❍ treinta y seis

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Momentos ruins passam com as pessoas certas.

HERÓIS.

Paulo...

Estava feliz, confusa e assustada. Definitivamente não esperava que ele fosse ajudá-la no meio desses caos, não compreendia dele ainda estar em New York, e não sabia o que fazer com uma nova cena que acabava de se iniciar.

Não irá fazer nada. — o argentino com toda certeza, estava possesso de raiva. Ela nunca o tinha visto assim, mas sabia que a partir de ver seus punhos cerrados pelo menos esses socos que desferia nele, era por uma boa causa. — Ou achou o que? Que iria abusá-la, seu merda?

Kyara assistia, e mesmo que fosse muito mais que merecido, nunca foi a favor de violência. Buscou se cobrir, pois fazia frio e a parte de cima do seu vestido foi completamente rasgada. As lágrimas aos poucos se cessaram, mas ainda era possível notar seus olhos vermelhos. Assim como também algumas marcas em seus braços.

A essa altura, Matthew já tinha quebrado o nariz apenas pelos inúmeros socos que o jogador deixava em seu rosto, e se demorasse, terminaria de quebrar até mesmo alguns de seus dentes, deixando a sua face completamente inchada. Poderia já ter feito isso, pois a força que deu no rosto dele fez sua mão doer rapidamente, mas não era motivo de parar. Só de pensar nisso, fazia a garota ficar desconfortável, e sabia que essa possibilidade era muito mais do que válida, estava bem próxima de acontecer realmente.

E se permitisse, talvez fosse além do limite.

E ela não queria isso.

Paulo... Tudo bem, ele já entendeu. — pediu, mas a voz dela estava tão distante aos ouvidos dele que não realizou o que falava. Muito pelo contrário, continuava acabando e definitivamente deformando seu rosto.

O fotógrafo não tinha vez se tratando do jogador. Talvez mais tarde poderiam o classificá-lo como um verdadeiro saco de pancadas.

Aos poucos e relutante por, ainda estar absorvendo o que aconteceu e o que poderia ter acontecido se ele não tivesse chegado, caminhou vagarosamente para próximo dele afim que pudesse escutá-la dessa vez.

Paulo, n-não precisa mais continuar... — Kyara dizia, mas mesmo assim não saiu como o esperado, obrigando-a em puxá-lo pelo braço e também obrigá-lo a encarar os olhos da garota. Talvez pudesse funcionar. — M-me escuta! Para com isso!

Dito e feito.

Dybala parou com o que fazia, jogando-o pelo colarinho ao chão. O outro tossia sangue, e a sua face não era diferente.

Se eu te ver mais uma vez, termino com o que estava fazendo. — disse, logo após envolvendo-a em seus braços e notando o estado de sua roupa, retirou sua camisa social, encaixando-a na garota para que ficasse coberta. Abriu a porta do carro, se certificando que a mesma estava no conforto e até mesmo em segurança, colocando também o seu cinto, só então podendo dar partida.

Você está bem? — questionou, calmamente. De vez em quando olhava para ela, mesmo que focasse na estrada, preocupado.

Kyara estava quieta demais. E não era para menos, tudo aquilo tinha sido um verdadeiro show de horrores e mesmo que não tenha acontecido nada com ela, para apagar aquelas imagens de sua cabeça requeria tempo.

Mas com muita dificuldade, o respondeu tão baixo que poderia classificar como um sussurro.

Eu vou ficar.




                                  ☪

O apartamento estava silencioso. Paulo se mantinha na sala de estar, fitando interminavelmente as luzes da cidade que poderia ver com a vista do local, enquanto ela se mantinha tentando apagar alguns vestígios daquela noite nem que fosse com um bom banho.

ClandestinoWhere stories live. Discover now