❍ treinta y nueve

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As palavras estão mais perto de se concretizar do que imagina.   ❞

HIPÓTESES.

Não sabia se tinha sido ela a despertar muito tarde naquele dia, ou o argentino cedo demais.

Kyara vagarosamente abriu os olhos, se acostumando com o espaço, que não estava muito iluminado graças ao próprio jogador quem deve ter fechado as cortinas ao levantar, presumiu. O conforto e o frio incrivelmente agradável que havia se instalado pelo cômodo a fazia desejar ficar ali para sempre.

Sua audição pôde perceber a mínima agitação referente a cozinha, logo já sabendo quem deveria ser. Ainda sim, não foi motivo para a fazer levantar, apenas ficou ali, observando preguiçosamente o mesmo adentrar no quarto com algumas compras. Ficou curiosa.

Buenos días, jugador. — proferiu com a voz manhosa, como quem de fato acabara de despertar.

Hmm, buenos días, não pensei que fosse estar acordada agora. — andou até o seu closet, aonde deixou as sacolas lá. Presumiu que fossem coisas para ele, afinal.

Eu achei que fosse te encontrar aqui ao acordar... — se mexeu minimamente, e logo em seguida atrai a atenção dele. Era verdade, ela queria muito que depois da noite em que tiveram, pudesse abrir os olhos e encontrar o dono do jardim esverdeado.

Eu também pensei mi amor, mas sua sogra telefonou para cá avisando do...

Minha sogra? — gargalhou por tamanha naturalidade ao dizer isso, arracandando um sorriso dele. — Tudo bem, Lycinha avisou do que?

Que teria um almoço em família. — deixou o closet e se direcionou até ela, que se endireitou na cama, sentando-se e cobrindo seu corpo com o edredom esbranquiçado. — Eve chegou com James e irá notificar a família, não poderíamos perder esse momento tão importante. — ficou ao lado da brasileira, fazendo o gesto que ele tanto tinha vontade desde sempre, colocando a mecha do cabelo dela para trás. — Ainda nem acredito que serei titio.

E você acha uma boa? Eu ir também e...

Nah, Kyara, não irá fazer uma desfeita dessas com a sua sogra. — assim os dois sorriram, ela mais sem graça, com mais uma vez ele mencionando sua mãe como a sogra da garota.

Percebeu que não adiantaria protestar dizendo que era em família. Além do que, já poderia imaginar ele falando que ela também fazia parte, antes mesmo de se reconciliarem e principalmente agora que estavam juntos de verdade.

Tá bom, e enquanto ao nosso namoro?

Não contaremos agora.

E os anéis?

Hmm, acha que deveríamos deixar aqui?

Sim, porém quando chegarmos juntos...

Você veio a trabalho e acabou se esbarrando comigo. Plim! Mágica!

Kyara gargalhou e ele também. Se direcionou para a cozinha, preenchendo a mesa com os alimentos enquanto ela partia para o banheiro.


                                    ❂

Kyara! Eu nem acredito que está mesmo aqui!

A mãe do jogador a abraçou repleta de animação e saudade da modelo, que imediatamente retribuiu o gesto.

Ela estava tão bonita, mas ainda sim, simples, naquela manhã que agradeceu mentalmente pela escolha do argentino, afinal, o deixou tentar fazer uma combinação com as roupas que havia trazido, mesmo que não fossem muitas, acabou dando certo.

E ela amou estar daquele jeito.

Eu senti muita a sua falta! — terminando de se abraçarem, ela disse. O argentino observava a cena próximo de seus irmãos atentamente, com um mínimo sorriso no rosto.

Nunca mais passe tanto tempo longe. — avisou, a levando em risos. — Então, estava no apartamento junto de Paulo? — ambos se voltaram para ele, afim que pudesse ficar de frente ao próprio mesmo que afastados e mudando de assunto. Ficou sem jeito, e apenas peno olhar que ela lhe lançava, era como se pedisse socorro para todos os cantos do mundo. Já ele, como sempre, se divertia com aquilo.

Dios mio, mamãe, claro que não! — agradeceu mentalmente pela voz de sua amiga ter respondido rapidamente. — Ela é uma garota direita, não é Kyara? — Eve bateu em seu ombro, ironicamente, fazendo com que ela apenas esboçasse um sorriso forçado. Ao fundo pôde escutar a risada baixa vindo de ninguém mais, ninguém menos que Dybala.

Eve! — a abraçou imediatamente para tentar ao menos disfarçar suas bochechas avermelhadas, com uma animação também forçada. — Eu te mato. — sussurrou.

Kyaaara! — retribuiu, também para esconder a risada que segurava, logo após falando baixo: — Me agradeça depois.

Todos já iriam caminhar para a mesa, na qual era servido as comidas que não eram poucas e mais ao fim, comentar sobre o assunto do momento. James era perceptível sua insegurança, principalmente com os irmãos da atriz e por isso, o tentou tranquilizá-lo com palavras positivas.

Torceria para que tudo desse certo.

Terminando de cumprimentar todos da residência, mesmo depois de ter ouvido brincadeiras dos irmãos e da irmã de Paulo, comentários positivos de Alicia dizendo que eles já poderiam ficar juntos, insinuações também dela para a brasileira informando o quanto lhe daria uma boa nora, e além de claro, uma comida excepcional que degustou.

                                   ❂

Kyara preparava alguns doces, e pela indicação da atriz, optou pelo brigadeiro, que era tão comum no país natal das duas.

Tanto Alicia, quanto Eve, estavam conversando na sala, procurando qual bolo escolheriam para fazer naquele fim de tarde. E aproveitando disso, Paulo se direcionou até a cozinha, afim de encontrá-la e possivelmente roubar um pouco do chocolate.

Percebendo o que ele pretendia, ela afastou o conteúdo de perto dele para que não pudesse pegar.

Negativo, se for para tentar pegar os brigadeiros pode dar meia volta.

Brigadeiros... — observou ela fazer movimentos circulares com as mãos, deixando uma pequena bola e em seguida colocando algo ao redor. — Está me expulsando? — se escorou na mesa, afim de olhá-la dessa vez.

Depende, se não bancar a criançinha pode ficar. — respondeu, e mesmo que estivesse concentrada, teve de vê-lo gargalhar levemente.

Tudo bem, senhorita Kyara. — continuou a olhá-la, e quando ela iria pedir para desviar sua visão para outro ponto, ele pergunta: — Gostou da combinação? Mando super bem, né? — dessa vez, se refere a roupa que ele havia escolhido, notando todos os detalhes.

Ah sim, eu adorei porque fiquei super meiga nela. — disse sinceramente, também olhando para o que vestia. — "Super bem", nossa, modelo agora.

Não acho.

E por que não? — confusa, olhou novamente para a roupa e para ele depois, afim de encontrar o que tinha de errado.

Porque as cenas de ontem a noite ainda estão perfeitamente nítidas em minha memória, então me lembro que Kyara Goulart não foi nenhum pouco meiga.

Sentiu mais uma vez naquele dia suas bochechas esquentarem, tentando também reprimir um sorriso nos lábios. Notou os passos da irmã dele se aproximarem, e logo tratou de voltar a compostura. Ele também havia percebido, então rapidamente roubou um brigadeiro, saindo as pressas para que a mesma não pegasse de volta. E não sem antes de dizer, também pela segunda vez, a mesma frase de mais cedo.

Eu te odeio, Paulo Dybala!

ClandestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora