Clandestino

❍ uno

❝ Solos diferentes em breve. ❞

INCERTEZAS.

Nuvens passageiras se estendiam um pouco mais a baixo da garota. Luzes cintilantes sob o lugar tão conhecido como a Cidade da Luz.

Durante séculos as mentes mais iluminadas nas diversas vertentes das artes eram atraídos para Paris como os insetos são atraídos pelas lâmpadas. Incrível era a agitação e ao mesmo tempo a calmaria constante. Uma bela demonstração de beleza. E ela pôde comprovar disso.

Mesmo que fosse apenas de modo aéreo.

— Não acredito no que encontrei. — observou a cabeleira negra se movimentar pelo ambiente logo em seguida, abrindo alguma coisa. — Desde sempre o meu favorito. — Evelyn segurava uma garrafa de vinho, analisando-o como se estivesse achado um pote de ouro. Seus olhos em cor castanho escuro, brilhava por tal fascínio.

— E ninguém sabia. — Kyara a respondeu irônica, pois ela mais do que outra pessoa sabia o quanto a morena gostava dessa bebida.

— Você bem que poderia passar esses dias lá em mi casa. — Eve questionou digerindo do líquido, mudando de assunto repentinamente. — Faz bastante tempo que não nos visita em Turim, sempre arrumando alguma desculpa.

— Trabalho não é desculpa. — elevou a sobrancelha em certeza. — E você não pode reclamar de nada, pois também quase nunca me visita.

— Pelo menos a última vez foi minha e mais recente. — justificou, mas a modelo não estava interessada em continuar com o rumo da conversa. Sabia perfeitamente aonde pararia, e não queria chegar a esse ponto. — Não tem nada te impedindo dessa vez, só acho que...

— Não é por que eu não queira, e sim por não ter um tempo suficientemente para a vê-la. Compreenda o meu lado também, Evelyn.

Evelyn Bianucci Dybala.

Que nome.

Evelyn tinha não só o nome, mas uma carreira magnífica. Conquistou milhares de pessoas pelo mundo por causa de seu trabalho e talento. A atriz era um grande destaque não só exatamente por isso, mas ela tinha algo que a diferenciava das demais outras.

Irmã de um jogador famoso já seria o suficiente?

Seria. Se esse jogador não fosse Paulo Dybala.

— Eu entendo perfeitamente o seu lado e sei basicamente a série de listas que te faz não querer ir para lá, para a minha residência. Posso até listá-los se quiser.

Ela queria acabar de vez com essa conversa. Um caminho amargo que fazia o seu coração se esfriar. E ultimamente, evitar essa trajetória tem sido a melhor coisa a se fazer.

Entretanto, ela poderia ter milhares e milhares de mistérios a serem ainda desvendados, mas apenas Kyara sabia como realmente acabar com suas gracinhas. Uma única coisa. Era essencial.

Futebol.

Jogador.

Colômbia.

— Mudando um pouco de assunto, eu acho que irá gostar de saber disso. — entregou o seu próprio aparelho telefônico e ela aceitou sem importância, mesmo confusa. Só então fica sem reação por um tempo.

Na barra de notificações, continha a seguinte informação:

James Rodríguez, acabava de começar a seguí-la em sua conta pessoal.

— Ainda estou procurando o que eu deveria ter gostado. — ela se mostra indiferente diante da situação, levando a amiga em gargalhadas. —
Que foi?

— Seu cérebro está processando ainda. Tenho que parabenizar o meu melhor amigo por essa iniciativa.

A verdade era que Eve não admitiria tão facilmente sobre a sua pequena queda pelo jogador. E para a sua sorte
— ou não — James Rodríguez se tornou o melhor amigo da garota. Facilitando a junção do futuro casal.

☪

— Finalizamos por hoje.

A fotógrafa e também uma das supervisoras que comandavam cada pequeno detalhe da produção, informava que havia se encerrado as fotos, mas não queria dizer que os que as ajudavam também iriam ganhar. Queriam apressar e deixar tudo concluído para o lançamento da coleção de verão.

Na cidade de Dieppe, próximo de Paris, era onde ela se encontrava no momento. O calor presente não estava com piedade de seus turistas, muito pelo contrário. Involuntariamente obrigou-a em aproveitar para degustar de um delicioso mergulho autônomo. Um paraíso local, e que consequentemente estaria se despedindo.

Nem havia percebido o quanto estava se metendo em praias ultimamente.

E bom, isso era uma coisa boa.

Hoje a noite a brasileira chegaria a Turim, em Itália, passando o resto das horas em um hotel reservado. Seu empresário optou assim, mas mesmo sabendo que seria algo difícil passar despercebida pela mídia. Não que fosse algo incomun, muito pelo contrário, teve que de se adaptar a esse rumo há dois anos atrás quando iniciava a sua carreira no mundo da moda.

No mundo das passarelas.

Nem em seu pior pesadelo, imaginou que passaria o resto dos dias livres na cidade italiana. O problema não era o lugar, e sim quem morava lá.

— Você tem até o resto da tarde para degustar daqui. Ao entardecer se arrume que partiremos. — mesmo que pensando alto em várias coisas, concordou. Muitas pessoas se dirigiam com destino aos restaurantes próximos para saborear da comida francesa na hora do almoço. Ela poderia seguir o exemplo delas, mas a necessidade de ingerir alimentos ainda não era uma coisa obrigatória. Fez o que veio em mente de primeira e que havia apenas conseguido uma vez. Um exuberante mergulho. Estava apaixonada pelas águas francesas.

Esperava que pudesse retornar algum dia, sem pressa.

☪

— Dios mio, Kyara! — a mesma fotógrafa de horas atrás comentou olhando para a garota. Rapidamente, pensou no que poderia ter acontecido de errado. — Não está ardendo?

Afastou para o lado a peça de banho, analisando em frente ao espelho o seu corpo aonde pôde ver o seu reflexo e reparar na enorme diferença. — A ardência presumo que não demorará para dar sinais.

— Tenha mais cuidado. Depois lhe entregarei algo bom para passar em seu corpo para que possa melhorar esse estado. — alertou, e ela assentiu. Informou que ficaria tudo bem em breve e que não precisaria se preocupar.

Sempre foi desleixada em relação ao uso de protetores solares.

Passando um tempo, se debruçou no quarto temporário. Sentindo seu corpo em estado exaustivo, mencionou sem querer uma parte que sua cabeça tinha até esquecido.

Relembrou em sua memória, que mais tarde

Teria de comparecer a Itália.

E aquilo não lhe agradava nenhum pouco.