estava sozinha, ele sabia disso. Pediu inúmeras vezes perdão a Deus por ter sido tão errado e não ter ajudado a esposa no momento em que mais precisou. Devia ter ficado em casa, ou quem sabe levado-a para o hospital antes seguir para o trabalho. Deu vazão a todo o seu sofrimento, urrava de dor, de remorso. Sua vista ficou turva, sua pressão estava caindo e como memória eidética, ficou gravada aquela cena, aquele lençol com uma imensidão de sangue. 

Nosso Destino Traçado [Completo]Where stories live. Discover now